Os deputados estaduais acompanharam o governador Roberto Requião e reagiram com indignação com mais um reajuste das tarifas cobradas pelas concessionárias de pedágio no Estado. As críticas ficaram mais contundentes após a decisão judicial que concedeu à Caminhos do Paraná o direito de reajustar até 42,86% o preço da tarifa em cinco praças. A maioria dos deputados consultados pela reportagem se manifestou contra a decisão da Justiça. Eles lembraram que esta é uma conseqüência dos contratos lesivos feitos entre o Estado e as concessionárias durante a gestão do governador Jaime Lerner, autor da concessão das rodovias públicas para o setor privado. “70% a 80% das privatizações feitas pelo Governo Lerner foram lesivas aos interesses do Estado e isto se comprovou durante as CPIs instauradas para rever os contratos como o da Copel e do Banestado”, afirmou o deputado Ratinho Júnior (PPS). O deputado disse que o aumento nas tarifas é abusivo, devido aos preços que já são praticados. Para ele, a Justiça deveria analisar a forma que os contratos foram feitos, focando principalmente se houve interesse de terceiros em detrimento do Estado. “A Justiça deveria dar uma contribuição social ao emitir seus pareceres, já que 20% dos grãos do país saem do Paraná”, lembrou.Para o deputado Tadeu Veneri (PT), a decisão judicial é uma penalização grande para o setor produtivo e para o todo o Paraná. Para ele, ficou evidente que a onda da teoria neoliberal, praticada por Fernando Henrique Cardoso e repetida Por Jaime Lerner, que resultou na venda do Banestado, da Sanepar, da Copel (tentativa) e das rodovias foi totalmente equivocada. Veneri acredita que tais privatizações não teriam acontecido caso a população tivesse mecanismos mais eficientes de participação nas decisões do Estado, como plebiscitos, consultas e referendos. “Nossa democracia é atrasada, portanto fornece elementos para os esparrramos”, criticou. “Acho um assalto ao povo”, declarou o deputado Antonio Anibelli (PMDB) lembrando do discurso do governador Roberto Requião, proferido hoje (30). “O pedágio é um roubo absoluto. O balanço das próprias empresas mostra que os lucros são extraordinários. A rigor eles tinham que devolver dinheiro. Funcionar mais quatro ou cinco anos sem pagar mais rigorosamente nada. Mas ficamos na discussão formal, o governo segurando de um lado e as sentenças judiciais segurando do outro”, declarou o governador Roberto Requião. Para a deputada Cida Borghetti (PP), o reajuste vai prejudicar diretamente os usuários da rodovia e indiretamente todos os paranaenses porque o preço do frete vai aumentar. “A maior parte da produção do Estado é transportada por caminhões, portanto este aumento vai refletir no consumidor final”, alertou. “O povo do Paraná deseja que as estradas continuem conservadas, porém há mais de oito anos reclama para que as tarifas sejam reduzidas porque sabe que elas podem ser mais baratas”, afirmou Ângelo Vanhoni (PT). Vanhoni também ressalta que tudo isto é resultado dos contratos lesivos feitos por Lerner. Ele declarou ainda que, infelizmente, não há outra alternativa ao atual governo que recorrer da decisão judicial que concede o reajuste.O deputado líder do PDT, Barbosa Neto, também concorda que o ex-governador Jaime Lerner tem responsabilidade na decisão do reajuste das tarifas. Ele disse que é contra os pedágios por acreditar que o Estado já arrecada o suficiente para manter suas estradas, através de impostos como IPVA e CID que ainda incidem sobre a mesma base. “Os preços já estão salgados e este aumento é exorbitante”, finalizou. “Hoje é mais barato entrar em São Paulo com cargas vindas do Rio Grande do Sul, do que do interior do Paraná, afirmou o líder do PSB, Reni Pereira. As indústrias levam isto em consideração quando vão se instalar em um Estado. Para Reni, o problema não é só o aumento das tarifas. Ele salienta que cada vez que se dificulta o transporte, cria-se mecanismos de desigualdade, pois também dificulta o desenvolvimento das regiões. O deputado defende uma compensação tarifária, na qual parte do ICMS que é cobrada das concessionárias seja compensada no imposto cobrado pelos transportes. A concessionária Caminhos do Paraná administra trechos de rodovias na região dos Campos Gerais. As praças de pedágio que deverão ter aumento a partir de quinta-feira são: Imbituva, Irati, Lapa, Porto Amazonas e Prudentópolis. LIDERANÇA DO GOVERNOCinthia Alves(041)3350-4120