02/07/2007 18h47 | por Sonia Maschke
OPOSIÇÃO VAI CONVOCAR FORTE NETTO PARA FALAR SOBRE A RETALIAÇÃO A CURITIBAA Bancada de Oposição na Assembléia vai apresentar nesta terça-feira (03/07), um requerimento, convocando o secretário de Desenvolvimento Urbano, Luiz Forte Netto, para discutir a dívida da CIC, motivo alegado pelo Governo do Estado para a interrupção dos repasses de recursos de empréstimos contraídos pela cidade no valor de R$ 63,1 milhões. A decisão foi tomada após ser verificada a completa ausência de representantes do governo na reunião suprapartidária, realizada ontem pela manhã no Plenarinho da Assembléia, com a presença do prefeito Beto Richa (PSDB), do senador Osmar Dias (PDT), secretários municipais, vereadores de Curitiba, deputados estaduais e lideranças comunitárias.A convocação do secretário foi levantada durante a reunião, pelo presidente da Comissão de Assuntos Metropolitanos, deputado Osmar Bertoldi (DEM). “Acima das divergências políticas está o povo da nossa cidade, que está sofrendo as conseqüências. Temos que buscar uma solução para isso”, disse Bertoldi.O líder da oposição, deputado Valdir Rossoni (PSDB), propôs a realização de audiência também com o governador Requião, para expor os argumentos apresentados pelo secretário municipal de Finanças, Luiz Sebastiani e pelo procurador Ivan Bonilha. “Vamos marcar uma audiência com o Requião, se não formos recebidos faremos uma manifestação em frente ao Palácio para que ele ouça a nossa voz, porque aqui não é só a voz do governador que vale”, provocou Rossoni.Nesta reunião com o governador o deputado Valdir Rossoni pretende incluir na lista de negociações outras cidades paranaenses, como União da Vitória, Paranaguá, Foz do Iguaçu, Pato Branco e Paranavaí, que também estariam com problemas de bloqueio de recursos por parte do governo do Estado.De acordo com os técnicos, a dívida da CIC, estimada em R$ 300 milhões, prescreveu em 2004, cinco anos após a interrupção do pagamento das parcelas, de um acordo firmado em 1991. Ivan Bonilha citou também que a dívida foi contraída pela CIC/SA, da qual a prefeitura é somente fiadora.“Se alguém tem problema de inadimplência ou equilíbrio financeiro, não é a cidade de Curitiba”, disse o prefeito Beto Richa. Ele lamentou que o governador Requião esteja prejudicando Curitiba por causa do apoio do prefeito ao senador Osmar Dias, nas eleições passadas. “Apoiei Osmar porque achei que era o melhor para o Paraná e, não me arrependo. Este tipo de retaliação é coisa da Idade Média”, criticou.ESTADO NÃO INVESTE EM SAÚDEA atitude do governo do Estado está atrasando obras importantes, como Anel de Integração e de um hospital modelo para os idosos, o Hospital Gerontológico. Neste quesito, Beto Richa também reclamou da omissão do governo no interior. “Se a saúde de Curitiba está sobrecarregada, é porque o Estado não investe em saúde no interior, obrigando o cidadão a se deslocar até a capital para ter atendimento. E nós não podemos dar às costas a estas pessoas”, disse Richa. BID E GOVERNO FRANCÊSDe acordo com Richa, Curitiba não está inadimplente. A prova disto é que a cidade obteve financiamento do BID – Banco Interamericano de Desenvolvimento -, e também com o Funplata. Citou também que o governo francês está interessado em financiar projeto de cunho social e ambiental na capital paranaense, especialmente para relocar as pessoas que moram às margens dos rios da cidade. “Enquanto o mundo inteiro quer financiar obras em Curitiba, o Estado coloca empecilhos para repassar recursos, quando nós temos capacidade de endividamento e certidões negativas”, desabafou Richa.CERTIDÕES NEGATIVASO prefeito deixou claro que Curitiba tem certidões negativas, inclusive do Tribunal de Contas. “Somos um dos poucos municípios que estão em dia com os precatórios. E fomos uma das poucas cidades que devolveu a cobrança indevida sobre os aposentados, no valor de R$ 15 milhões. A equipe do secretário Luiz Sebastiani é elogiada pelo TC pelo acerto na condução das finanças”, disse Richa.Repasses do PACRespondendo a uma pergunta do líder do PSDB na Assembléia, deputado Ademar Traiano, o prefeito Beto Richa, confirmou que a Curitiba está tendo problemas também com a interferência do Estado no pacote de obras do PAC- Plano de Aceleração do Crescimento do Governo Federal. De acordo com o prefeito, a cidade foi uma das primeiras a enviar projetos, sendo um dos principais prevendo obras que vão beneficiar a comunidade do Parolim. Mas, o governo, segundo o prefeito, quer levar as obras para a Cohapar. “Não concordamos com isso, porque a comunidade quer que a prefeitura faça. Mas o Estado está criando mais um problema político”, disse.DOIS PESOS E DUAS MEDIDASO senador Osmar Dias (PDT) afirmou que é inadmissível que o governo estadual continue agindo desta maneira com as cidades do estado por causa de uma briga política. Dias criticou ainda a ausência de deputados e secretários governistas na reunião. “È um comportamento completamente oposto ao da Oposição, que atendeu ao apelo do governador e foi à Brasília na tentativa de resolver o caso Banestado”, disse.A disposição da oposição em relação à multa foi tamanha que agora cabe ao senador Osmar Dias relatar a matéria da MP 368 e com isso propor uma emenda para que a dívida do governo estadual com a Secretaria do Tesouro Nacional (STN) seja cancelada e o valor pago devolvido. “Eu não vou me vingar de tudo na população do Paraná. Eu tenho a obrigação de apresentar a emenda e defender o interesse dos paranaenses”, disse o senador.A situação que a cidade de Curitiba enfrenta hoje, com o bloqueio dos repasses estaduais, poderia estar ocorrendo com o governo paranaense. Acontece que em 1995 o senador Osmar Dias relatou uma matéria da STN que colocava o Paraná na lista negra Federal, impedindo qualquer repasse ao estado. “Não fosse isso o Paraná não poderia contratar novos empréstimos, o que inviabilizaria promessas de campanha”, concluiu.Sonia Maschke (41) 3350-4193