Ouvir a população, gestores, profissionais da área e representantes dos municípios paranaenses sobre as demandas da saúde no Paraná. Esse foi o objetivo da primeira audiência pública geral promovida pela Frente Parlamentar da Medicina da Assembleia, coordenada pelo deputado Ney Leprevost (União). “Queremos conhecer as demandas que as pessoas têm na área de saúde nos bairros daqui de Curitiba, nos municípios do Paraná, na região metropolitana e no litoral”, explicou o deputado, ao informar que estas demandas serão transformadas em ofícios e expedientes aos órgãos competentes.
Acesso a medicamentos, consultas com especialistas, ampliação de leitos, atenção à questão da saúde mental e da gestante, atenção às necessidades das pessoas com deficiência e de serviços em hospitais foram algumas das solicitações apresentadas pelos participantes. O presidente do Conselho Regional de Secretarias Municipais de Saúde (Cresems) da 22ª Região de Saúde de Ivaiporã, Claudinei Batista de Jesus, falou das necessidades da região e solicitou implantação e ampliação de serviços essenciais como consultas e cirurgias com especialistas no Hospital Regional de Ivaiporã.
A presidente da Associação Mãos de Mães das Pessoas com Esquizofrenia (AMME), Sarah Nicolleli, apresentou dados e números sobre a doença e falou sobre a insuficiência de centros e unidades de saúde que atendam estes pacientes e de profissionais capacitados em saúde mental para atender este público. A advogada da Sociedade Paranaense de Pediatria, Renata Farah, trouxe como pleito a solicitação de incorporação do protocolo estadual para crianças com alergia a proteína do leite de vaca. A fisioterapeuta e mãe atípica, Letícia Fanini, pediu uma atenção especial para quem cuida de crianças atípicas ou com deficiência.
Demandas
Cláudio da Silva Júnior, gestor em Saúde Pública da Secretaria Municipal de Saúde de Doutor Camargo, pediu apoio às Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICS) que são abordagens terapêuticas que complementam o tratamento médico convencional, com foco na prevenção, promoção e recuperação da saúde, utilizando recursos terapêuticos e abordagens diversas, como a medicina tradicional chinesa, a homeopatia e a meditação. O presidente da Associação Amigos do HC, Domingos Murta, anunciou que em breve o Hospital de Clínicas do Paraná (HC) terá um hospital voltado exclusivamente ao atendimento de crianças.
Para a presidente e fundadora da Associação das Mulheres Vendedoras Autônomas do Paraná, Silvia Calixto, a questão da dengue merece uma atenção maior do poder público e uma conscientização maior por parte dos municípios. Ela também chamou atenção à questão da incidência do câncer de mama em pacientes jovens. “Muito jovens estão tendo câncer de mama e hoje o nosso SUS não cobre exames para essa faixa etária. Só a partir dos 50 a 60 anos e para quem tem algum histórico na família. Isso deve ser revisto”, alertou.
Prioridade no atendimento de pessoas com deficiência, cumprimento das leis vigentes, falta de terapias pelos SUS, ampliação no atendimento de consultas com especialistas, combate ao assédio e agressões contra os profissionais da saúde, atenção à saúde bucal e infraestrutura hospitalar também foram demandas relatadas e solicitadas durante o encontro. Estratégias para ampliar a qualidade e a eficiência dos serviços prestados à população paranaense, além da inserção dos profissionais da saúde no mercado de trabalho também não ficaram de fora do debate.
Também participaram do encontro o procurador de justiça e coordenador da Caop – Saúde Pública do Ministério Público do Paraná (MP/PR), Marco Antônio Teixeira; da Academia Paranaense de Medicina, Avelino Ricardo Hass; o vice-presidente da Academia Paranaense de Odontologia, André Moreira Rodriguez; representando a Defensoria Pública do Paraná, Paulo Cinquetti; do Tribunal Regional Eleitoral do Paraná (TRE/PR), Guilherme Felipe Miller; do Conselho Estadual de Saúde, Cristine Pereira Pinto; a presidente do Conselho Regional de Nutrição, Deise Batista; representando a Associação Obstetrícia e Ginecologia do Paraná (Sogipa), a médica Lenira Gaede; o vice-prefeito de Mandirituba, Guilherme Gelatti; gestores, lideranças comunitárias, representantes de entidades civis organizadas e cidadãos em geral.
Sugestões
As demandas apresentadas serão encaminhadas aos órgãos competentes para que sejam tomadas as devidas providências e também servirão de base para a elaboração de projetos de lei pela Frente Parlamentar da Medicina. “As melhores leis que eu fiz aqui na Assembleia vieram de ideias de cidadãos comuns que nos trouxeram problemas, nós encontramos outras soluções e isso se transformou em lei”, comentou o deputado Ney Leprevost (União), ao dar como exemplo a lei do teste do coraçãozinho (lei nº 17.231/2012) para identificar a cardiopatia congênita em recém-nascidos e a lei da mamografia (lei nº 16.600/201) que garante a todas as mulheres do Paraná o direito de fazer anualmente pelo SUS o exame que visa diagnosticar precocemente o câncer de mama.
O deputado também apresentou uma carta com 15 medidas estratégicas para saúde que serão enviadas as autoridades competentes. São elas: Reajuste da Tabela SUS e Valorização dos Serviços de Saúde; Fortalecimento da Atenção Primária e Expansão da Saúde da Família; Expansão dos Serviços de Saúde Mental e Atendimento Especializado para Pessoas com TEA e Doenças Raras; Inovação e Tecnologia na Saúde; Melhoria da Infraestrutura Hospitalar; Garantia de Insumos e Acesso a Medicamentos; Valorização da Enfermagem e todos os Profissionais da Saúde; Ampliação da Saúde Preventiva; Atenção Integral à Saúde da Mulher e da Criança; Criação de Políticas Públicas para a Saúde do Idoso; Gestão Eficiente de Emergências e Desastres; Saúde e Meio Ambiente; Ampliação da Saúde no Interior e Zonas Rurais; Fortalecimento da Saúde Bucal e a Criação da Carreira Pública para Médicos. O objetivo é fortalecer a estrutura de saúde, melhorar a qualidade dos serviços e garantir a valorização dos profissionais da área, assegurando acesso universal e equitativo à saúde para toda a população.
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