Quando souberam que a entrevistada do programa Política & Viola, maior atração da TV Assembleia, seria a deputada Maria Victória (PP), 24 anos, primeiro mandato e rosto de menina, os apresentadores do programa, a dupla sertaneja Willian & Renan, fizeram um diagnóstico: a entrevista vai ser moleza. Ledo engano. A deputada chegou e, contrariando a praxe do programa, colocou os apresentadores em uma saia justa atrás da outra. Quase levou o chapéu de estimação de Willian como brinde forçado e, de quebra, revelou quem é o amor de sua vida, fazendo uma declaração para ele em frente às câmeras.

A surpresa dos apresentadores com a garra da moça não deveria ser tão grande. Herdeira de um importante clã político (“quando engatinhava na cozinha ouvia meus avós, pais e tios falando de política à mesa”), filha do deputado federal Ricardo Barros e da vice-governadora Cida Borghetti, do PP, Maria Victoria é também prima do músico Renato Borghetti. Ou seja, tem a política e a música no sangue. É uma cobra criada com muita ginga e jogo de cintura.

Quem sofreu mesmo no programa foi o travesso Willian. Acostumado a colocar os entrevistados nas maiores furadas, o apresentador teve a sua cota de constrangimento hilário com o lado moleca da deputada. Quando Willian pediu que ela escolhesse uma música para ser tocada, Maria Victoria pensou um pouco e cravou: “Posso escolher a que eu quiser ou tem de ser aquela que você anotou no papelzinho? ” O estúdio veio abaixo. Encabulado, o apresentador disse que ela poderia escolher qualquer música.

Depois foi a vez do chapéu de estimação de Willian, amuleto a que ele atribui seu sucesso. No começo do programa, Willian pediu que a deputada usasse o chapéu, proposta que costuma fazer para músicos e deputados e que geralmente é recusada. Maria Victoria não só colocou o chapéu, como gostou, e encasquetou que deveria ganhá-lo de presente. Willian ficou em pânico com a ideia de perder o tão amado adereço. Num intervalo da gravação Maria Victoria avisou: “Eu vou pedir esse chapéu no ar e você vai ficar sem jeito de recusar”. Dito e feito. Pediu o chapéu e Willian, com a cara mais constrangida do mundo, teve de dizer que não poderia dar aquele, porque senão perderia a carreira, teria morte súbita ou bicho-de-pé, mas jurava, por todos os santos, que iria encomendar um idêntico e personalizado para a deputada.

Quando Willian, em outra tentativa de deixar a convidada em saia justa, perguntou a Maria Victoria se, sendo bonita como é, não sofria muito assédio dos homens nas campanhas, ela também não se intimidou nem um pouco. “Dos homens só, não. Também das mulheres, elas abraçam e beijam. É um assédio só”. Foi Willian quem acabou ficando vermelho.

Quando o músico convidado, o sanfoneiro e fandangueiro Gabriel Bortoncello, tocou a música que falava da “tampa da panela” como metáfora para um relacionamento amoroso, Maria Victória revelou que já havia achado uma tampa para sua panela e que ele, o amado, estava vindo para o estúdio para assistir o programa. Compromisso assumido, compromisso cumprido. O advogado Diego Campos apareceu lá. Desafiada por Willian, Maria Victoria fez uma declaração de amor para o eleito diante das câmeras: “Meu amor, nunca pensei que amaria alguém como amo você. Eu amo muito você e nunca amei alguém assim...”.  (Quem quiser ouvir o inteiro teor da declaração vai ter de sintonizar a TV Assembleia neste sábado – dia 9 – às 21h30, com reprise domingo e quinta-feira, ou ainda no site da Assembleia).

Ela contou que encontrou o amor numa viagem à Sérvia, em uma missão oficial. O escolhido participava da missão como advogado. “Quer dizer que ele foi para a Sérvia e saiu bem servido”, disse Willian, num daqueles seus infames trocadilhos que são sua marca registrada. A sacada foi considerada a única bola dentro em um programa em que a convidada sapateou, literalmente, na cabeça dos entrevistadores.

A capacidade de Maria Victoria de virar o jogo a seu favor não é de hoje. Quando começou a fazer campanha política descobriu que não gostava de fazer campanha com o pai, Ricardo Barros. Um político hiperativo que é capaz de percorrer 14 cidades pedindo votos num único dia. “Mulher tem outra forma de fazer política”, diz. “Prefere conhecer melhor as pessoas”. Por isso, começou a fazer campanha sozinha. Um dia estava com um único assessor, numa cidade chamada Marilena. Pedia votos quando um cidadão se aproximou agressivo, disse que “todo político era pilantra” e ameaçou agredi-la. O assessor, corajosamente, tentou se colocar entre os dois para defendê-la. “O problema é que era magrinho e tinha a metade da minha altura”, diz Maria Victoria. Decidiu ela mesma enfrentar o valentão que acabou indo embora.

Quando venceu as eleições foi à cidade agradecer os votos. Desfilava pela cidade quando viu o cidadão, olhando o movimento, sentado em uma moto. Pediu para descer e foi falar com ele. Disse que entendia sua revolta com os políticos, mas queria deixar bem claro que nem todos eram desonestos. Acabou ficando amiga do homem que prometeu, apesar de toda sua aversão aos políticos, que na próxima campanha seu voto seria dela.

A seleção de músicos que acompanhou o programa foi do primeiro time. Entre eles Gabriel Bortoncello, músico prodígio que já canta desde os quatro anos e começou a se profissionalizar aos 11, quando foi ao Faustão, e hoje é músico de sucesso, e a cantora Raquel Ribeiro.

O Política & Viola é parte da nova grade de programação da TV Assembleia (antiga TV Sinal) e segue a diretriz estabelecida pelo presidente da Casa, deputado Ademar Traiano (PSDB), de mostrar o lado humano dos políticos e aproximar a Assembleia da sociedade. O programa vai ao ar todos os sábados às 21h30 pelo Canal 16, para quem assina a NET, e tem reprises aos domingos e nas quintas-feiras, ao meio-dia, e também pode ser visto na internet.