08/07/2005 17h31 | por Miguel de Andrade
REQUIÃO COLHE O QUE PLANTOU, CONCLUI A OPOSIÇAOO deputado Valdir Rossoni (PSDB), líder da oposição na Assembléia Legislativa, disse nesta sexta-feira (8), que a perda do mando do Paraná sobre os portos de Paranaguá e Antonina - que pode acontecer a partir do Decreto Legislativo aprovado pela Câmara dos Deputados na última quarta-feira - é o coroamento lógico de uma política sistemática de desmandos, temeridades e desrespeitos à lei, que vem sendo adotada pela administração portuária sob o comando do governador Roberto Requião.O deputado lembrou que a CPI dos Portos na Assembléia levantou um grande número de irregularidades no Porto de Paranaguá, que ele próprio subiu várias vezes à tribuna para alertar o governador para os riscos e os prejuízos que o Paraná e seu Porto estavam correndo. Em nenhum momento, destaca Rossoni, o governo do Estado revelou ser sensível a este tipo de aviso. Ao contrário, qualquer crítica sempre era classificada como manifestação de interesses da “direita” desejosa de “privatizar o porto”.Segundo Rossoni, utilizando argumentos de fundo ideológico, o governo Requião tentou transformar Paranaguá em uma “ilha” onde as leis brasileiras não têm valor. Foi assim, destaca o deputado, com a bizarra polêmica da soja transgênica. Mesmo depois de liberado no Brasil por lei federal, esse tipo de grão continuou proibido de ser embarcado no Paraná. Essa política insana, diz o deputado, produziu prejuízos incalculáveis para o Estado e para o seu porto. Paranaguá perdeu carga, perdeu conceito internacional, perdeu posições no ranking dos portos. Deixou de ser o maior porto graneleiro do país. Os prejuízos financeiros dessa política podem ter ultrapassado – segundo levantamentos produzidos pela Federação da Agricultura do Estado do Paraná - a marca assustadora de 1,5 bilhão de dólares.É preciso reconhecer, diz o deputado, que ao colocar o Paraná sob o risco de perder o controle dos seus portos, o governador Roberto Requião nada mais faz do que colher o que plantou. Valdir Rossoni foi irônico ao dizer que o único “sucesso” que pode ser creditado a gestão Requião no Porto de Paranaguá se dá pelos motivos errados. Sob o comando do psicanalista Eduardo Requião, irmão do governador, as filas quilométricas que congestionavam o terminal de embarque de Paranaguá reduziram, diz o líder da oposição. Mas esse resultado não se deve a racionalização ou aumento da eficácia do sistema, destaca Rossoni, mas apenas porque as cargas passaram a ser embarcadas nos portos de São Paulo e Santa Catarina.BOXParaná foi desmoralizado, dizem deputados de OposiçãoO governo do Estado deveria fazer as mudanças antes de o Senado votar o decreto que tira do Paraná a concessão dos portos de Paranaguá e Antonina, porque se ele for aprovado será uma desmoralização pública para o Estado. A afirmação foi feita ontem pelo deputado Durval Amaral (PFL). “É uma advertência muito forte. O porto de Paranaguá é estratégico e se é mal administrado, Paranaguá perde e a economia do Paraná também perde”, avaliou. De acordo com Durval, este decreto serve de alerta do governador Requião. “Ele (governador) deveria aproveitar a situação e fazer mudanças estruturais no porto. Toda a sociedade paranaense sabe que o porto de Paranaguá não vai bem”, constatou o pefelista.PrejuízoO deputado José Domingos Scarpellini (PSB), achou que a decisão da Câmara federal é boa para o porto. Ele acredita que os senadores vão acompanhar a decisão da Câmara e as concessões dos portos devem retroceder à União. “Principalmente com a situação criada pelo governador que agora resolveu achar vários defeitos no presidente Lula”, lembrou Scarpellini.O deputado também citou que porto perdeu agilidade, perdeu credibilidade e exportou 40% menos, gerando grande prejuízo para Paranaguá e para o Estado. “É uma prova de que o nepotismo atrapalha muito a administração pública e pode ser muito nocivo para a economia do Paraná”, dispara.Sucessor técnicoÉ nesse ponto que o deputado Barbosa Neto (PDT), ressalta que é importante que sejam estabelecidos critérios para o próximo administrador dos portos. “Isso é imprescindível para o Estado e para o País”, explica. Ele cita que somente com a decisão de barrar o escoamento dos transgênicos, estima-se que os prejuízos para economia paranaense foram da ordem de R$ 1 bilhão.“Essa é a conseqüência de uma irresponsabilidade dos portos. Este decreto vem em boa hora para corrigir estes desmandos que estão acontecendo no principal canal de exportação do Estado e um dos maiores do País”, comemora.Má administraçãoOutro que faz coro com o pedetista é o deputado Plauto Miro Guimarães (PFL): “isso é o resultado da má administração do porto nos últimos anos e do descumprimento mais uma vez da lei federal”, diz. Plauto lembra também que governo foi contra a decisão nacional que autorizava a comercialização da soja transgênica, trazendo grande prejuízo e transtorno para os produtores. “A minha expectativa agora é que isso sirva de alerta e que a situação melhore no porto para aqueles que o utilizam”, finaliza.InformaçõesMiguel de AndradeFone: 3350-4193