22/10/2007 18h43 | por Laura Sica / 41 3350-4157 - 9985-6667 / www.pagina13pr.org.br / MATÉRIA DE RESPONSABILIDADE DO GABINETE DA LIDERANÇA DO PT/PR
Os deputados da bancada do PT querem que se responsabilizem os culpados pela morte do militante sem-terra, Valmir Mota, o Keno , 42, executado à queima roupa com dois tiros no peito em conflito na fazenda Syngenta Seeds, no último domingo, em Santa Tereza do Oeste.O líder da bancada,deputado Elton Welter, cobrou nesta segunda-feira,23, apuração exemplar por parte da Secretária Estadual de Segurança e reagiu com indignação ao ataque da milícia da Syngenta que além de matar Mota também deixou seis trabalhadores gravemente feridos. No confronto, também foi morto o segurança Fábio Ferreira de Souza, da empresa NF Segurança “Estamos indignados. A Syngenta não pode dar ordem para mandar matar sem-terra. Invadir a fazenda com armas de grosso calibre para matar os militantes. Essa situação é intolerável”, reagiu WelterOs trabalhadores sem terra estavam no acampamento do campo de experimento da empresa Syngenta Seeds. A fazenda foi desocupada em julho deste ano, por ordem judicial. Na madrugada de domingo, trabalhadores sem terra voltaram a ocupar o local. No retorno, foram recebidos a bala pelas milícias, que teriam sido contratadas pelo Movimento dos Produtores Rurais e pela multinacional. O deputado Péricles de Mello também mostrou indignação com a o ataque da milícia aos 150 pessoas da Vila Campesina e reagiu às críticas do deputado Elio Lino Rusch, do DEM, que acusou o MST de iniciar o conflito na fazenda. “Querem comparar um jagunço, contratado para matar, com um homem pobre que precisa de um pedaço de chão para sobreviver”, afirmou. A deputada Luciana Rafagnin lamentou a morte do militante do MST. “Defendemos muito a questão da vida. Lamento a morte do companheiro executado sem dó. Os culpados devem ser punidos”, afirmou. O deputado estadual Tadeu Veneri viajou a Cascavel para acompanhar o velório de Keno no acampamento 1º de agosto. Veneri lembrou que a atuação das milícias armadas no interior do Estado foi denunciada à Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, que realizou audiência pública em Curitiba, na quinta-feira passada, dia 18. Veneri também lembrou que o relatório final da CPI da Terra, mostrou que a atuação das milícias era uma das fontes de violência no campo. Os feridos Gentil Couto Viera, Jonas Gomes de Queiroz, Domingos Barretos,Izabel Nascimento de Souza e Hudson Cardin, foram encaminhados para os hospitais da região. Izabel está em estado gravíssimoMilícias-O episódio da área da Syngenta Seeds explicita o fato de que milícias privadas são formadas e vêm atuando impunemente no Paraná há muito tempo. Grupos de pistoleiros, não raras vezes formados por ex-policiais e jagunços, têm espalhado violência, terror e morte no Paraná nos últimos anos. Esses grupos são organizados e mantidos pelos fazendeiros que, publicamente declaram a intenção de organização de “serviços privados” de segurança para realizar as reintegrações de posse e evitar ocupações de terras no Estado. Em 2006, foram 764 famílias, um aumento 23,22% se comparado com as 620 famílias em 2005, e de 48,92% na comparação com 2004. Estes dados fazem do Paraná o terceiro Estado quanto ao número de famílias vítimas das ações das milícias armadas.