A Comissão de Turismo da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep), presidida pelo deputado Chico Brasileiro (PSD), promoveu nesta segunda-feira (11) audiência pública para tratar do potencial turístico dos cruzeiros marítimos no estado. Com a presença de autoridades e técnicos do setor, a reunião serviu para que o presidente da Associação Brasileira de Cruzeiros Marítimos (CLIA ABREMAR BRASIL) Marco Ferraz, expusesse o interesse das empresas armadoras em incluir o Paraná em seus roteiros, seja como destino ou como escala, e o que isso representa em termos econômicos para as partes envolvidas.
O chefe da Divisão Comercial da Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina (APPA), Leandro Klaus, detalhou o projeto do Complexo Náutico e Áreas de Convivência do Porto de Paranaguá, um conjunto de empreendimentos que pretende reunir governo e iniciativa privada em ações visando desenvolver o cenário econômico da cidade e proporcionar o crescimento das atividades marítimas voltadas também ao lazer e ao turismo. O conceito global para o setor Leste do Porto prevê um total de 24 novas áreas, entre elas o novo Centro Administrativo da APPA, dois prédios operacionais, dois administrativos de oito andares, uma marina, um terminal de passageiros, heliporto, hotel, restaurante, estacionamento e área de lazer com pista de caminhada e ciclovia.
O presidente da Paraná Turismo, Manoel Jacó Gimenes, falou sobre o Plano Plurianual (2016/2019), que contempla item específico sobre turismo náutico. Referindo-se ao novo conceito das ilhas turísticas brasileiras, que teve origem no Paraná, e aos recursos provenientes das operações portuárias que permanecem no Estado (RS 550 milhões), considerados insuficientes para o desenvolvimento do terminal portuário, disse que está em elaboração um “Master Plan”, um plano de dez anos para o setor com a finalidade de assegurar a continuidade das ações para implementação do turismo regional. Adiantou ainda que o Poder Executivo já se comprometeu com a criação do Fundo de Desenvolvimento do Turismo.
Potencial – O presidente da CLIA ABRAMAR afirmou que a entidade congrega 62 armadores, 461 navios, 30 mil agentes de viagem e 20 mil agências no mundo todo, com presença em todos os países que dispõem de áreas costeiras. Opera 301 cruzeiros oceânicos e 170 pluviais. Segundo ele, enquanto o movimento cresce em outros países, no Brasil está previsto um decréscimo para a próxima temporada, quando deverão operar sete navios contra os dez que atuaram na temporada passada.
Observando que 140 mil turistas brasileiros fazem cruzeiros no Exterior, disse acreditar na possibilidade de ampliação da modalidade em território brasileiro – abrangendo cruzeiros fluviais – e de vir a manter um navio operando o ano todo com o Paraná no roteiro, inclusive porque, além do Litoral e de Curitiba, aqui está localizado o segundo roteiro turístico mais procurado por turistas estrangeiros no Brasil, que é Foz do Iguaçu. Lembrando que 93% dos passageiros de cruzeiros descem nas escalas e que cerca de 82% retornam aos locais visitados de passagem, afirmou que isso representa uma vitrine para os municípios integrantes dos roteiros. Sem contar com outras vantagens. Na temporada passada (2014/2015) os cruzeiros realizados no Brasil representaram R$ 89,9 milhões em comissionamento, R$ 499,2 milhões em combustíveis, R$ 159,9 milhões em taxas e impostos, R$ 35,8 milhões em salários, R$ 269,9 milhões em aquisição de suprimentos.
Cruzeiristas e tripulantes representam a injeção de R$ 309,1 milhões por ano no comércio varejista nos locais de desembarque, R$ 161,7 milhões em transportes antes e depois dos cruzeiros, R$ 318,4 milhões em alimentos e bebidas e R$128 milhões em passeios terrestres. Entre os obstáculos à ampliação do setor no país, Ferraz apontou a falta de regulação, o descompasso da legislação trabalhista nacional com as normas da Convenção Internacional do Trabalho, os altos custos operacionais e o fato dos portos do país estarem totalmente voltados à carga.
Falaram ainda durante a audiência os deputados Tião Medeiros (PTB), Maria Victoria (PP) e Nelson Justus (DEM), o diretor comercial da Administração da APPA, Lourenço Fregonese, o presidente da Fundação Municipal de Turismo de Paranaguá Luiz Fernando Gaspari, a diretora técnica da Paraná Turismo Deise Bezerra, a coordenadora do Complexo Turístico da Itaipu Binacional Maria Jurema Fernandes. Segundo o presidente da Comissão de Turismo, deputado Chico Brasileiro, “esta reunião foi apenas o começo de uma luta para valorizar e desenvolver o turismo náutico no Estado”.