Premiação "Orirerê - Cabeças Iluminadas" alerta para necessidade de combate ao racismo

18/11/2011 14h34 | por Nádia Fontana
Sessão solene de entrega da premiação “Orirerê – Cabeças Iluminadas”.

Sessão solene de entrega da premiação “Orirerê – Cabeças Iluminadas”.Créditos: Nani Gois/Alep

Sessão solene de entrega da premiação “Orirerê – Cabeças Iluminadas”.
“É importante desmistificar a percepção de que a miscigenação é harmônica”, declarou nesta sexta-feira (18) o professor Nilo Silva Pereira Netto, do Colégio Papa João Paulo I. O docente foi um dos homenageados durante a sessão solene de entrega da premiação “Orirerê – Cabeças Iluminadas”, no Plenário da Assembleia Legislativa.

A solenidade, que aconteceu por proposição do deputado Professor Lemos (PT), integra as atividades alusivas ao Ano Internacional da Afrodescendência. “Já obtivemos avanços importantes no Paraná, onde há um esforço grande para banir o preconceito e contar a história do nosso povo como deve ser contada”, declarou o parlamentar ao cumprimentar os educadores envolvidos com essa temática.

O Professor Lemos fez ainda um breve relato de projetos de lei que estão em discussão na Assembleia e convocou a sociedade para participar dos encaminhamentos. Entre eles, citou as propostas de instituição de feriado no dia 20 de novembro para homenagear Zumbi dos Palmares; a do Estatuto da Igualdade Étnico-Racial; a reserva de vagas para afrodescendentes em todas as etapas de concursos públicos; e a proposta de Emenda Constitucional (PEC) que busca inserir a juventude na Constituição estadual.

Capoeira – O professor Nilo Silva Pereira Netto foi premiado por seu projeto individual que incluiu nas aulas de educação física da escola a prática da capoeira e de jogos africanos. Essas atividades envolveram mais de 200 estudantes que frequentam as 6ª séries do ensino fundamental. Ele recebeu mais um prêmio, este em nome da equipe multidisciplinar que atua na instituição, e que desenvolveu ações buscando combater o racismo. O projeto mobilizou cerca de 1.300 estudantes do colégio através de várias atividades, passando pela formação dos professores e da estratégia de organização da própria equipe.

Pereira Netto conta que no início muitos consideraram desnecessárias essas iniciativas, por entenderem que numa escola localizada no bairro Boa Vista, em Curitiba, não existiria preconceito racial. “No entanto, essa é uma percepção equivocada de nossa sociedade. A realidade é outra e precisamos instrumentalizar o professor para identificá-la e promover mudanças”, alertou.

Ações – Segundo Adegmar José da Silva Candiero, presidente do Centro Cultural Humaitá, a homenagem realizada nesta sexta-feira é singela, porém, importante, a partir do momento que amplia a discussão sobre a afrodescendência. Ele disse sonhar em ver a Casa de Leis paranaense abarrotada de professores e professoras empenhados em desenvolver ações que contemplem o fim do preconceito racial. Segundo dados do IBGE, o Paraná é o estado mais negro do sul do país, com 28,5% de afrodescendentes.

“Ainda vemos diariamente situações tão desiguais em nosso estado, onde gestos que aparentemente podem ser considerados pequenos ganham dimensões enormes”, garantiu a professora Luciane Fagundes, da Secretaria de Estado da Educação (SEED). Nesta edição, o prêmio “Orirerê – Cabeças Iluminadas” foi entregue a professores, equipes multidisciplinares e comissões étnico-raciais que se destacaram com práticas de aplicação da lei federal 10.639/03. Ela determina a inclusão da arte e cultura indígena, africana e afrobrasileira nos currículos escolares. Durante a solenidade, alunos do Colégio Algacir Munhoz Maeder, que participam do projeto “Tambor erê” fizeram uma apresentação musical.

Comunidade – “Orirerê – Cabeças Iluminadas” é uma premiação realizada na Assembleia Legislativa desde 2009, que valoriza e dá visibilidade àqueles que fazem a história, a arte e a cultura afro florescerem no estado. A palavra “orirerê” é da língua iorubá: “ori” significa “cabeça”; “rerê” significa “boa”, “iluminada”. A primeira edição (em 2009) agraciou os mestres da cultura popular e gente de destaque junto à comunidade. A segunda edição, em 2010, premiou representantes das religiões de matriz africana. Além de valorizar profissionais e equipes que tiveram sucesso na aplicação das novas diretrizes, o objetivo também é compartilhar saberes, estratégias e reflexões que apóiem a progressiva inserção destes novos conteúdos.

O prêmio é promovido pelo Centro Cultural Humaitá – Centro de Estudo e Pesquisa da Arte e Cultura Afrobrasileira, em parceria com a Secretaria de Estado da Educação do Paraná (SEED), a Secretaria Municipal de Curitiba, a Rede Municipal de Educação de Curitiba e o Fórum Permanente de Educação e Diversidade Etnicorracial (FPEDER-PR).

Entre as autoridades que prestigiaram o evento estava o secretário estadual Wilson Quinteiro, de Relações com a Comunidade; Jaime Tadeu da Silva, presidente da Associação Cultural de Negritude e Ação Popular; Paulo Arruda Borges, do Fórum Permanente de Educação e Diversidade Étnica-Racial; Elizamara Goulart, da Secretária de Gênero e Igualdade Racial da APP-Sindicato; Lena Marcilene Garcia, do Instituto de Pesquisa Afrodescendência; e Rosangela Gasparin, da Secretaria Municipal da Educação.

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