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Relações governamentais éticas e transparentes podem resultar em melhores práticas políticas
05/07/2017 09:46 01/05/2025 18:53 Por Kharina GuimarãesAs ‘relações governamentais’ ganharam destaque nacional em sua forma deturpada, junto com os escândalos de corrupção que vieram à tona no país, nos últimos anos. No entanto, a atividade exercida de forma correta, técnica e ética nada tem a ver com a prática de ilícitos. A coordenadora pedagógica da Escola do Legislativo, Roberta Picussa, explica que o objetivo das palestras foi justamente esclarecer os agentes públicos e a população sobre o papel das relações governamentais no debate de propostas que beneficiem a sociedade. “Nós estamos vivendo um momento em que as denúncias de corrupção estão nos noticiários todos os dias e essa corrupção vem justamente de um mau relacionamento entre o setor público e o privado, um relacionamento equivocado entre os setores. As relações governamentais constituem uma atividade que procura trazer um novo perfil para esse relacionamento, que precisa existir de uma maneira ética, profissional e técnica”.
Segundo Juliano Griebeler, diretor de Relações Governamentais de uma empresa de consultoria, é preciso compreender que a “política pública não é exclusividade de ninguém” e que todos os agentes de uma sociedade precisam participar das discussões que resultam em medidas que impactam no dia a dia de todos. Ao definir um conceito para relações governamentais, o especialista afasta o senso comum de que o “lobby” estaria associado necessariamente à ilicitude, ao crime. “Relações governamentais não é corrupção, não é tráfico de influências. É uma forma legítima de defender os interesses. O que a gente tem visto na mídia é a forma desvirtuada dessa atividade. A relação governamental busca de uma forma ética e transparente defender interesses e contribuir para políticas públicas melhores que sejam mais eficientes e que tenham uma participação de fato na sua construção”.
Para Felipe Salomão, relações institucionais de uma grande empresa e aluno do MBA em Relações Governamentais, a interlocução com o poder público precisa prezar pela transparência. “As relações governamentais também são uma ferramenta de transparência, em que as empresas colocam na mesa os seus interesses e procuram estruturar com argumentos, estudos, gráficos e dados o porquê daquele posicionamento. Essa relação com o governo tem que ser direta, limpa e transparente. As pessoas não podem ter medo de fazer isso acontecer, porque, muitas vezes, os dois – tanto empresa, quanto governo – estão buscando o bem comum, e no fundo uma parceria entre as duas áreas gera o bem comum”.
Já a coordenadora do Núcleo de Assuntos Legislativos da Federação das Indústrias do Estado do Paraná (Fiep), Letícia Rezende, defendeu a regulamentação da atividade, mas fez restrições a alguns trechos do projeto de lei nº 120/2007, que tramita na Câmara dos Deputados, em Brasília, para disciplinar a atividade de “lobby”. “A regulamentação é importante para a nossa profissão, mas que tipo de burocracia estaremos criando, dentro da nossa profissão, para exercer e fazer o que a gente já faz, com liberdade? ”, questionou.