23/05/2005 19h12 | por Jornalista Miguel de Andrade
Enquanto os governos do Estado e federal propõem a criação de parques ambientais no Paraná, uma grande injustiça está sendo cometida. A afirmação partiu do líder da bancada de Oposição, deputado Valdir Rossoni (PSDB), ao abordar ontem (23/05) na Assembléia Legislativa a situação das famílias paranaenses que preservaram matas em suas propriedades e não receberam nada em troca. “Estas pessoas hoje não podem mais usufruir destas propriedades porque a lei não permite e em função disso estão se descapitalizando”, disse o deputado. Nos últimos dias, as propostas de criação do Parque Nacional dos Campos Gerais e a Reserva Biológica das Araucárias, com área estimada 70 mil hectares no Estado, têm dominado os debates na Casa.Além de levantar a questão do descaso com as antigas reservas, Rossoni citou ainda que existe a possibilidade do governo criar uma grande reserva ambiental, sem entrar em choque com os proprietários, o que já vem acontecendo nos Campos Gerais. “Na região de Palmas, General Carneiro e Bituruna tem 30 mil hectares de Araucária, de imbuia e mata nativa, inclusive com os corredores e rios de água cristalina. Os proprietários estão dispostos a vender”, revela. As famílias querem se desfazer do patrimônio justamente pela impossibilidade de explorá-lo, o que a lei não permite. “Mas aí vem a questão: será que o governo quer comprar mesmo? Por que quem comprar procura quem quer vender”, comentou.O deputado chegou a convidar o seu colega André Vargas, do PT, para conhecer algumas das reservas de Araucária nestes locais. “Depois, garanto que ele vai dizer que o governo só não cria um parque ambiental lá se não quiser”, disse.De acordo com Rossoni, está faltando por parte do Ibama e do governo do Estado esclarecimento em torno do projeto. “O representante do Ibama quando veio aqui nesta Casa se dedicou a falar sobre suas teses ecológicas, ao invés de responder objetivamente as perguntas”, criticou. Segundo ele, o importante é que agora o debate está evoluindo para um nível muito melhor, tanto da parte da quem defende os projetos, como daqueles que são contra. “Ninguém aqui é contra a criação dos parques. O que nós combatemos é a forma como o processo está sendo conduzido. Existem alternativas importantes que devem ser observadas, como as das reservas ambientais já existentes, que não podem ser desprezadas”, finalizou.