O líder do Governo na Assembléia Legislativa, deputado Luiz Claudio Romanelli (PMDB), chamou a atenção da opinião pública paranaense para as denúncias contra o senador paraguaio Juan Carlos Galaverna, do Partido do Colorado, que ganharam manchetes nos últimos dias na imprensa paraguaia. “Este é o senador que atacou o governador Roberto Requião com um monte de mentiras. Os ataques tiveram repercussão na imprensa paranaense. Agora, a imprensa paraguaia revela quem é, na verdade, o senador”, disse Romanelli nesta segunda-feira (9). “Todos os dias, a imprensa paraguaia traz uma denúncia contra o senador Galaverna, parente ou pessoa próxima ele. É uma enxurrada de irregularidades que comprava que os ataques ao governador eram infundados e tinham como objetivo macular a reputação de Requião como homem público”, completou. Galaverna se tornou conhecido dos paranaenses pelos ataques que fez ao governador Requião e ao Governo do Paraná em entrevista aos jornalistas Fábio Campanha e Gladimir Nascimento na rádio Band News, do empresário Joel Malucelli, durante a campanha presidencial em que foi eleito o ex-bispo Fernando Lugo. Romanelli disse que fez questão de registrar as denúncias contra o senador paraguaio para mostrar que, cedo ou tarde, a verdade se revela. “Infelizmente, as denúncias contra o senador não estão tendo tanto destaque na imprensa do Paraná quanto aos ataques que ele fez a Requião em fevereiro deste ano”, disse SUSPENSÃO - O senador é acusado de envolvimento em fraude eleitoral, em participar de licitação ilícita e em fazer pressões à justiça eleitoral para favorecer seu filho em eleições distritais, segundo denúncias do jornal ABC Color. O senador e membros do seu partido estão sendo investigados pela justiça do país vizinho por desvio de dinheiro na administração paraguaia da Itaipu Binacional. Segundo o jornal de Assunção, “o influente e criticado senador Juan Carlos Galaverna deve explicar à cidadania e, sobretudo, à justiça a origem da fortuna que juntou durante o governo de Juan Carlos Wasmosy, do qual se considera amigo pessoal, e que aumentou quando se tornou o principal mandatário do Congresso durante o governo de Luis González Macchi”. A Câmara de Senadores do Paraguai suspendeu, em 22 de maio, o senador Galaverna por 60 dias, sem receber remuneração neste período. O político paraguaio foi punido por reconhecer publicamente que participou de uma fraude nas eleições internas do Partido Colorado em 1992, em benefício do candidato Juan Carlos Wasmosy. Galaverna também é acusado pelo Partido Liberal de pressionar os membros da Suprema Corte de Justiça do Paraguai para favorecer seu filho Nano no julgamento das eleições municipais na cidade de Ypacaraí, terra natal do senador. A Suprema Corte de Justiça votou a favor da inconstitucionalidade apresentada pelo Partido Colorado para impugnar duas mesas eleitorais das eleições municipais de Ypacaray. Com essa medida, a lista colorada terá maioria na Junta Municipal e o filho de Juan Carlos Galaverna, Nano, poderá presidir o legislativo distrital. Após o julgamento, segundo o jornal paraguaio ABC Color, os simpatizantes do Partido Liberal invadiram a sede da municipalidade e permaneceram em vigília permanente até que o seu candidato, Adalberto Morínigo, prestasse juramento diante do ministro do Superior Tribunal Eleitoral. O governador do departamento Central, Federico Franco, responsabilizou o senador Galaverna pelo caos jurídico. “De ladrão de galletas (biscoitos paraguaios) Galaverna se transformou em ladrão de votos. Não vamos permitir esse desmando”, assegurou Franco. O candidato vitorioso, Morínigo, denunciou que o filho de Galaverna, Nano, seqüestrou todos os documentos administrativos do município. CORRUPÇÃO - Outra acusação contra Galaverna é de corrupção em licitação promovida pelo Ministério de Defesa paraguaio para a compra de materiais para a construção de um cemitério exclusivo do exército paraguaio. A licitação exigia que as empresas candidatas oferecessem materiais de primeira qualidade, e deveriam ser da marca da Cerâmica Yoayú. Segundo o edital de licitação, não seriam aceitos materiais de outras cerâmicas, a não ser que os materiais fossem fabricados pela Cerâmica Yoayú. Segundo o jornal ABC Color, a cerâmica pertence ao senador Galaverna e ao seu sócio comercial Júlio Ayala. Segundo denúncia recebida pelo jornal, a referida cerâmica “não é a única que fabrica esse tipo de materiais e muito menos são os de melhor qualidade nem os de menor preço”. O Ministério da Defesa paraguaio anulou a licitação. DESVIO - Membros do Partido Colorado, ligados a Galaverna, também estão envolvidos em denúncias de corrupção relacionadas à administração paraguaia da usina hidrelétrica de Itaipu. Segundo o procurador geral do Paraguai, Carlos Arregui, o desvio pode chegar a US$ 10 milhões. De acordo com as denúncias, haveria um esquema de superfaturamento de projetos promovidos pela empresa. A Procuradoria também está investigando compras de semáforos que foram instalados em uma cidade do interior custando oito vezes mais que o preço de tabela. O jornal ABC Color denunciou diretores paraguaios da Itaipu Binacional em desvios que somam US$ 5 milhões. O dinheiro seria retirado através da Fundação Tesãi, que tem um programa de ação social de doação de medicamentos. De acordo com a matéria, planilhas de julho de 2006 registram retiradas quase diárias da contabilidade da usina. A matéria faz acusação contra os deputados Aristides da Rosa e Carlos Maggi Rolón, e a irmã do ex-diretor paraguaio da empresa, Victor Bernal, Graciela Bernal. As retiradas eram sempre destinadas a postos de saúde e atendimentos a indígenas.