Um político sério que gostava de pregar peças com muito bom humor Maurício Fruet, com sua personalidade inquieta e irreverente, foi vereador e prefeito de Curitiba, além de deputado estadual e federal.

05/11/2018 08h59 | por Sandra C. Pacheco
Reunião da CCJ do Parlamento Universitário.

Reunião da CCJ do Parlamento Universitário.Créditos: Pedro de Oliveira/Alep

Reunião da CCJ do Parlamento Universitário.

Presidente do Parlamento Universitário de 2017, Otávio Augusto Alves de Freitas.Créditos: Pedro de Oliveira/Alep

Presidente do Parlamento Universitário de 2017, Otávio Augusto Alves de Freitas.

Político original que tinha entre suas marcas a cordialidade e uma permanente disposição para pregar peças bem-humoradas nos colegas, Maurício Fruet nasceu em Curitiba, em 12 de agosto de 1938, filho de Constante Eugênio Fruet e Geni Roslindo Fruet. Cursou o tradicional Colégio Santa Maria e, ainda estudante secundarista, iniciou suas atividades como locutor na Rádio Marumbi. Mais tarde atuou na Rádio Curitibana e na TV Paranaense.

Formado em Direito pela Universidade Federal do Paraná, com cursos de extensão nas áreas de Direito Trabalhista, Civil e Penal, além de Comunicações, exerceu a advocacia simultaneamente com várias funções na imprensa paranaense: passou pelos jornais O Dia, Diário do Paraná e Gazeta do Povo. Foi diretor do Diário da Tarde e editor de Esportes da sucursal da Última Hora. Após o movimento de 31 de março de 1964, embora não tivesse atuação político-partidária, respondeu durante um ano a três inquéritos policiais-militares pelo fato de ter sido secretário-geral do Sindicato de Jornalistas do Paraná.

Filiado ao MDB, elegeu-se vereador em 1968, tornando-se líder do partido na Câmara Municipal no período 1969/1970. Elegeu-se deputado estadual por duas legislaturas, a de 1971/1975 e a de 1975/1979. Foi líder de seu partido na Assembleia Legislativa do Paraná em 1971 e 2º secretário da Mesa Executiva (1975/1977). Ao mesmo tempo, exerceu intensa atividade na organização do partido no estado, foi presidente do diretório municipal e do diretório regional, além de membro do diretório nacional.

Como deputado estadual realizou viagens aos Estados Unidos a convite do governo daquele país, à Itália e à França, todas em 1975. Em 1978 elegeu-se deputado federal com a maior votação do estado: foram 142.268 votos. Com a extinção do bipartidarismo, filiou-se ao PMDB e reelegeu-se deputado federal em 1982. Tomou posse para licenciar-se logo depois, para assumir a Prefeitura de Curitiba, indicado pelo governador José Richa. Como parlamentar em Brasília dedicou-se à defesa de variados temas, que iam da preservação ambiental a questões previdenciárias, passando por legislação eleitoral e partidária, transporte de cargas, radiodifusão, venda, fiscalização e controle sanitário do comércio de medicamentos, regulamentação profissional e outros.

Apresentou projeto instituindo penalidades para embarcações e terminais marítimos ou fluviais que lançassem detritos ou óleo em águas brasileiras; outro projeto que dispunha sobre a transformação de áreas em florestas homogêneas; e um terceiro sugerindo a criação de núcleos comunitários de preservação ecológica.

No início da década de 1980, quando municípios localizados em áreas de segurança nacional (zonas de fronteira) estavam impedidos de realizar eleições diretas, não só apresentou projetos para derrubar a restrição, como fundou o Conan – Comitê Nacional pela Autonomia dos Municípios – que se espalhou pelos estados brasileiros onde o problema se apresentava. Com essa bandeira, percorreu vários pontos do Paraná e do país realizando comícios, num movimento que pode ser considerado precursor das Diretas-Já.

Curitiba Participativa – Como prefeito de Curitiba, implementou medidas para aumentar a participação popular na administração do município, criou a figura do ombudsman (ouvidor-geral), que o projetou no cenário nacional. Organizou, ao lado de José Richa, o primeiro grande comício das Diretas- Já no país, ocorrido em Curitiba no dia12 de janeiro de 1984. Findo o mandato, em 1985, elegeu-se deputado federal constituinte em 1986, sendo novamente o mais votado do estado, com quase 100 mil votos.

Na Constituinte, foi membro titular da Subcomissão da União, Distrito Federal e Territórios; da Comissão de Organização do Estado, do Sistema Tributário, Orçamento e Finanças. Foi também um dos principais articuladores da convocação da convenção extraordinária do PMDB para decidir a posição da legenda em relação à duração do mandato do presidente José Sarney e de outros temas constitucionais. Defendeu o mandato de quatro anos, o rompimento de relações diplomáticas com países que desenvolviam políticas de discriminação racial, combateu a pena de morte, a limitação do direito de propriedade privada, a estatização do sistema financeiro e foi de sua autoria a emenda que criou dispositivo constitucional estipulando a obrigatoriedade de pagamento de indenizações aos municípios atingidos por inundações provocadas pela construção de usinas hidrelétricas.

Em 1988 disputou a Prefeitura de Curitiba, mas foi derrotado por Jaime Lerner (PDT), na famosa “Campanha dos 12 Dias”. Em outubro de 1990 concorreu a uma vaga no Senado pela coligação PMDB/PSDB, também sem sucesso. O eleito foi o banqueiro José Eduardo de Andrade Vieira, pelo PTB. Deixou a Câmara ao final do mandato. Foi ainda secretário de Estado da Ciência e da Tecnologia na primeira gestão de Roberto Requião, voltou a disputar a Prefeitura em 1992 e, em 1994, integrou a chapa encabeçada por Álvaro Dias ao Governo do Estado, que foi derrotada por Jaime Lerner. Presidiu a seção regional da Fundação Pedroso Horta.

Seu filho mais novo, Gustavo Fruet, elegeu-se vereador em 1996. Não chegou a concluir o mandato porque o pai, que disputava a reeleição para a Câmara Federal em 1998, morreu em consequência de um ataque cardíaco. Gustavo o substituiu na disputa, elegeu-se e reelegeu-se deputado federal. Elegeu-se prefeito de Curitiba em 2012, e este ano Gustavo está retornando à Câmara Federal, eleito no último dia 7 de outubro, pelo PDT.

Aparte curioso – Dentre os inúmeros episódios engraçados envolvendo Maurício Fruet, narrados no livro “Um brasileiro cordial”, está um ocorrido na Assembleia Legislativa, nos idos de 1970. Naquela época, era comum os assessores dos parlamentares distribuírem aos jornalistas lotados no Comitê de Imprensa da Casa cópias dos discursos que seus assessorados fariam na tribuna. Em certa ocasião, o jornalista e publicitário Rafael de Lala, que assessorava o deputado Alfredo Gulin, entregou cópia de um discurso no comitê. Discretamente, Fruet apoderou-se de uma delas.

Quando Gulin iniciou a leitura na tribuna, pediu um aparte para comentar que o assunto era da mais alta relevância e passou a ler os tópicos seguintes do discurso diante de um Gulin atônito e, literalmente, sem palavras para prosseguir com sua exposição.

 

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