Pt do Paraná Revela Os Caminhos Para Superar a Crise

05/08/2005 16h41 | por Roberto José da Silva
Para Editoria de PolíticaDistribuído em 05/08/2005Jornalista: Roberto José da SilvaPT DO PARANÁ REVELA OS CAMINHOS PARA SUPERAR A CRISEO terremoto provocado pelas denúncias que atingem nacionalmente o Partido dos Trabalhadores (PT) ainda deixa atônitos os nove deputados que integram a bancada petista na Assembléia Legislativa do Paraná. Três meses depois de deflagrada a primeira denúncia, na sede dos Correios, em Brasília, os deputados paranaenses, a 1,4 mil quilômetros de distância da capital federal, sentem na alma o drama público do partido e começam a pensar e trabalhar para curar as feridas e encontrar caminhos para reconstruir a imagem da estrela vermelha, hoje um símbolo manchado. Todos acreditam que isso é o que precisa ser feito, mesmo porque vêem como positivo o fato de o Paraná não ter sido atingido por nenhum respingo da lama que aflora em Brasília. A crítica interna é forte, como mostra o deputado Ângelo Vanhoni, que começou sua vida política na condição de militante partidário. "Ainda é difícil, neste momento, traçar uma linha de atuação", afirma. "Nós decepcionamos uma geração inteira, exatamente na hora em que chegamos ao poder. É uma catástrofe", complementa. O deputado, que foi candidato à Prefeitura de Curitiba no ano passado, acha que a população não vai perdoar o PT nas próximas eleições. "Tínhamos todo um aval, administramos cidades e estados sem uma mácula. Depois, falhamos no momento mais importante". Por isso, Vanhoni defende que, agora, o partido deve ser o mais transparente possível e mostrar todos os erros cometidos, com a punição dos responsáveis. O presidente estadual do partido, deputado André Vargas, acredita que a crise atual tem origem nos erros cometidos individualmente por alguns dirigentes do partido. "Isso aconteceu em função dos critérios pouco rígidos no setor administrativo", diz Vargas, para quem não se pode “comprometer toda uma história”. "Queriam que o Lula governasse com minoria na Câmara e no Senado?", pergunta Vargas, para em seguida afirmar que “essa maioria, contudo, não pode justificar a ação criminosa que alguns dirigentes do PT tiveram para com o Congresso Nacional”.Vargas concorda que, embora o futuro do partido dependa daprópria capacidade de apurar e punir os responsáveis, também está ligado, “principalmente, à forma pela qual vamos nos reorganizar, a fim de eliminar a possibilidade da repetição de tais equívocos históricos". Para Vargas, o PT não pode mais se relacionar com os demais partidos utilizando-se do padrão ético imposto pela chamada "velha política". Em setembro, o deputado disputa a reeleição para o mandato da presidência do PT no Paraná.As eleições internas serão fundamentais para o futuro imediato dopartido, acredita o experiente deputado Hermes Fonseca. Ele apóia a permanência de Tarso Genro, escolhido para o trabalho de apuração e limpeza do partido, algo que Fonseca considera primordial neste momento. "É preciso gente séria para administrar o partido. Só assim, poderemos reverter toda esta estratégia montada para acabar com ele".Fonseca define o que ocorre em Brasília, entretanto, como um "tribunal de exceção", fomentado por boa parte da grande imprensa. Não isenta os companheiros que erraram, mas acha que há muita denúncia sem o mínimo fundamento e a repercussão, "que dá ibope como novela das oito", acaba colocando todos os integrantes do partido "como se fossem iguais àqueles que erraram". Por isso, acha que o PT deve apurar quem tem culpa e fazer com estes respondam pelos seus atos. Já o deputado Natálio Stica acha que o próprio partido deve pedir a cassação de quem estiver envolvido, comprovadamente, em delito, medida que em sua opinião deve ser acompanhada das expulsões da agremiação. Se isso acontecer, Stica, que foi líder do governo na Assembléia Legislativa até o fim de 2004, crê que o partido sobreviverá, principalmente porque o presidente Lula, segundo ele, está imune ao que acontece nas CPIs e se mostra um estadista que governa para os brasileiros. "Ele é governo, mas é PT também e o fato de não estar envolvido nas denúncias vai ajudar a recuperar o prestígio do partido", acredita Stica.Sobre as eleições de 2006, informa que, se o partido optar por candidato próprio ao governo do Paraná, o nome, até por causa das atuais circunstâncias, deverá ser do senador Flávio Arns. “Não descarto, contudo, a repetição da coligação com o PMDB para