A equoterapia, método que utiliza o cavalo como instrumento colaborador para melhorar a condição física dos pacientes, começa a despontar como tratamento alternativo viável para a população paranaense. O tema foi abordado na audiência pública, de proposição das Comissões de Educação e da Saúde, realizada no Plenarinho da Assembléia Legislativa, nesta segunda-feira, dia 17. O evento contou com a participação de especialistas, representantes de entidades e associações do setor e das secretarias de Educação e Saúde do Paraná. Os deputados Péricles de Mello e Professor Luizão, e o senador Flávio Arns, todos do PT, defenderam a inclusão da equoterapia no Sistema Único de Saúde (SUS) para que pessoas carentes tenham acesso ao tratamento com mais freqüência. “Os benefícios do método são múltiplos, já que passa por processos educacionais relacionados com a saúde e conta ainda com uma estrutura de profissionais especializados em educação especial, fonoaudiologia e fisioterapia”, afirmou Péricles, presidente da Comissão de Educação da Assembléia.No Paraná, a Secretaria de Saúde em parceria com a Polícia Militar e a Ecoparaná, está planejando a construção de um Centro Especializado em Equoterapia para possibilitar atendimento gratuito à população. De acordo com a diretora do Centro Regional de Atendimento Integrado do Deficiente da Secretaria de Estado da Saúde, Orcezi Antunes, o governo estadual já liberou a verba para a construção da obra em Almirante Tamandaré, Região Metropolitana de Curitiba. Segundo Orcezi, no Paraná, há 13 mil pessoas incluídas na educação especial. Destas, 6 mil seriam beneficiadas com o projeto, sendo que de início o atendimento começaria com 600 pacientes. O senador Flávio Arns disse na audiência, que tramita no senado federal projeto de lei, do qual foi relator, que prevê a inclusão da equoterapia no atendimento feito pelo SUS. Segundo Arns, apesar de entender que o método já faz parte no tratamento fisioterápico, é necessário deixar claro na legislação que há outros ambientes que a fisioterapia pode atuar como no caso da equoterapia. Segundo dados da Associação Nacional de Equoterapia (Ande-Brasil), atualmente o Paraná conta com 20 centros especializados. Em todo Brasil são 293 centros, com 6092 profissionais espalhados por vários Estados que prestam atendimento a 15 mil praticantes. BENEFÍCIOSO presidente da Ande-Brasil, coronel Lélio de Castro Cirillo, explicou como o método terapêutico pode melhorar a vida das pessoas que apresentam algum tipo de problema físico ou que tenha alguma necessidade especial. Segundo Cirillo, ao se movimentar, o cavalo proporciona 180 oscilações por minuto. Esses movimentos são sentidos diretamente pelo paciente durante o tratamento. “Quem faz equoterapia passa a ter noções de movimentos básicos, como subir um obstáculo e olhar paisagens de outras perspectivas. Ações que muitas vezes não são comuns ao paciente no seu dia-a-dia”, destacou o coronel. Ele salientou ainda que a cada passo do animal é produzido de 1 a 1,5 movimento por segundo, o que em 30 minutos pode chegar de 1800 a 2500 ajustes tônicos, o que faz o paciente receber essas informações como se estivesse caminhando. Cirillo deixou claro que o tratamento deve ser iniciado somente após avaliação médica, psicológica e fisioterápica. EXPERIÊNCIAA psicóloga Ana Helena de Faria relatou como a equoterapia pode melhorar a condição de vida de crianças com necessidades especiais. Ela tem uma filha de 3 anos, portadora da Síndrome de Down, que faz o tratamento desde os 2 anos de idade. “Houve uma melhora considerável na postura, na fala e no aspecto afetivo da minha filha e até no relacionamento dela com o animal”, declarou. EVENTO INTERNACIONALA realização da audiência pública também serviu de preparativo para o IV Congresso Brasileiro e para o I Congresso Latino-Americano de Equoterapia que será realizado em Curitiba nos dias 26 a 29 de agosto de 2008. O evento contou ainda com a participação da Federação das Apaes do Paraná; da coordenação do curso de pós-graduação em Equoterapia do Universidade Tuiuti do Paraná; do Conselho regional de Fisioterapia e Terapia Ocupacional; e do Ministério Público Estadual.