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CPI dos Planos de Saúde ouve dirigentes da Associação Médica do Paraná

CPI dos Planos de Saúde reunida nas Sala das Comissões da Alep
CPI dos Planos de Saúde reunida nas Sala das Comissões da Alep Créditos: Sandro Nascimento/Alep (crédito obrigatório)
A Comissão Parlamentar de Inquérito instalada na Assembleia Legislativa para investigar a relação de médicos e planos de saúde reuniu-se nesta terça-feira (19) para ouvir o presidente da Associação Médica do Paraná, João Carlos Gonçalves Baracho, o vice-presidente da Associação Médica Brasileira, José Fernando de Macedo, e o integrante do Comitê Profissional da AMP, Luiz Ernesto Pujol. Os três apontaram o desequilíbrio econômico-financeiro da relação entre esses profissionais e as operadoras de saúde complementar, a ineficácia da Agência Nacional de Saúde (ANS) como agente regulador e o papel de políticas equivocadas na crescente desumanização do atendimento de saúde no país.

Ao mesmo tempo, manifestaram a expectativa de que a discussão do tema através de uma CPI possa lançar novas luzes sobre o cenário cada vez mais crítico do setor, levando a uma reflexão mais profunda e indicando soluções que atendam aos segmentos envolvidos e garantam a melhoria da qualidade dos serviços oferecidos à população. “A situação atual não pode mais perdurar”, alertou Baracho, lembrando que as operadoras se mostraram impermeáveis às tentativas de intermediação e de negociação realizadas até agora, gerando uma situação que desagrada não só aos médicos, mas principalmente aos usuários.

Desequilíbrio
– Baracho reafirmou informações que já havia prestado à Comissão de Defesa do Consumidor da Casa, de que nenhuma operadora pratica a tabela atualizada de remuneração mínima estabelecida pela Classificação Brasileira Hierarquizada de Procedimentos Médicos (CBHPM). Os valores foram tomados da tabela de 1992. Referiu-se particularmente à Unimed Curitiba, que estaria deflacionando os honorários médicos e agravando ainda mais a situação. Dados levantados pela AMP mostram mais de três mil descredenciamentos no Paraná nos últimos dois anos. Em pelo menos dois municípios, União da Vitória e Ivaiporã, o descredenciamento foi total.

Como resultado, o estado apresenta hoje um perigoso déficit de pediatras, endocrinologistas, geriatras, hematologistas, dermatologistas, neurologistas, neuropediatras e neurocirurgiões. Na área pediátrica o quadro é tão grave que o déficit já é sentido até mesmo nas residências médicas.

Num período em que reajustou as mensalidades do usuário em 160%, as operadoras reajustaram os honorários médicos em apenas 60%. Há planos remunerando em R$ 25,00 consultas com especialistas. Ele também denunciou a oferta de planos com preços irreais, incapazes de cobrir a oferta dos serviços. Entre as sugestões que apresentou aos deputados como forma de tentar coibir os abusos está a criação de instrumentos legais que definam as remunerações e assegurem uma fiscalização mais rígida por parte da agência reguladora quanto à existência ou não de lucros para os planos de saúde complementar, aos itens que geram a maior parte dos gastos das administradoras, o cumprimento dos prazos estabelecidos e uma cobertura justa em relação aos valores cobrados do consumidor. Ele é categórico: “As operadoras devem comprovar viabilidade econômica para atuar. Caso contrário, devem sair do mercado”.

Os três representantes classistas fizeram severas críticas à Agência Nacional de Saúde, que consideram ineficaz, morosa e composta basicamente por pessoas egressas da área de saúde complementar. José Fernando de Macedo defendeu a desvinculação da consulta, que daria ao profissional condições de manter condignamente um consultório e oferecer um atendimento de melhor qualidade. E Pujol externou sua preferência pelo Sistema Unificado de Saúde (SUS), que considera o melhor sistema para oferecer bons serviços à população, desde que seja bem gerido e não sofra com a dispersão ou desvio de recursos.

O presidente da CPI, deputado Adelino Ribeiro (P), anunciou que deve convidar representantes das operadoras para uma próxima reunião. Também pretende ouvir médicos que se descredenciaram e outros segmentos envolvidos com a questão da saúde pública. Participaram do encontro na manhã desta segunda-feira o vice-presidente da comissão, deputado Reinhold Stephanes Júnior (PMDB), o relator, deputado Antonio Anibelli Neto (PMDB) e o deputado Péricles de Mello (PT).
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