19/04/2007 19h11 | por Thea Tavares
Nesta semana, a deputada estadual Luciana Rafagnin (PT) e o coordenador do seu mandato, Leones Dall’Agnoll, acompanharam o presidente do Sistema de Cooperativas de Leite da Agricultura Familiar (Sisclaf), Francisco Pereira da Silva, o diretor do sistema, Altair Celuppi, e a assessora técnica Rosa Maria Urbanowiski, em diversas audiências na capital paranaense. A entidade entregou e discutiu a pauta de reivindicações dos agricultores familiares, produtores de leite no Sudoeste do Paraná, ao governo do Estado, em reuniões com a Emater-PR, a Secretaria de Estado da Ciência e Tecnologia e a Secretaria de Estado da Agricultura e do Abastecimento (Seab-PR). A primeira audiência, pela manhã, aconteceu na Emater-PR, onde o grupo foi recebido pelo Presidente do órgão, Arnaldo Bandeira, e pelo diretor-técnico, Ademir Antônio Rodrigues. Lá, também participou da reunião o Presidente da Unicafes-PR, Ademir Dallazen. O Sisclaf apresentou para Emater a necessidade de investimentos na qualificação da produção leiteira da agricultura familiar, com reforço à assistência técnica e apoio na capacitação e formação dos produtores. E também requisitou a liberação de um profissional para auxiliá-los nos trabalhos com derivados de leite. Hoje, cada agricultor associado repassa um centavo e meio por litro de leite para a cooperativa, a fim de bancar as despesas da organização, mas a maior parte desse recurso é destinado ao pagamento da assistência em técnicas de manejo, melhoria de pastagem e qualidade do leite, visando a adequação às exigências do Ministério da Agricultura (Normativa 51).O sistema atua em 24 municípios dos 42 da região Sudoeste e possui quase cinco mil associados às suas cooperativas locais, que produzem cerca de 4 milhões de litros de leite por ano. Há pouco mais de uma década, de acordo com estudo realizado pela Assesoar e pelo Iapar, a atividade do leite nem era considerada expressiva nas 53 mil propriedades rurais do Sudoeste do estado. Hoje, a região se constitui na segunda bacia leiteira do Paraná, a sétima no país e a maior do estado em número de famílias produtoras, atingindo um volume de 560 milhões de litros por ano. Essa atividade, ao longo dos anos vem se afirmando como uma das mais importantes nas médias e pequenas propriedades rurais e grande responsável pela geração de renda nos pequenos municípios, uma vez que o chamado “cheque-do-leite” garante um retorno mais rápido ao agricultor e coloca em circulação no mercado local o dinheiro que vai pagar as despesas rotineiras das famílias. O próprio presidente da Emater-PR estima que o novo censo agropecuário do IBGE vá apontar a existência de mais de 100 mil famílias produtoras de leite no Paraná, que é o terceiro maior produtor nacional, só perdendo para Minas Gerais e para o estado de Goiás. E Bandeira vem percebendo uma tendência nessa atividade produtiva de crescimento em posição relativa nas regiões abaixo do paralelo 24, como o Sudoeste, Oeste e Centro-Sul do Paraná. Quase a metade dos associados do Sisclaf (47%) produzem até mil litros de leite por mês e 32% desses ficam na faixa entre mil e dois mil litros. Além da organização da produção, o Sisclaf está de olho na necessidade de organizar a comercialização e a agroindustrialização dos derivados de leite da agricultura familiar. Por meio de emendas parlamentares e de investimentos do governo federal foi possível instalar duas plataformas de recebimento do leite na região Sudoeste: uma em Itapejara d’Oeste e outra em Bela Vista da Caroba. Em Itapejara, a estrutura trabalha com a capacidade de receber 100 mil litros de leite por dia e ainda conta com uma pequena agroindústria para beneficiamento do produto, que está em fase de aquisição de equipamentos e ampliação da sua estrutura física. Tanto na Emater quanto na Seab, onde o grupo do Sisclaf conversou com o diretor geral, Herlon Goelzer de Almeida, com o chefe do Deagro, Almir Gnoatto, e também com o delegado federal do Desenvolvimento Agrário no Paraná, Reni Antônio Denardi, as reivindicações dos produtores foram bem acolhidas, mas os organismos dos governos federal e estadual ficaram de estudar as demandas e buscar o melhor caminho para resolver cada ponto da pauta, seja por meio de parceria entre eles ou individualmente nas competências dos órgãos públicos.Na Ciência e Tecnologia, o Sisclaf foi recebido pela secretária Lygia Pupatto, que demonstrou muito interesse em apoiar as ações da entidade e, por meio das universidades públicas, desenvolver projetos para a capacitação e formação dos agricultores familiares produtores de leite e para a divulgação e elaboração de estratégias para a colocação dos produtos diferenciados da agricultura familiar no mercado.O Presidente do Sistema, Francisco da Silva, avaliou como muito proveitosas as visitas. “Em todos os órgãos, fomos bem recebidos e as autoridades ficaram impressionadas com a organização do Sisclaf e com a importância da produção de leite da agricultura familiar para o Sudoeste do Paraná”, diz ele. Também chamou a atenção o caráter social da organização, que coleta o leite mesmo dos agricultores com menor produção, mas na perspectiva da inclusão dessas famílias pela geração de renda que a atividade proporciona. Outra preocupação é com a diferenciação do leite produzido pelas cooperativas do Sistema. A orientação é a de aumentar gradativamente, e para isso a capacitação será fundamental, o número de famílias que adotam práticas agroecológicas e abraçam a produção orgânica de leite – produção a pasto e com cuidados homeopáticos em saúde animal. Em todos os órgãos visitados, as autoridades acenaram ainda com o compromisso de dar continuidade aos convênios já existentes em parceria com o Sisclaf.Jornalista: Thea Tavares (MTb 3207-PR) – (41) 9658-7588Contatos: - Sisclaf: Cooperativa Central de Leite da Agricultura Familiar com Interação Solidária – (46) 3523-9454, com Francisco ou Celuppi e (46) 9911-1921, com Rosa Maria.