22/11/2005 13h29 | por Neusa M.Lang Pohl
Para Editoria PolíticaJornalista: Neusa M.Lang PohlCONSTRUÇÃO DE NOVAS USINASCRITICADA EM AUDIÊNCIA NA ALA política do governo em relação à construção de barragens foi criticada, pelos participantes de audiência pública realizada nesta terça-feira na Assembléia Legislativa. Representantes de várias entidades ligadas ao meio ambiente discutiram, por mais de três horas, a proposta do governo estadual de construir mais quatro usinas, que recebeu autorização na semana passada do Legislativo. As discussões estiveram centradas na construção de usinas que vão afetar especialmente o Vale da Ribeira e os rios Iguaçu e Tibagi, com as manifestações se concentrando nos possíveis efeitos negativos ao meio ambiente que a construção de novas barragens deve gerar. PRESSÃO Os deputados Tadeu Veneri (PT) e Barbosa Neto (PDT) participaram dos debates. O pedetista informou ter protocolado um requerimento pedindo a suspensão do processo licitatório para a construção das novas usinas que seriam, segundo o deputado, fruto da pressão do governo federal sobre o governo estadual, “com muitos malefícios para os paranaenses”. Segundo Veneri, a situação é delicada em relação à usina projetada para o rio Tibagi, especialmente porque faltariam informações para os agricultores que serão atingidos pelo alagamento. “Poderá acontecer o que houve em Ortigueira, onde os agricultores que tiveram áreas inundadas formaram bolsões de pobreza na região, hoje a de menor IDH do Estado”, alertou. A audiência, que também comemorava o Dia do Rio (24 de novembro) foi conduzida por Laura Jesus Moura, do Centro de Estudos, Defesa e Educação Ambiental, que na abertura pediu um minuto de silêncio em sinal de luto pela morte do ambientalista Francisco Gomes de Barros, que imolou-se em fogo, para protestar contra a construção de usinas de álcool no pantanal. Entre as entidades participantes, além do CEDEA, estiveram o Movimento dos Atingidos por Barragens; o Núcleo de Estudos do Meio Ambiental da Universidade Estadual de Londrina (que estuda a qualidade da água do rio Tibagi desde 90), Sindicato dos Servidores Públicos da Agricultura, Meio Ambiente, Fundepar e afins, Associação dos Sindicatos dos Trabalhadores Rurais da Agricultura Familiar de Cerro Azul, Amigos da Terra, Liga Ambiental e outras. NEGATIVOS O ambientalista Tom Grando, presidente da Liga Ambiental, fez críticas à Copel e ao Instituto Ambiental do Paraná – IAP, que não teria respondido a 59 questões alusivas a prováveis efeitos negativos que o impacto ambiental das novas usinas criaria. Grando citou como exemplo o que teria ocorrido com a usina de Salto Caxias, que teria que ser acompanhada pelos órgãos ambientais por cinco anos, com verbas para programas ambientais de R$ 250 mil/ano. “Na inauguração, o prazo foi reduzido a dois anos e os recursos para R$ 90 mil”, informou, denunciando que está inclusive sendo impedido de se manifestar a respeito do assunto. Lucia Ortiz, da ONG Amigas da Terra, vinculada ao MAB, denunciou que os compromissos compensatórios da construção de barragens não são respeitados no pais. Já, segundo Helio Meca, coordenador nacional do MAB e assentado em Chopinzinho, “o capitalismo internacional avança sobre a questão da água, com o governo federal tendo programado a construção de mais 74 grandes usinas e mais 900 de pequeno porte até 2.015, aprisionando nossos rios e afetando o meio ambiente”. Para Meca, em todo país, de um milhão de pessoas atingidas pela construção de hidrelétricas, 70% ficaram sem nada. Segundo os ambientalistas, 850 mil pessoas seriam afetadas com a construção das novas barragens.