apoiar o governador Roberto Requião. Para mim, ele governa como se fosse o PT.”A campanha eleitoral, aliás, é o foco da atenção do líder da bancada do PT na Assembléia, o deputado Tadeu Veneri. Em seu gabinete, onde a figura de Ernesto Che Guevara decora quase todas asparedes, ele informa que a crise que se abateu sobre o país e seupartido é extremamente útil pois, acredita, o resultado vai modificarradicalmente as formas de arrecadação e de destinação do dinheiro decampanha. "Se tudo der certo, vai haver um salto qualitativo de 50anos na política deste país", acredita.Veneri acha que, por isso, o PT precisa mostrar agora, com todas as letras, os seus erros, não se importando com as conseqüências, o que poderia incluir a perda do fundo partidário. "Precisamos voltar ao zero. O partido perdeu rumo porque esqueceu os militantes nas campanhas e trilhou o caminho do espetáculo, contratando marqueteiros e gastando fortunas. Essa relação, encontrada em todos os partidos, não tem como ter credibilidade", afirma. "Nós somos o único partido verdadeiro do país e este patrimônio está em risco", acredita Veneri. Representante feminina na bancada petista, Luciana Rafagnin também considera que, depois deste terremoto, não só o PT, como todo o País será passado a limpo. "Acho que o nosso partido vai se reconstruir e, melhor, está amadurecendo muito nesta crise, mesmo porque a maioriados seus integrantes, que são inocentes, jamais imaginou que todasessas irregularidades estavam sendo cometidas", informa. Para Rafagnin, a reconstrução do partido passa pela classe trabalhadora “que luta e sabe distinguir quem são as pessoas honestas, éticas, que trabalham pela inclusão social e a cidadania”. Já quanto aos dirigentes, o deputado Padre Paulo Campos reserva palavras duras. "Sou pragmático. Nestes casos, sigo a lei germânica, não a romana. O que exigimos da direita, devemos aplicar a nós mesmos, a punição imediata", diz, inflamado. Para explicar o que aconteceu com o PT nacional, Padre Paulo cita o falecido publicitário paulista Carlito Maia, que dizia que "quando qualquer instituição começa a contar dinheiro, é o início da falência". Ele, que trabalha com as chamadas bases do partido, diz que está otimista quanto à recuperação da aura do PT. "A militância não está decepcionada com o partido. Tem consciência do que está acontecendo e, agora, está até mais empolgada para ajudar na reconstrução do nosso prestígio", informa.É o que também acredita o deputado Elton Welter, apesar de dizer, com todas as letras, que se sente "traído" pelo que está sendo revelado em Brasília. Ele, como Tadeu Veneri, acha que o escândalo provou que o modelo político partidário está falido e que é preciso, apartir dos escombros da crise, criar novos mecanismo para as campanhas, principalmente no de financiamento de campanhas. "O PT precisa se reestruturar totalmente, a começar pela direção nacional. É a sua postura que vai dar a linha de atuação dos diretórios estaduais. Este momento aqui é histórico, porque é a hora de se mostrar o PT verdadeiro. E é através da militância que vamos dar a volta por cima", defende Welter.O deputado Pedro Ivo Ilkiv, vice-presidente da Assembléia, acredita, de fato, que este é o caminho a ser seguido. "O partido são as nossas bases, que foram forjadas na luta. E nossa luta é para que tudo não seja jogado numa vala comum.” Para ele, os políticos do partido precisam sair mais dos gabinetes, assim como os sindicalistas também. "Antes, eles eram magrinhos, porque estavam nas ruas. Depois, ficaram mais gordinhos porque passaram a freqüentar mais os gabinetes", critica.Em Brasília, a bomba de efeito retardado que abala o Partido dos Trabalhadores foi acionada exatamente aí, nos ambientes acarpetados e refrigerados dos gabinetes, longe dos petistas do chamado andar de baixo, aqueles que pagam dízimo e acreditavam em seus representantes. Recuperar o prestígio de partido que luta pelas classes menos favorecidas é a missão árdua que começa agora, mesmo em meio ao terremoto das denúncias diárias. Os deputados paranaenses do partido sabem que essa luta será inglória. Mas, unânimes, afirmam disposição para enfrentá-la. Nenhum dos nove representantes na Assembléia Legislativa imaginou, mesmo nos piores momentos, abandonar o partido. Um deles, aliás, propõe a humildade como caminho para o resgate do partido: “precisamos pedir perdão a todos que confiavam no partido”, diz o deputado Ângelo Vanhoni.

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