Os acidentes de trânsito mataram 43 mil pessoas no Brasil somente no ano de 2014. Desse total, três mil mortes foram registradas no Paraná. Os dados colocam o país na quarta posição do ranking de mortes no trânsito registradas no mundo. Esses e outros dados foram apresentados na Assembleia Legislativa do Paraná nesta segunda-feira (30), como uma das ações do Movimento Maio Amarelo, lançado para chamar a atenção da sociedade para o alto índice de mortes e feridos no trânsito em todo o mundo.
A iniciativa de trazer o assunto ao Plenário foi do deputado Hussein Bakri (PSD), autor do projeto de lei que transformou a campanha em política pública no Estado do Paraná. Um dos oradores durante a sessão plenária foi o vice-presidente do Observatório Nacional de Segurança Viária, Mauro Gil Meger, que ressaltou o impacto do trânsito em outras áreas da sociedade e a importância de se falar sobre o tema. “É importante que a Assembleia e seus deputados conheçam a realidade do trânsito e de como ele tem impacto em assuntos importantes e que fazem parte das tomadas de decisão no Parlamento. Por exemplo, no caso da saúde, nós temos um alto custo com os acidentes e isso reflete diretamente na ação que eles (deputados) forem tomar ou pensar quando discutirem alguma lei em relação à área de saúde. Terão que incorporar o trânsito nessa decisão”.
Segundo Meger, a cada dez leitos do SUS (Sistema Único de Saúde) ocupados, sete são usados por acidentados. Os acidentes de trânsito e suas consequências resultam em um prejuízo anual em torno de R$ 3,9 bilhões. Pelo menos 50 mil pessoas ficam com sequelas em decorrência de acidentes, no espaço de um ano, só no Paraná.
Campanhas – Uma das ações criadas para reduzir o número de acidentes é o Movimento Maio Amarelo, para um trânsito mais seguro e humano. Em apenas três anos, as ações já são consideradas positivas. “O resultado é mais do que positivo, porque se a gente consegue que as pessoas falem no seu dia a dia, no mês de maio, essa mudança de comportamento fica na cabeça delas. Trazendo gente nova para a discussão, que não é o órgão de trânsito, que é a escola, que é a empresa, isso faz com que o resultado seja muito maior. A mudança de comportamento ocorre naturalmente quanto mais a gente falar e quanto mais a gente mostrar os problemas que temos no trânsito”, explica o vice-presidente do Observatório Nacional de Segurança Viária.
Paralelamente, o Detran/PR também desenvolve ações na área da educação. A campanha “31 dias para mudar o Trânsito”, com vídeos mostrando condutas no trânsito, atingiu mais de 2,5 milhões de visualizações. A instituição também distribui material didático e oferece capacitação para professores, para que o tema do trânsito seja trabalhado em sala de aula, de forma interdisciplinar. Mais de 43 mil alunos já receberam orientação para um trânsito seguro. “Nós temos a consciência de que se não realizarmos um trabalho na área de educação, sobretudo com as novas gerações, nós não veremos uma mudança de atitudes e não veremos também revertido o quadro de mortes no trânsito”, alertou Juan Ramón Soto Franco, coordenador de Educação para o Trânsito do Detran/PR.
O Paraná também conta com a Escola Pública de Trânsito. Uma estrutura com 16 estúdios, sendo cinco nas principais cidades do interior, que servem de base para a produção e divulgação de material para formação e reciclagem, atendendo, simultaneamente. 64 cidades em todo o estado. “O que nós precisamos é criar uma consciência de sentimento solidário, de entender que não estamos sozinhos no trânsito, não somos só nós. Esse sentimento de egoísmo é justamente o que traz tantas mortes e tantos acidentes de trânsito”, observa Soto Franco.