
Em alusão ao Julho Amarelo — mês nacional de conscientização sobre as hepatites virais — o deputado estadual Cobra Repórter (PSD) reforça a importância da prevenção e do diagnóstico precoce dessas doenças silenciosas e potencialmente fatais. Neste ano, o Paraná ganha um novo aliado na luta contra as hepatites: a Lei Estadual nº 22.295, de 7 de março de 2025, que institui a Campanha Permanente de Conscientização e Prevenção às Hepatites Virais, batizada de Campanha Nikole Bozza.
A legislação, de autoria do parlamentar, homenageia Nikole Bozza, arquiteta paranaense de 29 anos que faleceu no início de 2024 após complicações causadas pela Hepatite A. A jovem procurou atendimento médico diversas vezes em Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), mas a ausência de exames laboratoriais adequados e a sobrecarga no sistema de saúde atrasaram o diagnóstico. Quando finalmente detectada a doença, Nikole foi transferida para uma UTI e entrou na fila de transplante de fígado, que infelizmente não chegou a tempo.
“A história de Nikole é um alerta para todos nós. Precisamos de políticas públicas que garantam diagnóstico rápido e acesso ao tratamento. A hepatite viral é silenciosa, perigosa e precisa ser enfrentada com urgência”, defende Cobra Repórter.
Dados
De acordo com o Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde, divulgado em julho de 2025, os casos de hepatites virais continuam em alta no Brasil, com destaque preocupante para o Paraná. Em nível nacional, os registros de hepatite A cresceram 54,5% em apenas um ano, com a taxa de incidência subindo de 1,1 para 1,7 caso por 100 mil habitantes em 2024. Esse aumento foi impulsionado principalmente pelas regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste.
No Paraná, o cenário é ainda mais alarmante. Até abril de 2024, o número de casos confirmados de hepatite A já superava em 85% o total registrado ao longo de todo o ano anterior. A maior concentração de notificações está na Região Metropolitana de Curitiba, o que reforça a urgência de ações de prevenção e diagnóstico na capital e municípios vizinhos.
Entre os anos de 2000 e 2024, o Brasil contabilizou mais de 826 mil casos confirmados de hepatites virais, sendo as hepatites B e C as mais prevalentes nesse período. A hepatite B, por exemplo, registrou mais de 302 mil casos. Por outro lado, um dado positivo chama a atenção: a cobertura vacinal contra hepatite B em recém-nascidos chegou a 94,19% em 2024, um avanço significativo em relação a 2022, quando o índice era de 82,7%. A vacinação de gestantes também apresentou melhorias.
A hepatite C segue como a principal causa de mortes relacionadas às hepatites no país. Mesmo assim, houve progresso no enfrentamento da doença: em 2024, 73% das pessoas diagnosticadas com carga viral iniciaram tratamento, aproximando o Brasil da meta da Organização Mundial da Saúde (OMS), que é de 80% de cobertura.
Já os casos de hepatite D somaram 4.722 no mesmo período, com a maior parte — 72,4% — concentrada na região Norte do país.
Nos últimos dez anos, o Brasil conseguiu reduzir de forma expressiva a mortalidade por hepatites. O coeficiente de mortes por hepatite B caiu 50%, enquanto os óbitos por hepatite C diminuíram 60%. Essa melhora está associada à ampliação da vacinação e ao aumento da oferta de tratamento pelo Sistema Único de Saúde (SUS).
Apesar dos avanços, o desafio do diagnóstico precoce ainda persiste. As hepatites virais costumam ser silenciosas em suas fases iniciais, o que dificulta a identificação e o início oportuno do tratamento, agravando o risco à saúde da população.
Mobilização
A Campanha Nikole Bozza será realizada anualmente durante o Julho Amarelo, com o objetivo de ampliar o acesso à informação, estimular a testagem e facilitar o tratamento precoce. Estão previstas palestras, seminários e ações educativas em escolas, unidades de saúde e espaços públicos.
A proposta é fortalecer o enfrentamento das hepatites virais por meio de campanhas permanentes e reforço na atenção básica. Hoje, a imunização gratuita na rede pública é destinada a crianças de até cinco anos e grupos prioritários, como portadores de doenças crônicas e pessoas vivendo com HIV. Com o aumento dos casos, a ampliação da cobertura vacinal é apontada como medida urgente para conter o avanço da doença no estado.
O Ministério da Saúde também intensificou as ações nacionais em 2025, promovendo campanhas de testagem e disponibilizando uma plataforma inédita de monitoramento, que ajuda estados e municípios a identificarem casos ativos e direcionarem o atendimento com maior precisão.
Durante o Julho Amarelo, a principal recomendação é: informe-se, converse com um profissional de saúde e, se necessário, realize os testes disponíveis. A prevenção e o diagnóstico precoce são fundamentais para conter a disseminação das hepatites virais e evitar perdas irreparáveis como a de Nikole Bozza.
“Essa campanha é mais do que uma homenagem: é um compromisso com a saúde pública e com a memória de quem perdeu a vida por falta de diagnóstico”, conclui o deputado Cobra Repórter.