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Desafios para enfrentar baixas taxas de imunização no Paraná são debatidos em prestação de contas da Sesa na Assembleia

Pasta detalhou investimentos e cumprimento de metas do 1º quadrimestre deste ano aos deputados estaduais.

Audiência ocorreu no Auditório Legislativo, na manhã desta terça-feira (24).
Audiência ocorreu no Auditório Legislativo, na manhã desta terça-feira (24). Créditos: Orlando Kissner/Alep

O desafio de ampliar as taxas de imunização no Paraná, principalmente contra a gripe e a Covid-19, foi um dos principais temas discutidos na manhã desta terça-feira (24) durante a apresentação do relatório de atividades da Secretaria de Saúde do Paraná (Sesa). Representantes da pasta detalharam os investimentos em saúde e o andamento no cumprimento de diferentes metas previstas no Plano Estadual de Saúde (PES) 2024/2027 e na Programação Anual de Saúde (PAS) 2025. Os dados e a análise compreendem o primeiro quadrimestre do ano, de janeiro a abril de 2025.

“A saúde tem metas a serem cumpridas e programas a serem estabelecidos. A prestação de contas mostra se realmente os recursos estão sendo bem aplicados e como está avançando as diferentes áreas da saúde”, reforçou o deputado Tercilio Turini (MDB).

Um dos objetivos estabelecidos pelos documentos de metas propõe que a Sesa complete a cobertura vacinal de oito imunizantes em crianças de até 12 meses em pelo menos 55% dos municípios do Paraná até o fim do ano. Até então, apenas 13,78% das cidades paranaenses cumpriram a meta. Ian Lucena Sonda, diretor-geral da Sesa, ponderou que os dados estão aquém da realidade pois há registros que ainda não foram computados no sistema do Ministério da Saúde. A base de dados está alimentada principalmente com dados de janeiro e fevereiro.

Ao ser questionado sobre o tema, Beto Preto, secretário de Estado da Saúde, apontou o impacto do negacionismo em torno da vacina. “Talvez este seja o ano em que mais estamos sofrendo com isso. É difícil de mensurar, vemos esse fenômeno há 12 anos”, lamentou. "Quando você combate uma vacina, como é o caso do [imunizante da] Covid, você combate todas as outras. Isso causa uma falsa sensação de segurança. Depois, os vírus circulantes cobram um preço". Ele ilustrou o cenário com o caso de infecção de sarampo – doença erradicada até anos atrás - entre jovens universitários, registrada no último mês de março, em Curitiba.

Dentre as estratégias adotadas pela pasta para reverter o problema está a adoção de protocolos que dão maior agilidade na aplicação de vacinas. É o caso da BCG, que previne a tuberculose e é aplicada em bebês. Em algumas maternidades do Paraná, equipes médicas estão priorizando aplicar o imunizante antes que as mães deixem as maternidades, garantindo a imunização do recém-nascido e evitando futuros “furos”, destacou Preto.

Há outros fatores que desafiam o cumprimento da meta. Dentre eles, a diminuição de alguns imunizantes distribuídos pelo Plano Nacional de Imunização (PNI), como visto nas vacinas pentavalente e tetravalente nos últimos anos, pontuou o titular da Sesa.

O cenário de internações por Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG), provocadas principalmente pela Influenza, Covid-19 e outros vírus respiratórios, também foi debatido. A deputada Marcia Huçulak (PSD) ressaltou que 92% das internações Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) registrados no Estado se dão por ausência de vacinas, segundo informações colhidas pela parlamentar junto ao governo do Estado. Dados do último dia 16 revelam que a vacinação foi realizada por 48% da população paranaense – bem abaixo da meta de 90%.

Questionamentos

A audiência pública foi uma oportunidade para os deputados estaduais questionaram a Sesa sobre os gastos empenhados e as atividades realizadas pela pasta, cumprindo o papel de fiscalização realizado pelo Legislativo. Luis Corti (PSB) pontuou discrepâncias nas taxas de imunização entre municípios paranaenses – a cobertura vacinal em Anahy, no Oeste, alcança 87%; enquanto Pérola, no noroeste, registra 3,43%, ilustrou Corti. O parlamentar destacou que o Estado soma 82 vítimas de Covid-19 e 165 de gripe no período analisado.

Também tratando da imunização no Estado, Arilson Chiorato (PT) questionou a pasta sobre a influência do negacionismo na hesitação vacinal manifestada pela população do Paraná. Para Márcio Pacheco (PP), uma das possíveis causas das baixas taxas ocorre por conta da exigência da vacina da Covid-19 para crianças, uma vez que “por conta de saberem a obrigatoriedade, [os pais] têm medo de levar seus filhos para tomar vacinas” – o que poderia resultar no temor de imunização contra a vontade dos responsáveis, na perspectiva do parlamentar.

Luciana Rafagnin (PT) aproveitou a oportunidade para questionar a Sesa sobre repasses do Estado para a saúde do trabalhador, temas debatidos em audiência pública realizada no dia anterior. Ela pediu detalhamento do orçamento dedicado às unidades do Centro de Referência em Saúde do Trabalhador (Cerest) e da aplicação de recursos advindos da Rede Nacional de Atenção Integral à Saúde do Trabalhador (Renast).

Dr. Leônidas (CDN) apontou dificuldades no programa Opera Paraná, iniciativa do Governo do Estado dedicada a realização de cirurgias eletivas, em alcançar casos que exigem ortopedia. Ele pediu detalhamento das operações realizadas por especialidade.

Reichembach (PSD) citou a necessidade de enfrentar o problema da queda entre idosos, e o desafio do grupo em encontrar atendimento em um cenário de hospitais lotados.

Dados

A Sesa realizou 37 auditorias no período – 26 em unidades regionais e 11 na sede. Ao todo, 69.175 procedimentos ambulatoriais de média e alta complexidade de urgência foram realizados neste primeiro quadrimestre, dentre diagnósticos, procedimentos clínicos, cirúrgicos e transplantes. O custo foi de R$ 2,9 milhões

A produção hospitalar no período soma 100.181, dentre procedimentos clínicos, cirúrgicos e transplantes. O que representa um investimento de mais de R$ 178 milhões. Lucena destacou a realização de procedimentos eletivos pelo Estado, por meio do Opera Paraná, iniciativa que visa agilizar as longas filas geradas em função da pandemia de Covid-19. Foram mais de 30 mil, num custo de R$ 113,4 milhões. "É o maior volume de procedimentos eletivos de alta e média complexidade no Paraná", frisou o gestor.

Dentre as metas, o Paraná atingiu nestes quatro meses 13,12% de cobertura populacional de avaliação do estado nutricional – o objetivo é de 29,7% para o ano. O Estado atinge 92,5% de cobertura de atenção primário, próximo da meta de 93,91%.

No âmbito da gestação de adolescentes, mulheres com menos de 20 anos correspondem a 8,9% das gestações – abaixo do limite de 9% proposto. O Estado atingiu a meta de realizar sete ou mais consultas no pré-natal, alcançando 88,5% das gestantes. A redução da Razão de Mortalidade Materna (RMM), hoje de 48,6 e cujo ideal é 38, e da taxa de mortalidade infantil – de 11,3, frente ao ideal de 9,2 – ainda são desafios ao Paraná.

O relatório completo pode ser conferido neste link.

 

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