Túlio Vargas – um intelectual na Assembleia Legislativa Seu livro mais famoso reconta os últimos dias de vida do Barão do Serro Azul, história que depois seria levada ao cinema, com "O Preço da Paz".

13/09/2018 10h27 | por Vanderlei Rebelo
Dirigido por Paulo Morelli, "O Preço da Paz" levou às telas do cinema a história dos últimos dias de vida de Ildefonso Pereira Correa, numa adaptação do livro "A última Viagem do Barão do Serro Azul", de Túlio Vargas.

Dirigido por Paulo Morelli, "O Preço da Paz" levou às telas do cinema a história dos últimos dias de vida de Ildefonso Pereira Correa, numa adaptação do livro "A última Viagem do Barão do Serro Azul", de Túlio Vargas.Créditos: Arte: Lucas Lambertucci / Alep

Dirigido por Paulo Morelli, "O Preço da Paz" levou às telas do cinema a história dos últimos dias de vida de Ildefonso Pereira Correa, numa adaptação do livro "A última Viagem do Barão do Serro Azul", de Túlio Vargas.

Túlio Vargas também foi procurador-geral de Contas do Estado do Paraná, de 1980 a 1982.Créditos: Acervo do MPC/TCE/PR

Túlio Vargas também foi procurador-geral de Contas do Estado do Paraná, de 1980 a 1982.

Filho do deputado Rivadávia Vargas, que assinou a Constituição Estadual de 1947, descendente de chefes políticos da região de Piraí do Sul, sua cidade natal, e bisneto do líder maragato Telêmaco Borba, Odilon Túlio Vargas (1929-2008) sabia desde jovem que tinha um encontro marcado com a política. “Na minha casa, a gente almoçava e jantava política”, ele recordaria numa entrevista ao jornalista José Wille, em setembro de 1997.

Túlio Vargas disputou a primeira eleição em 1962, mas sua experiência pessoal e profissional nos quinze anos anteriores moldou uma trajetória que iria além dos limites da vida partidária e eleitoral. Ao chegar a Curitiba em 1947, aos 18 anos, começou a trabalhar como locutor esportivo na Rádio Clube, mais conhecida então como PRB 2 – a única emissora existente na cidade. Logo o governador Moysés Lupion fundaria a Rádio Guairacá, para a qual Túlio se transferiu.

Iniciou o curso de Direito na Universidade Federal do Paraná e, além do emprego no rádio, passou a escrever no jornal Paraná Esportivo. Graduado em 1954, radicou-se em Maringá, onde montou uma banca de advocacia. “Tinha ambições maiores e entendi que, indo para o interior, encontraria um campo mais fértil para a realização da minha vocação política”, diz ele na entrevista já citada. 

Segundo um testemunho do jornalista João Féder (1930-2013), cuja amizade Túlio cultivou ao longo de décadas, o jovem advogado teria dito antes de partir: “Vou para o Norte do Paraná e só volto deputado”.

Sua chegada a Maringá coincidiu com a grande geada de 1955, que gerou grave crise e desencorajou negócios. Mas Túlio perseverou, conquistou clientes atuando no Tribunal do Júri e ficou conhecido em vários municípios da região (Mandaguaçu, Ourizona, Paiçandu etc.), que percorria de jipe com um longo par de botas – não havia uma única estrada asfaltada no Norte do Paraná daqueles tempos de desbravamento de novas fronteiras. 

A amizade com o prefeito de Maringá, João Paulino Vieira Filho, eleito em 1961, abriu-lhe as portas para a política. Túlio Vargas filiou-se ao PDC e em 1962, apoiado pelo prefeito, elegeu-se para seu primeiro mandato na Assembleia Legislativa do Paraná. Em 1965, depois de consultar prefeitos aliados, decidiu apoiar a candidatura de Paulo Pimentel governador (embora sua preferência pessoal fosse pelo nome de Affonso Camargo) e em 1966 – agora filiado à Arena, o partido criado no ano anterior para dar sustentação ao governo militar – foi reeleito para um novo mandato de deputado estadual.

Em meio às atribulações da política, sempre arranjava algum tempo para seu hobby particular – a leitura de biografias. Neste período como deputado na Assembleia Legislativa, Túlio esboçou as primeiras páginas de sua biografia do personagem histórico que mais o fascinava: Ildefonso Pereira Correa, que entrou para a história como o Barão do Serro Azul.

Lançado em 1972, quando Túlio Vargas já exercia seu primeiro mandato na Câmara dos Deputados, A Última Viagem do Barão do Serro Azul reconta a vida de Ildefonso Pereira Correa e seus derradeiros dias antes de ser fuzilado pelas forças legalistas. O Barão foi sumariamente executado às margens da estrada de ferro que liga Curitiba a Paranaguá em 20 de maio de 1894, acusado de ter colaborado com os revoltosos maragatos durante a Revolução Federalista. O livro teve várias reedições e em 1999 inspirou o roteiro do premiado filme O Preço da Paz, do diretor Paulo Morelli, em que o Barão é revivido pelo ator Herson Capri.

Reeleito deputado federal em 1974, Túlio abriu mão do mandato para exercer o cargo de secretário da Justiça, a convite do então governador Jayme Canet Júnior. Quatro anos depois foi candidato ao Senado, mas perdeu as eleições para José Richa, o candidato do oposicionista MDB, num momento em que o regime dava sinais evidentes de desgaste.

Ele ainda exerceria funções públicas no segundo governo de Ney Braga (1979/1982). Contudo, passaria a dedicar cada vez mais do seu tempo à pesquisa histórica e a escrever perfis biográficos de personagens paranaenses. Foram mais de vinte títulos publicados nos anos seguintes.

Zacarias de Góis e Vasconcelos – o primeiro presidente da Província do Paraná, em 1853 –, o historiador David Carneiro e Telêmaco Borba foram alguns de seus biografados.

Assumiu em 1994 a Presidência da Academia Paranaense de Letras, em que permaneceu até a sua morte, em março de 2008, aos 78 anos.

 

 

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