Segundo estimativa da Federação Nacional das Associações de Celíacos do Brasil (Fenacelbra), mais de 2 milhões de brasileiros sofrem com sintomas da doença celíaca. Em todo planeta, o número chega a 78 milhões, de acordo com a Organização Mundial da Saúde.
Para as pessoas com esta enfermidade autoimune é fundamental cortar o glúten da dieta. Trata-se de uma proteína encontrada no trigo, centeio, cevada, e seus derivados como pizzas, bolos, pães, biscoitos, cerveja, uísque, vodka e alguns doces, provoca dificuldade ao organismo para absorver os nutrientes dos alimentos, vitaminas, sais minerais e água.
A data mundial é 16 de maio foi escolhida para honrar o dia de nascimento do Dr. Samuel Gee, primeiro pesquisador a reconhecer que os sintomas da doença celíaca estavam relacionados à dieta. Neste período, todos os envolvidos, sejam médicos, pesquisadores, pacientes e seus familiares e amigos mobilizam-se na Semana de Conscientização da doença Celíaca e no Paraná, por meio da Lei estadual nº 18.705/16 foi incluído no Calendário Oficial de Eventos do estado a data de 20 de maio como sendo o Dia Estadual de Conscientização da Doença Celíaca.
Para esclarecer as causas, sintomas e cuidados que a pessoa celíaca precisa ter, a Escola do Legislativo da Assembleia Legislativa do Paraná promoveu um ciclo de palestras sobre o tema. Durante o evento, profissionais da área de saúde e especialistas no tratamento, falaram sobre a doença, a importância da socialização e, principalmente, a superação após o diagnóstico. E alertaram que existe vida saudável após o diagnóstico, basta ter conhecimento e conscientização. (ler mais)
A psicóloga Dinadéia Brandalizze atende celíacos e explicou que é importante o trabalho mental e emocional. “Como muda toda a vida do celíaco, porque ele precisa retirar por completo o glúten de sua alimentação. Esta nova oportunidade e vida após o diagnóstico e eliminação do glúten só acontece a partir da aceitação emocional. Existem pessoas que recebem esta nova realidade de forma assertiva porque deixam de viver o sofrimento que o corpo apresentava antes do diagnóstico, enquanto outras pessoas podem desenvolver uma depressão inicial em razão do isolamento social que ela se coloca, porque a vida social vai mudar”.
Diagnóstico
A médica gastroenterologista Danielle de Castro Kiatkoski, explicou que a doença celíaca é uma patologia geralmente subdiagnosticada, então quanto maior for a conscientização melhor será o entendimento, especialmente dos operadores da saúde e também da sociedade em geral, porque muita gente pode ter esta doença, ter os sintomas, ou até outras doenças em decorrência de ser celíaco e não imaginarem, aí o tratamento acaba sendo errado ou ineficaz”.
O diagnóstico é feito por exame clínico com médico especialista, que vai analisar os sintomas. Biópsia do intestino, por meio de endoscopia, exames de sangue e/ou dieta restritiva sem glúten também podem ser requeridos pelo médico.
Os sintomas, em geral, aparecem entre os seis meses e dois anos e meio de vida. No entanto, isso não é regra. Portadores da doença podem manifestar os sintomas na fase adulta também. Os sintomas mais evidentes são: diarreia ou prisão de ventre crônica; dor abdominal; inchaço na barriga; danos à parede intestinal; falta de apetite; baixa absorção de nutrientes; osteoporose; anemia; perda de peso e desnutrição.
Alimentação
A nutricionista Mariane Rovedo disse que “o celíaco passa por um novo processo de aprendizagem com a alimentação, o tratamento passa por conhecimento, conscientização e juízo. Porque na dieta do celíaco não existe transgredir. Ele precisa ser prevenido, levar seu alimento quando não for comer em casa e observar a descrição nas embalagens”.
A contaminação cruzada ocorre quando há transferência direta ou indireta de contaminantes físicos, químicos ou biológicos de um alimento, utensílio, vetor ou manipulador para alimentos que serão consumidos. Pode ocorrer nas diferentes etapas do processo de produção do alimento: pré-preparo, tratamento, armazenamento, transporte, serviço. São fontes de contaminação: esponjas, panos de prato, colher de pau, óleo para fritura, dentre outros. Por isso o ideal é que os celíacos procurem ingerir alimentos feitos em cozinhas descontaminadas.
O empresário Rodrigo Dziedzick se descobriu celíaco e contou como foi. “No meu caso, a doença veio após contrair o Covid 19. Descobri através de uma lesão de pele, mas isso ocorreu depois de passar por muitos médicos, sendo que o último diagnosticou como lesão herpetifome, uma das formas de manifestação da condição celíaca. O consumo do glúten para nós, faz com que o corpo reaja contra ele mesmo. Hoje mudei a minha forma de levar a vida porque entendi que é uma doença tratada na cozinha e não na farmácia. O maior desafio do celíaco é a alimentação fora de casa e o meu sonho é que todos os bares e restaurantes sejam, pelo menos, conscientizados para como atender uma pessoa com esta condição”, concluiu.