A deputada estadual Beti Pavin, que tem sua base aliada na região metropolitana de Curitiba requereu audiência pública junto a Assembléia Legislativa do Estado do Paraná, sobre o processo de licenciamento para regulamentação do uso da água subterrânea do Aquífero Karst, que abastece as cidades de Almirante Tamandaré, Bocaiúva do Sul, Campo Magro, Itaperuçu, Campo Largo e Colombo. A audiência acontecerá no dia 25 desse mês no plenário da casa de leis.ResumoEsta audiência pública proposta pela deputada Beti, que já foi prefeita por duas vezes do município de Colombo, apresenta uma avaliação da necessidade e da possibilidade de reúso das águas residuárias geradas nas bacias do Alto Iguaçu e Alto Ribeira. Para avaliar a necessidade dessa reutilização nesta região é realizada uma análise que avalia a disponibilidade e a qualidade hídrica regional, apontando os principais usos da água nestas bacias, com vistas à avaliação das possibilidades do novo aproveitamento, é apresentado um levantamento da oferta de efluentes tratados, investigando o sistema de esgotamento sanitário e identificando todas as estações de tratamento existentes e determinando as que tem maior potencial de realizar esse trabalho de seus efluentes. Em seguidaPosteriormente, é realizado o levantamento de demandas passíveis de utilização da água de reúso e a locação espacial dos possíveis usuários do efluente tratado. Na seqüência são realizadas duas análises: A primeira trata da avaliação espacial da distribuição dos pontos de oferta em relação às demandas. A segunda realiza a comparação entre as vazões de efluentes gerados e as demandas por águas nos locais com potencial de realizar o novo uso de efluentes. Desta forma chega-se à indicação das melhores possibilidades dos efluentes gerados na região das bacias do Alto Iguaçu e Alto Ribeira.Entenda a situaçãoO acelerado crescimento demográfico da Região Metropolitana de Curitiba (RMC) fez com que ocorresse simultaneamente aumento da demanda e da poluição dos recursos hídricos disponíveis. Neste cenário a reutilização de águas servidas gera a possibilidade de reduzir a pressão sobre os recursos hídricos abrangendo concomitantemente o problema do aumento da captação e da poluição. Esta assertiva fundamenta-se no fato de que o reúso de efluentes insere-se no contexto de gerenciamento de recursos hídricos como uma alternativa de suprimento de demandas menos restritivas (auxiliando no combate à problemática da escassez hídrica). Aliado a este fato, ao reutilizar efluentes domésticos evita-se sua disposição no meio ambiente deixando de contaminar rios e córregos, mitigando de sobremaneira a poluição hídrica.Técnicos da Sanepar ao realizar um estudo sobre os limites ao desenvolvimento da região metropolitana de Curitiba impostos pela escassez de água, conclui que a disponibilidade hídrica desta região é restrita. Este estudo realizou a projeção da população e da degradação ambiental para vários cenários e concluiu que, na hipótese de manutenção da disponibilidade hídrica atual, os mananciais disponíveis serão suficientes até 2040 para o crescimento máximo e até 2050 para o crescimento mínimo. Considerando-se a inexistência de programas de conservação dos mananciais, toda a potencialidade de uso das bacias disponíveis na região seria esgotada entre os anos 2030 e 2035 considerando o crescimento máximo, ou entre os anos 2035 e 2040 considerando o crescimento mínimo.Preocupação de BetiEsse é o principal motivo que leva a Deputada Beti Pavin a solicitar a audiência pública: sua preocupação real com a falta da água na região metropolitana em bem pouco tempo. A Sanepar considera também que a degradação dos mananciais, além de representar um importante fator limitante do desenvolvimento de Curitiba e região metropolitana, antecipa obras de captação cada vez mais distantes, incorrendo em maiores custos na implantação e manutenção dos sistemas produtores.Desta forma o reúso de um volume de efluentes de ETE’s( estação de Tratamento de Esgotos) em locais onde sejam admitidas águas de qualidade inferior, além de mitigar a poluição hídrica, disponibiliza volume igual de água potável, no sistema produtor, proporcionando aumento da oferta e otimizando o uso dos recursos hídricos.Para contribuir com esta otimização, este trabalho busca propor diretrizes e promover maior conhecimento a respeito das possibilidades de reutilização dos efluentes domésticos tratados pelo sistema público de esgotamento sanitário existente na região das bacias do Alto Iguaçu e Alto Ribeira, a fim de incentivar o reúso planejado.Materiais e métodosPara realização destas averiguações procedeu-se primeiramente uma análise que levantou a disponibilidade hídrica regional, apontando os principais usos da água nestas bacias. A seguir, o estudo foi dividido em duas vertentes, uma que avaliou a oferta de efluentes, outra que levantou as demandas passíveis de reutilização destes. Neste sentido, procedeu-se a identificação e locação do universo de Estações de Tratamento de Esgoto (ETEs), bem como as formas de tratamento realizadas nestas, a origem, a quantidade e a qualidade dos efluentes gerados. No levantamento dos possíveis usuários agrícolas, industriais, paisagísticos, recreacionais e etc., foram realizados levantamentos junto a entidades e ou pessoas que pudessem fornecer informações a respeito das principais características das atividades demandas em questão, como identificação e localização de usuários, bem como estimativa dos respectivos volumes demandados. Após a compilação destes dados, realizou-se uma compatibilização ou cruzamento dos dados de oferta em relação à demanda, arbitrando, ao redor de cada ETE, um raio de observação inicial de 5 km, ampliando para 10 km e posteriormente para 15 km, caso as possibilidades fossem pequenas nas regiões mais próximas as Estações de Tratamento de Esgotos.Soraia Giordani (1)Engenheira Civil pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Mestre em EngenhariaHidráulica pela Universidade Federal do Paraná (UFPR). Engenheira Civil da Companhia de Saneamento do Paraná (Sanepar).Daniel Costa dos Santos( 2)Engenheiro Civil pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Mestre emEngenharia Civil pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFGRS). Doutor em Engenharia Civil pela USP. Professor do Departamento de Hidráulica e Saneamento da UFPR.