
Ao longo de mais de um século, a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) fortalece a saúde pública brasileira com inovações científicas, novos remédios e vacinas. Reconhecer a importância dessa instituição e de quem a constrói foi objetivo de uma sessão solene realizada na noite desta sexta-feira (15), no Plenário da Assembleia Legislativa do Paraná.
“Homenagear a Fiocruz é celebrar a própria História da Saúde no Brasil, uma trajetória que conseguiu a proeza, apesar de todas as dificuldades, de tornar nosso país referência em atendimento universal, vacinação e controle de doenças”, ressaltou a deputada Secretária Márcia Huçulak (PSD), proponente da condecoração.
A parlamentar frisou o impacto, nas suas palavras, da “mais destacada instituição de ciência e tecnologia de saúde de toda a América Latina”. Ela ilustrou a importância citando o papel da entidade fundada em 1900 na erradicação da febre amarela e da varíola no país. “Foi em seus laboratórios que se produziram as primeiras vacinas que protegeram gerações de brasileiros contra a poliomielite, o sarampo e a febre amarela. E foram em seus debates que o Sistema Único de Saúde (SUS) foi desenhado”, complementou a parlamentar.
A solenidade também celebrou a trajetória de duas instituições vinculadas à Fundação: a Fiocruz Paraná - Instituto Carlos Chagas e o Instituto de Biologia Molecular do Paraná (IBMP), que completam 26 e 16 anos, respectivamente. Huçulak rememorou o contexto de instalação da Fiocruz Paraná, em 1999, época em que a parlamentar atuava como diretora de Serviços de Saúde da Secretaria Municipal de Saúde; e o da criação do IBMP, em 2009, quando o Brasil enfrentava a epidemia da gripe Influenza (H1N1). A sua fundação é fruto de uma parceria entre a Fiocruz e o governo do Paraná.
A criação das duas instituições também foi destacada pelo presidente da Fiocruz nacional, Mario Moreira. "O Estado do Paraná e a cidade de Curitiba receberam muito bem a Fiocruz. [O IBMP] foi a semente que plantamos aqui com apenas quatro pesquisadores, e que floresceu porque o terreno é muito fértil. Sempre tivemos o apoio da Assembleia Legislativa, do governo estadual, da Secretaria de Saúde e do Ministério Público”, frisou. “Hoje é uma das unidades mais produtivas do processo científico e tecnológico. É essa homenagem hoje muito nos emociona, mas também muito nos honra e nos traz uma responsabilidade muito grande”.
Ocupante do cargo máximo da Fiocruz durante os anos da pandemia da covid-19, e ministra da Saúde entre 2023 e 2025, Nísia Trindade encaminhou um vídeo para ser transmitido durante a cerimônia. "O futuro da saúde passa necessariamente por uma articulação entre ciência, tecnologia e política do SUS garantidoras de acesso. É o que nós construímos em conjunto com o trabalho da Fiocruz no Paraná". Ela agradeceu ao deputado Alexandre Curi (PSD), e aos demais parlamentares, pela honraria.
Fabiano Borges Figueiredo, diretor da Fiocruz Paraná, sentiu-se lisonjeado com a homenagem entregue pela Alep. A orientação regional das pesquisas realizadas pela entidade foi frisada por ele. "É uma grande honra representar o Paraná. Temos aqui abordagem mais voltada para a região Sul e para as enfermidades daqui”, explicou.
Cidadania Honorária
A Assembleia Legislativa do Paraná também realizou a entrega da Cidadania Honorária do Estado do Paraná ao médico sanitarista Pedro Ribeiro Barbosa, presidente do IBMP. A honraria foi concedida pela Lei 21.331/2022, de autoria do ex-deputado Michele Caputo e dos parlamentares Goura (PDT) e Arilson Chiorato (PT).
Carioca, Pedro Ribeiro Barbosa se radicou no Paraná em 2017 com a missão de dirigir o IBMP, conduzindo o instituto nos difíceis anos do coronavírus. "É uma satisfação receber essa homenagem. Fiquei surpreso quando fui convidado para vir ao Paraná, mas chegando aqui vi que é um lugar de trabalho, de conquistas, onde a gente tem o que fazer e o que entregar," afirmou. “A homenagem é recebida por uma pessoa, mas ela nunca é pessoal. A conquista sempre é coletiva. É fruto de um trabalho da Fiocruz, do IBMP e de muita sinergia com as necessidades e com as contribuições, com o acolhimento que recebi no Paraná", complementou.
Caputo elogiou a participação de Barbosa na luta pela reforma sanitária brasileira e pela consolidação do SUS, ao lado de grandes nomes como Sérgio Arouca e Euclides Scalco. "O que me motivou a propor o título de cidadão honorário é por conta do enfrentamento que ele realizou contra a covid. O Paraná foi o estado que mais testou a sua população. O Lacen sempre teve muita importância, mas eles não tinham a capacidade de produzir na escala que foi feita pelo IBMP e por esse pessoal da Fiocruz aqui do Paraná”, complementou o ex-deputado, que hoje é conselheiro da Itaipu Binacional.
A importância das instituições durante a pandemia da covid-19 também foi frisada por Huçulak. “Enquanto o país navegava na incerteza, foi em Curitiba que a Fiocruz Paraná, o IBMP e o governo do Estado montaram em tempo recorde a primeira e maior central de testagem de alto processamento do Brasil. A unidade chegou a processar 11 mil testes RT-PCR por dia, sete de cada dez testes realizados no Paraná”, destacou.
