Há cerca de um mês, Marília de Farias se desesperou ao saber que o tratamento de reabilitação do filho Vítor, de quatro anos, que tem paralisia cerebral leve, seria interrompido, em função da greve dos funcionários do hospital de reabilitação Ana Carolina Moura Xavier, da Associação Paranaense de Reabilitação.
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Marília, ao lado de outros pacientes, funcionários, representantes da prefeitura, do Governo do Estado e da Funeas (Fundação Estatal de Atenção à Saúde) participaram, no fim da tarde desta terça-feira (21) de uma audiência pública feita pelo deputado Ney Leprevost (PSD) na Assembleia Legislativa. O objetivo: buscar soluções para os sérios problemas pelos quais passa o Centro Hospital de Reabilitação (CHR). Até que a Funeas assumisse a instituição, ela era gerida pela Associação Paranaense de Reabilitação, entidade que foi criada há mais de 60 anos e já foi considerada referência no Paraná, mas que entrou em atrito com a prefeitura de Curitiba por falta de repasses. Situação que levou a mais de duas horas de discussão e muitos embates durante a audiência.
Embora a Funeas seja privada, ela faz parte da administração indireta do Governo e, sob supervisão da Secretaria Estadual da Saúde, em setembro do ano passado, firmou contrato para gerir o Centro Hospitalar de Reabilitação e iniciou-se aí um processo de transição. Segundo o presidente da Fundação, Carlos Alexandre Lorga, de lá pra cá houve avanços, já que foram acolhidos pacientes de alguns serviços que eram feitos através de um convênio com a prefeitura e ele adianta que pretende ampliar as áreas de atendimento.
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O presidente da Associação Paranaense de Reabilitação Edson Luiz Machado de Camargo, diz que, apesar da prefeitura estar recebendo os valores do Ministério da Saúde, não tem repassado recursos para a Associação. E que, sem eles, que já não cobrem as despesas da APR, que atende 98% dos pacientes pelo Sistema único de Saúde (SUS), é impossível manter os serviços.
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A prefeitura rebate. Márcia Huçulak, que é a superintendente da área da Secretaria de Saúde de Curitiba, afirma que a instituição não passa na avaliação da Secretaria em alguns requisitos previstos, relacionados a quadro funcional e infraestrutura. Mas avisou que alguns valores acabam de ser liberados.
Enquanto as instituições não chegam a um acordo, os funcionários alegam que a situação deles, que já era ruim desde 2013, piorou. Muitos estão sem receber salários há quatro meses. De acordo com os relatos durante a audiência, , pelo menos 70 deles não estão conseguindo receber nem os benefícios, como vale transporte e repasse do FGTS. Por isso, a solução foi entrar em greve em meados de fevereiro. Depois de intervenções inclusive do Ministério Público e da própria prefeitura, Parte dos atendimentos foi retomada noo dia 10 de março. Alívio para Marília e outros pacientes. Mas esse é apenas o começo e para Ney Leprevost, a audiência foi mais um passo para esse avanço e para que todas as partes pudessem ser ouvidas. E aproveitou para fazer sugestões à Funeas, prefeitura, APR e Governo do Estado. Esforço de todos os lados.
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Da Assembleia legislativa do Paraná, repórter Cláudia Ribeiro.