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Gastronomia e anúncio de portaria marcam abertura da Semana do Porco Crioulo na Assembleia Legislativa

Primeira edição do evento, criado por lei de iniciativa do Legislativo, valoriza a criação de raças como Moura e Caruncho no Paraná. Exposição permanece no Espaço Cultural até sexta-feira (16).

Exposição foi aberta na manhã desta segunda-feira (12), no Espaço Cultural da Casa.
Exposição foi aberta na manhã desta segunda-feira (12), no Espaço Cultural da Casa. Créditos: Orlando Kissner/Alep

Com a presença de produtores, criadores, autoridades e pesquisadores, a Assembleia Legislativa do Paraná recebeu na tarde desta segunda-feira (12) a abertura da exposição da Semana do Porco Crioulo. A mostra celebra a gastronomia e a criação de suínos de raças como Moura e Caruncho, culturas enraizadas na tradição paranaense. Até a próxima sexta-feira (16), produtores paranaenses exibirão no Espaço Cultural iguarias gastronômicas e serviços relacionados ao cultivo.

Esta é a primeira edição da Semana do Porco Crioulo, que integra o calendário oficial do Paraná desde o último ano. Ela foi estabelecida após proposição do deputado estadual Luiz Claudio Romanelli (PSD) e aprovada pelos demais parlamentares. “Tudo isso é parte da nossa cultura. A Semana do Porco Crioulo vem justamente para valorizar todas essas raças e desenvolvê-las cada vez mais, abrindo esse mercado ao consumidor e trazendo mais opções de renda ao produtor rural”, destacou o parlamentar. A lei estabelece que a semana seja realizada na terceira semana do mês de maio.

O presidente da Casa, deputado Alexandre Curi (PSD), lembrou que o projeto de lei foi aprovado por unanimidade no Legislativo. “A Assembleia do Paraná tem feito reuniões como essas para se aproximar da população. Entendemos que temos que estar próximos para saber o que está acontecendo nas cidades e atender todos os setores”, afirmou. Curi destacou ainda a atenção dada pelo Legislativo a projetos que tratam diretamente da agricultura familiar.

Produtos que têm história

O criador Ugo Gutierrez Filho apresenta na Assembleia Legislativa produtos originários da sua criação de cerca de 150 porcos carunchos, localizada em São João do Triunfo, município do sudeste paranaense. São iguarias como o lardo, camada de gordura do lombo temperada por cerca de seis meses; guanciale, um corte proveniente da bochecha do suíno; bacon, entre outros produtos. A banha corresponde a cerca de 70% do produto gerado pelo porco. A carne representa 30%, de acordo com ele.

A criação do caruncho era uma tradição da família, mas que estava interrompida há 25 anos devido à falta de sucessores. “Eu voltei a criar essa raça há cinco anos, mas encontrei uma dificuldade muito grande em encontrar esses animais”, contou Gutierrez Filho, se referindo-se ao sumiço das espécies no Estado. Com o auxílio de pesquisadores da Universidade Federal do Paraná (UFPR), começaram a realizar o resgate dos suínos.

Há nove anos, Dyego Henrique Schelbauer cria porcos moura soltos em Rio Negro, outro município do sudeste do Estado. No seu estande, é possível encontrar a carne do suíno, além de produtos como o patê de torresmo. Eles são vendidos principalmente em Foz do Iguaçu, no oeste paranaense. “É um animal rústico, com qualidade de carne e prolificidade”, destacou. A cultura é uma tradição de família, que vem dos avôs.

Portaria deve fortalecer comercialização

Um dos destaques da abertura da Semana do Porco Crioulo foi o anúncio de uma normativa pioneira em regular aspectos referentes à biosseguridade das criações de raças crioulas no Paraná, especialmente as realizadas ao ar livre. O regramento realizado pela Agência de Defesa Agropecuária do Paraná (Adapar) foi finalizado e deve ser publicado ainda neste mês. O objetivo é fortalecer a comercialização do produto.

“A portaria tem objetivo de orientar todos os produtores sobre como fazer, de forma sustentável e com segurança mínima, para que [a criação] não tenha a intromissão de doenças que possam causar impacto econômico e na saúde pública”, explicou Rafael Gonçalves Dias, gerente de Saúde Animal da Adapar.

“O que estamos fazendo agora é regulamentar normas de biosseguridade com o objetivo de dar sustentabilidade à produção e fazer com que esses criadores possam comercializar seus produtos, seja internamente e, quem sabe, um dia exportar”, destacou. Conforme o gestor, a portaria passa a reconhecer criações de suínos crioulos voltadas à comercialização - até então, elas eram tidas apenas como de subsistência, para consumo próprio.

Outros participantes

A abertura da exposição também foi marcada pela presença de pesquisadores da UFPR e da Universidade Estadual do Paraná (UEPG), que realçaram o trabalho conjunto entre academia e criadores para fortalecer a cultura no Estado. A professora e médica veterinária Juliana Sperotto Brum, da Federal, citou Projeto Porco Moura, que desde 2014 atua para ampliar os rebanhos no Estado.

Alexandre Leal, presidente da Federação dos Trabalhadores Rurais Agricultores Familiares do Estado do Paraná (Fetaep), apontou a necessidade de políticas públicas que possam ajudar a consolidar a criação de porcos crioulos como uma alternativa de renda para o campo. “A criação de porco convencional está organizada. Agora nós, como agricultores familiares, vamos precisar sentar e discutir projetos de lei que possam favorecer aquele agricultor de subsistência”.

Também participaram Divo José Molinari, Associação Paranaense de Criadores de Porcos Moura; Marson Bruck Warpechowski, professor do Departamento de Zootecnia da UFPR; Herculano Lisboa, criador de porcos crioulo e um dos proponentes da criação da semana, junto ao deputado Romanelli; Orival Stolf, coordenador estadual de sanidade agropecuária do IDR-Paraná; entre outros.

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