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Taquígrafa aposentada é homenageada na Assembleia Legislativa

Lílian Rebello iniciou a carreira na Alep em 1961 e, mesmo aposentada, assiste diariamente as sessões plenárias do Legislativo pela TV Assembleia.


Lílian Mary Rebello guarda com orgulho a lembrança dos quase trinta anos em que atuou como taquígrafa da Assembleia Legislativa do Paraná (Alep) – ainda no tempo em que estava sediada no Palácio Rio Branco, hoje sede da Câmara Municipal de Curitiba. Ela começou a trabalhar ainda na década de 1950, justamente na Câmara Municipal, que na época estava situada na Rua do Rosário. Foi admitida por concurso público, tal como ocorreria em 1961 em relação ao Legislativo estadual. Nesta terça-feira (18) a servidora aposentada, nascida em 1929 – que até hoje assiste diariamente às sessões plenárias do Legislativo pela TV Assembleia – foi homenageada pelos deputados estaduais, no mesmo Plenário que ela tão bem conhece.

Ao justificar a iniciativa o presidente da Assembleia, deputado Ademar Traiano (PSDB), leu o currículo da funcionária aposentada acentuando sua dedicação ao Legislativo e suas causas: “Nada mais justo que fazermos uma homenagem a esta pessoa que simboliza e certamente encarna o sentimento de amor dos servidores desta Casa, desde os mais antigos aos mais jovens”. Ao mesmo tempo Traiano reforçou como uma das metas principais de sua gestão à frente do Poder a valorização permanente de seu corpo funcional.

Uma longa jornada – Autodidata, Lílian Mary Rebello lembra que teve que estudar muito para disputar a vaga e dar início a uma carreira que despertou sua atenção meio por acaso, quando o marido a presenteou com um livro sobre o método Samuel Taylor, de taquigrafia.  Decidiu que iria decifrar aqueles sinais completamente estranhos e dedicou-se a estudar com afinco o método. Para treinar, taquigrafou muitos discursos ouvidos no rádio, inclusive do então presidente da República Juscelino Kubitschek, sem imaginar que algum tempo mais tarde iria taquigrafar um discurso feito por ele em visita oficial ao Paraná.

A atividade de taquígrafa lhe deu muitas alegrias, além de um bom salário, que lhe permitiu educar os cinco filhos. Dois deles seguiram a mesma carreira, um na Câmara Municipal e outra, a única filha, Maria Elisa, na própria Assembleia Legislativa. Os dois foram treinados por ela. Aliás, ela teve mais de 40 alunos ao longo da vida. Vários dos atuais taquígrafos em atuação no mercado curitibano foram seus alunos. Instada a falar sobre a profissão, só consegue apontar aspectos positivos: “O taquígrafo precisa ser um bom observador, ter capacidade de concentração e bom ouvido. Precisa ler muito, estar em dia com o noticiário, estar preparado para os mais diversos assuntos. E familiarizar-se com os termos do meio em que trabalha. De resto, terá a oportunidade de aprender muitas coisas sobre os mais diversos assuntos, de informar-se sobre a realidade de seu estado e de seu país, de conhecer pessoas, de ouvir técnicos e especialistas, o que o enriquece e amplia seus horizontes”.

Quando Lilian começou a trabalhar, a parafernália tecnológica hoje posta a serviço da sociedade não era sequer imaginada: “Quando muito, dispúnhamos de um pequeno gravador como ferramenta auxiliar. Depois transcrevíamos as notas usando as velhas máquinas de escrever. Sem dúvida os meios modernos dão maior agilidade e segurança ao trabalho dos taquígrafos, mas ainda não conseguem substituir a confiabilidade oferecida pela presença do profissional. Não é raro, mesmo diante da possibilidade da degravação das falas, o solicitante dos serviços optar pela presença do taquígrafo nas reuniões e eventos que demandem a anotação dos diálogos”, observa.

Revendo os muitos anos de profissão, evoca os grandes oradores que conheceu e que passaram pelo Plenário da Assembleia Legislativa, os discursos de Bento Munhoz da Rocha, a preocupação causada pelo movimento de 1964, que instalou a ditadura militar no país e produziu cassações de mandatos também no Paraná. Essa paranaense de coração, nascida em Rio do Sul, Santa Catarina, reafirma a paixão pela profissão que escolheu e expressa uma convicção: a taquigrafia, vista por muitos como uma técnica exótica e anacrônica, ainda é um importante instrumento para auxiliar os trabalhos dos Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário e, em menor escala, atividades da iniciativa privada e da diplomacia.

 

 

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