A Comissão de Cultura da Assembleia Legislativa do Paraná promoveu, nesta quarta-feira (29), no Auditório Legislativo da Casa de Leis, uma roda de conversa sobre a causa animal. “É um tema que mobiliza, e em todo o mundo a questão animal é tratada não só pelos governos, mas também por ONGs e pessoas que se preocupam com o bem-estar dos animais”, disse o presidente da Comissão, deputado Nelson Justus (União).
Para ele, encontros como esse permitem a troca de experiências entre os participantes, contribuindo para aprimorar políticas públicas e iniciativas voltadas à proteção animal. “É nesse diálogo que entendemos o que está funcionando, o que precisa melhorar, por que a fila da castração é diferente em cada cidade, por exemplo. Juntos, conseguimos aprender e avançar”, completou.
O encontro debateu temas como abandono e políticas públicas; situação dos protetores independentes; castração e atendimento veterinário; microchipagem e responsabilidade; e campanhas de conscientização e educação.
A presidente do Instituto Acolhe Bicho, Mayara Moraes, também reforçou a importância de fortalecer o diálogo entre o poder público e os protetores independentes. “O trabalho das protetoras e protetores é essencial para a sociedade, mas hoje enfrenta sérias dificuldades. São pessoas que realizam um trabalho magnífico, de forma totalmente voluntária, mas que estão sobrecarregadas. Há um acúmulo de problemas que têm gerado impactos físicos e emocionais muito grandes”, afirmou.
Entre os desafios, ela citou a necessidade de ampliar o resgate de animais, criar espaços para acolhimento e suprir a carência de estrutura e políticas públicas específicas. “Faltam espaços, atendimento adequado e, principalmente, prioridade aos protetores nos projetos das prefeituras. Precisamos de políticas públicas efetivas para a causa animal”, destacou. Para ela, é fundamental que as prefeituras e o governo atuem em conjunto com as organizações e voluntários para que as demandas da causa animal sejam realmente resolvidas. “Precisamos que prefeituras, governo e protetores trabalhem de forma integrada. Só assim será possível dar respostas efetivas”, pontuou.
Campanhas de educação
O diretor do Departamento de Pesquisa e Conservação da Fauna da Prefeitura de Curitiba, Edson Evaristo, falou sobre a importância de conscientizar a população sobre a adoção responsável e de distinguir quem é protetor de fato. “Na Prefeitura fizemos esse cadastro e hoje atuamos com protetores que realmente trabalham pela causa. Dessa forma, conseguimos beneficiá-los e auxiliá-los com políticas públicas”, disse.
Além disso, destacou que a atuação conjunta entre setor público, iniciativa privada, sociedade civil organizada e protetores animais contribui para ampliar a rede de proteção e acolhimento.
O delegado-chefe da Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente, Guilherme Dias, falou sobre a importância do trabalho dos protetores no resgate e acolhimento de animais. “Eles não têm só o poder de salvar vidas da dor e da escuridão, mas também o poder de nos inspirar e de nos fazer compreender a dignidade animal — que eles merecem respeito, amor e carinho”, afirmou. “Eles nos auxiliam, e nós procuramos dar meios e subsídios para que essas pessoas continuem com esse trabalho”, comentou.
Para o assessor da Secretaria de Desenvolvimento Sustentável do Paraná, Roberto Justus, a pauta envolve diferentes áreas da administração pública e deve ser tratada de forma integrada. “A causa animal envolve saúde, segurança e educação, e, portanto, é uma responsabilidade do poder público, especialmente do poder público municipal”, afirmou.
Segundo ele, encontros como o promovido pela Comissão de Cultura são fundamentais para o avanço das políticas voltadas à proteção dos animais. “Eles nos permitem trocar experiências e definir prioridades. Ainda vivemos um período de falta de informação e de muitas ideias pré-concebidas que precisam ser revistas para que possamos enfrentar essa questão com efetividade”, completou.
A veterinária Mara Rúbia falou sobre a situação dos animais resgatados — desde o momento em que são encontrados até a adoção — e chamou a atenção para as peculiaridades de cada caso, a necessidade de apoio e a importância das campanhas de conscientização e educação. “A população precisa ser educada sobre a importância do respeito aos animais”, afirmou.
Também participaram do evento a protetora e advogada Marjory Gonzaga; a tenente Mariana Malisak; a protetora do Litoral, Lu Martins Porse; a voluntária de ONG, Jhenifer Chicanoski; além de diversos protetores animais.
A roda de conversa foi um complemento da exposição “Olhares que Adotam”, em cartaz no Espaço Cultural da Assembleia até sexta-feira (31), das 9h às 18h.
RODA DE CONVERSA SOBRE O PROJETO ”OLHARES QUE ADOTAM”
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