Mesa
Também compuseram a mesa Orlando Pessuti, ex-governador e conselheiro da Itaipu Binacional; Elisabete Harumi Morikawa, superintendente estadual substituta do Ministério da Saúde representando o ministro Alexandre Padilha; a professora Camila Fachin, vice-reitora da Universidade Federal do Paraná; e Tatiana Filipak, secretária da Saúde de Curitiba, representando o prefeito de Curitiba, Eduardo Pimentel.
Homenageados
Ao todo, a Assembleia Legislativa do Paraná distribuiu 12 homenagens para nomes vinculados às três instituições, dentre gestores e pesquisadores. A honraria acompanhou um troféu, no qual o símbolo do SUS se encontra em meio ao território paranaense e ao lado de uma araucária, árvore símbolo do estado.
As seguintes personalidades foram condecoradas:
Marco Aurelio Krieger (In memoriam) - vice-Presidente de Produção e Inovação em Saúde da Fiocruz: biólogo pela Universidade Federal do Paraná; mestre e doutor pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Foi pesquisador titular da Fiocruz, com ênfase em genômica funcional, diferenciação celular e técnicas para o desenvolvimento de insumos para testes de diagnóstico. Faleceu em abril deste ano.
Alexandre Padilha - Ministro da Saúde: médico-infectologista pela Unicamp, Padilha é Ministro da Saúde desde março de 2025, pasta que também ocupou entre 2011 e 2014. Implantou programas como o Mais Médicos e expandiu serviços como Farmácia Popular, oncologia e obstetrícia.
Mario Moreira - Presidente da Fiocruz: doutor em Políticas Públicas pela Universidade Federal do Paraná, trabalha na Fiocruz desde 1994, presidindo a instituição desde 2023. Também foi vice-presidente de Gestão e Desenvolvimento Institucional da entidade.
Nísia Trindade - Ex-ministra da Saúde e ex-presidente da Fiocruz: doutora em Sociologia e mestre em Ciência Política pelo Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro. Ela é a primeira mulher a ocupar o cargo de Ministra da Saúde no Brasil (2023 a 2025) e a primeira mulher a presidir a Fiocruz nacional (2017 a 2022). Tem a trajetória marcada pela promoção do valor social da ciência e em ações que aproximam a ciência da sociedade.
Fabiano Borges Figueiredo - Diretor da Fiocruz Paraná - Instituto Carlos Chagas: médico veterinário, com mestrado e doutorado em Pesquisa Clínica em Doenças Infecciosas pelo Instituto Nacional de Infectologia Evandro Chagas (INI/Fiocruz). Pesquisador na Fiocruz Paraná.
Patrícia Shigunov - Pesquisadora da Fiocruz-PR - Instituto Carlos Chagas: doutora em Biociências e Biotecnologia pelo Instituto Carlos Chagas, onde tem pós-doutorado. Ela coordena a linha de pesquisa em doenças genéticas raras no Laboratório de Biologia Básica de Células-tronco e atua como docente permanente do Programa de Pós-graduação em Biociências e Biotecnologia do Instituto Carlos Chagas.
Pedro Ribeiro Barbosa - Diretor-presidente do Instituto de Biologia Molecular do Paraná: médico e doutor em Saúde Pública pela Escola Nacional de Saúde Pública da Fiocruz. Foi vice-presidente da instituição. É conselheiro do 4LifeLab, Laboratório de Inovação Médica, de Portugal, e do Instituto Todos pela Saúde/ITpS.
Fabricio Marchini - Diretor de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação do IBMP: biólogo e doutor em Biologia Celular e Molecular pela Fiocruz. Gerenciou o grupo que desenvolveu os testes diagnósticos para covid-19, dengue e HPV, entre outros. É pesquisador licenciado da Fiocruz. Faz parte da Fiocruz no Paraná desde seu início.
Viviane Monteiro Goes - Gerente de Produção do IBMP: biomédica e doutora em Biologia Celular e Molecular pela Fiocruz. Ela faz parte do IBMP desde o início de sua implementação, tendo também participado dos primeiros movimentos de instalação da Fiocruz no Paraná.
Cristina Reinert - Gerente da Qualidade no IBMP: farmacêutica pela PUCPR, doutora em Farmácia pela USP e pós-doutorada. Responsável pelos setores de Garantia da Qualidade, Validação e Assuntos Regulatórios e pelo Controle de Qualidade do IBMP. Ela também foi responsável pela implantação e gerenciamento do Laboratório de Apoio ao Diagnóstico da covid-19.
Maykon Luiz Nascimento Costa - Gerente de Operações Corporativas do IBMP: economista e mestre em Engenharia Biomédica pela Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR). Atua na instituição desde sua implementação.
Luciano Moreira - Diretor-presidente da Wolbito do Brasil: lidera a empresa que é fruto de parceria entre o IBMP e o World Mosquito Program (WMP), cujo objetivo é proteger a população contra arboviroses. Engenheiro agrônomo e pós-doutor pela Case Western Reserve University (Estados Unidos) e pela Universidade da Austrália. Foi pesquisador do Instituto René Rachou/Fiocruz.
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