08/03/2010 17h36 | por Adriana Ribeiro
Créditos: Adriana Ribeiro
Os fatos vividos pelo jornalista político Sebastião Nery nos últimos 58 anos fazem parte do livro “A Nuvem - 50 anos de história do Brasil” que o autor lançará nesta quarta-feira (10), na Assembleia Legislativa. O evento acontecerá às 13h30, no Salão Nobre. “Já publiquei 15 livros sobre vários países e sobre o folclore político, mas A Nuvem é especial por ser um livro pensado. Sou eu ao longo de mais de cinco décadas citando fatos que acompanhei”, disse o autor durante visita à Assembleia, nesta segunda-feira (8), onde foi recebido pelo presidente da Casa, deputado Nelson Justus (DEM). O jornalista contou que o título do livro é uma referência à sua infância, quando morava no interior da Bahia, numa casa sem energia elétrica. “Deitado na cama, minha diversão era olhar as nuvens no céu e imaginar as figuras que elas formavam. Eu sempre pensava que um dia subiria numa delas e sairia daquele lugar”, contou. Segundo Nery, esse sonho fez com que nos últimos 58 anos ele viajasse para mais de 100 países e trabalhasse em oito deles como jornalista. “Fui jornalista todos os dias desde 2 de fevereiro de 1952, quando assumi meu primeiro emprego num jornal”, disse. Hoje a coluna política de Sebastião Nery é publicada em jornais de 21 estados brasileiros. No dia em que completou 78 anos, Sebastião Nery disse que existem três tipos de jornalistas: o que cobre os fatos, o que tem a sorte de estar perto do local onde um fato acontece e o que tem a honra de provocar um fato por estar num determinado local. Ele se sente agraciado por ter presenciado grandes faros da história mundial. Um deles aconteceu em agosto de 1963, em Paris, onde estava para visitar uma namorada. O anúncio da tentativa de assassinato do presidente da França, Charles de Gaulle, fez com que os planos mudassem e ele fosse obrigado a cobrir o fato. Todas essas histórias estão nas páginas de A Nuvem. O livro traz ainda, por exemplo, a história do enterro da cadela do ex-presidente Jânio Quadros, presenteada pela Rainha Elizabeth II, e o relato do encontro com Frei Pio de Pietrelcina, em San Giovanni Rotondo, na Itália. Nas páginas, Nery não deixa de lançar farpas a personalidades da política nacional. Com 600 páginas, A Nuvem tem como fio condutor uma história de amor que começa num seminário católico e termina meio século depois, nos anos 90. Nele estão relatos de dois seminários, três mandatos disputados e ganhos em três estados diferentes, oito países, onde passou mais de seis meses, e por outros 30 países onde trabalhou. Ao longo das páginas, o jornalista fala dos presidentes Juscelino Kubitschek, Jânio Quadros, dos ditadores do regime militar, de Tancredo Neves, José Sarney e Fernando Collor. Um capítulo inteiro é destinado para contar sobre a briga que o jornalista teve com o amigo Leonel Brizola, nos anos 80. Na época Brizola era governador do Rio de Janeiro e Nery, secretário nacional do PDT. Juscelino Kubitschek também tem destaque no livro. Por ter convivido diariamente durante quase cinco anos com Kubitschek, Sebastião Nery considera que conta a história do político como poucos. Colunista político da "Tribuna da Imprensa", republicado em outros 25 jornais do país, Nery é autor do best-seller "Folclore Político", que marcou a literatura política nos anos 70, "Socialismo com liberdade" (1974), "16 derrotas que abalaram o Brasil" (1974), "Crime e castigo da divida externa" (1985), "A história da vitória: porque Collor ganhou" (1990), "A eleição da reeleição" (1999) e "Grandes pecados da imprensa" (2000). Em 2002, reuniu 1.950 histórias numa edição definitiva do "Folclore Político".