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Tribuna da Assembleia Legislativa é ocupada por deficiente auditivo pela primeira vez na história

Celma Gomes fez pronunciamento aos deputados na Língua Brasileira de Sinais (Libras) em alusão ao Dia Nacional dos Surdos, celebrado em 26 de setembro.

A luta pela inclusão dos surdos na sociedade e no mercado de trabalho foi destacada durante a sessão plenária da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep), na tarde desta quarta-feira (25). Celma Gomes, que faz parte da equipe de tradutores nas transmissões das sessões do parlamento pela TV Assembleia, externou com a Língua Brasileira de Sinais (Libras) os anseios da comunidade e as dificuldades que ela enfrenta cotidianamente, às vésperas do Dia Nacional dos Surdos, celebrado anualmente em 26 de setembro.

“Nós surdos não somos doentes, não temos uma patologia. Somos normais e precisamos que nosso direito linguístico e nossa comunicação sejam mais bem compreendidos”, afirmou Celma, que teve sua apresentação verbalizada pela intérprete de Libras, Lígia Klein. A ida das duas ao plenário foi proposta pelo presidente da Alep, deputado Ademar Traiano (PSDB). Ele relatou que as transmissões das sessões plenárias em Libras são um passo importante que o Poder Legislativo dá pela inclusão.

“A tradução em Libras, implantada pela Mesa Executiva, oportuniza a participação de surdos e mudos nas discussões e ações do poder público. Demonstra também o respeito do Legislativo”, afirmou Traiano. “Esta é a primeira vez da história do Poder Legislativo que uma pessoa surda se manifesta da tribuna da Casa. Este é um gesto, é um reconhecimento aos surdos paranaenses, que merecem seu espaço. São inúmeras as dificuldades para estarem inseridos, apesar de nossa Constituição afirmar que todos são iguais perante a lei”, completou.

“Nada melhor do que este parlamento para reconhecer as igualdades e dar a todos a chance de manifestação, inclusive com políticas públicas que os promovam. A Assembleia passou a ter transmissão de nossas sessões com intérpretes de Libras, um pleito muito antigo, firmado em um convênio, o que é um sucesso”, explicou Traiano, referindo-se à parceria da Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos (Feneis) com a Mesa Executiva, que tem o deputado Luiz Claudio Romanelli (PSB) como primeiro-secretário e Gilson de Souza (PSC), como segundo-secretário.

Dia Nacional - O dia 26 de setembro foi escolhido como Dia Nacional dos Surdos por coincidir com a instituição da Escola de Surdos do Brasil (INES), em 1857, por Dom Pedro II. O dia 30 de setembro é o dia mundial dos tradutores e intérpretes de línguas e no dia 24 de setembro se celebra o Dia Nacional de Libras.

Em sua exposição na tribuna do Plenário, Celma Gomes explicou que a cor azul, usada no mês dos surdos, faz alusão à segregação dos deficientes físicos na Alemanha nazista durante a Segunda Guerra Mundial. “Hitler fazia a opressão de todos os deficientes e os obrigava a usar uma fita azul no braço o que os estigmatizava como inferiores. Houve grande sofrimento para a comunidade surda”.

Hoje, a fita azul, usada no peito, significa a luta pela inclusão, pelo respeito e o direito à comunicação pela língua de sinais. Ela cobrou políticas públicas para escolas e hospitais. “Falta acessibilidade aos alunos para o acompanhamento dos conteúdos. Os pacientes surdos correm sérios riscos por conta da medicação errada por falta de comunicação. Este é um direito de cidadania”, afirmou. “Ainda temos muito que lutar, muito para conquistar, muito a fazer e não desistiremos”, frisou.

Representante da Feneis, Celma Juliane Siqueira Gomes é graduada em psicologia pela Universidade Positivo (UP); tem experiência na área clínica e de psicanálise com crianças, jovens e adultos surdos; educação com ênfase em Libras e educação para surdos, atuando nos principais temas de dificuldade de comunicação entre Português e Libras. Atualmente ela presta consultoria para a equipe de intérpretes de Libras da Assembleia Legislativa.

Inovação – As transmissões das sessões plenárias na linguagem dos sinais fazem parte do processo de modernização da TV Assembleia, que já transmite toda sua grade de programação e a geração de conteúdo em alta definição (HD) desde o mês de junho. Além da mudança na qualidade da geração da imagem, a emissora institucional da Alep também renovou todo o seu parque tecnológico com objetivo de dar mais qualidade e visibilidade à atividade parlamentar.

Ao vivo – As sessões são transmitidas pela TV Assembleia nas segundas, terças e quartas-feiras a partir das 14h30. Também são reproduzidas, ao vivo, pelas redes sociais do Legislativo e no site da instituição. Na transmissão da TV Assembleia em canal aberto, através da Rede Mundial, já é possível acompanhar as sessões com legendas, pelo sistema closed caption.

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