Amaury Silva: de liderança regional a ministro do Trabalho e Previdência Social Em 1964 ele teve os direitos políticos cassados e, durante oito anos de exílio, estabeleceu-se no Uruguai. Só voltou à vida pública nos anos 80.

17/09/2018 19h30 | por Sandra C. Pacheco
Amaury de Oliveira e Silva.

Amaury de Oliveira e Silva.Créditos: Autor desconhecido / Arquivo Nacional

Amaury de Oliveira e Silva.

Nascido em Rio Negro (PR), em 1924, filho de Elpídio Caetano da Silva e Juracy Maia de Oliveira e Silva, Amaury de Oliveira e Silva formou-se em Direito pela Faculdade de Direito do Paraná e iniciou sua vida política como vereador em Londrina, pelo Partido Republicano, a legenda que abrigava também o governador Bento Munhoz da Rocha Neto, liderança política paranaense com prestígio nacional.

Em outubro de 1954 transferiu-se para Curitiba e, novamente pelo PR, elegeu-se deputado estadual. Reelegeu-se em 1958, desta feita pelo PTB, legenda a qual se filiara atendendo convite de sua principal liderança na época, Abilon de Souza Naves. Com a morte de Souza Naves, em 1959, vítima de um infarto quando fazia campanha pelo Governo do Estado, Amaury despontou como uma das principais lideranças regionais do trabalhismo, ao lado de Nelson Maculam e Léo de Almeida Neves. Foi líder de sua bancada na Assembleia Legislativa antes de eleger-se senador em 1962, em disputa com Bento Munhoz da Rocha (PR), Moysés Lupion (PSD) e Vieira Lins.

No Senado – As eleições de 1962 – para a Assembleia Legislativa, a Câmara dos Deputados, duas vagas ao Senado e à Prefeitura de Curitiba – consolidaram o poder do então governador Ney Braga como principal liderança paranaense.

Ney Braga articulou uma ampla coligação aliando seu partido, o PDC, à UDN e ao PTB – estes dois últimos eram então adversários locais e nacionais. Pelo acordo alinhavado pelo governador, a UDN lançou um dos candidatos ao Senado, o empresário Adolpho de Oliveira Franco, o PTB definiu o outro nome, Amaury Silva, e o PDC entrou com o candidato à prefeitura de Curitiba, o engenheiro Ivo Arzua Pereira, que havia sido o coordenador da comissão de obras do Centro Cívico no governo de Bento Munhoz (1951-1954).

A coligação elegeu o prefeito de Curitiba e os dois novos senadores, além de garantir maioria na Assembleia Legislativa ao governo. Ney saiu da eleição bastante fortalecido, mas o acordo PTB-UDN que garantiu a eleição de Amaury Silva e Adolpho de Oliveira Franco teve vida curta – fosse pelas divergências locais quanto à participação das duas siglas no governo estadual ou pelo fosso político-ideológico que separava trabalhistas e udenistas.

Em junho de 1963 Amaury Silva foi convocado pelo então presidente da República João Goulart para o Ministério do Trabalho e Previdência Social, em meio a uma ampla reforma ministerial provocada pelo fracasso da política econômica e pelas divergências entre o titular anterior da pasta, Almino Afonso, e o próprio presidente. Jango, que era gaúcho, tinha forte ligação com o Paraná e levou para sua equipe, além de Amaury, Léo de Almeida Neves, para a poderosa Carteira Agrícola do Banco do Brasil, e Nelson Maculam, para o Instituto Brasileiro do Café (IBC), cargos com prestígio e status de primeiro escalão.

Político pouco conhecido nos meios sindicais, Amaury participou das negociações com os marinheiros e fuzileiros que, liderados pelo cabo José Anselmo dos Santos, se rebelaram em 26 de março de 1964 e se recolheram ao Sindicato dos Metalúrgicos do Rio de Janeiro, em protesto contra as restrições impostas à categoria. Os fatos acrescentavam mais tensão a um ambiente já bastante conturbado. Em 30 de março também esteve com o presidente Goulart numa homenagem prestada pela Associação de Sargentos e Suboficiais da Polícia Militar na sede do Automóvel Clube, na capital fluminense.

Exílio – Após o golpe militar que depôs João Goulart em 31 de março, Amaury acompanhou o presidente em sua viagem para o Uruguai, onde ambos solicitaram asilo político. Durante os dez meses em que esteve à frente da pasta do Trabalho, o número de sindicatos rurais passou de 150 para 1.150; nesse período foram organizadas federações de trabalhadores nos 21 estados que constituíam o país na época e a própria Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag).

Após a edição do Ato Institucional nº 1, Amaury foi incluído na primeira lista de cassações e teve os direitos políticos cassados por dez anos. Permaneceu no Uruguai por oito anos, chegando a montar uma churrascaria. Em 1972 retornou ao país, vindo a morar na casa da irmã Euci, seu braço direito para assuntos da área política. Em abril de 1979 ingressou no MDB e, posteriormente, em seu sucedâneo, o PMDB. Só voltou à vida pública no governo de José Richa, assumindo a função de procurador do Tribunal de Contas, cargo em que permaneceu até 1993, quando se aposentou.

 

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