
Audiência pública debate a condição da mulher negra no mercado de trabalho.
Créditos: Sandro Nascimento/Alep
A situação da mulher negra no mercado de trabalho e as dificuldades que ela enfrenta no acesso à educação e aos cursos de qualificação profissional foram alguns dos temas abordados durante a audiência pública realizada na manhã desta terça-feira (20), no pequeno auditório da Assembleia Legislativa, para marcar o Dia Nacional de Zumbi dos Palmares e da Consciência Negra. A iniciativa do evento partiu do deputado Tadeu Veneri (PT), que preside a Comissão de Direitos Humanos e de Cidadania da Casa, com apoio da Central Única dos Trabalhadores (CUT) e de outras entidades representativas dos sindicatos e de movimentos sociais.
A primeira palestrante do encontro, Regina Cruz, presidente da CUT-Paraná, fez um breve relato da discriminação salarial que atinge a mulher – ela ganha 30% menos do que o homem no Brasil – e, em particular, a mulher negra. A vice-presidente do Conselho da Mulher do município de Colombo, Claudiamari Santos Rosa, apontou a dificuldade de acesso ao mercado de trabalho, e a secretária de Igualdade Racial da CUT e diretora da APP-Sindicato, Clotilde Santos Vasconcelos defendeu a necessidade de ampliar a oferta de cursos de formação e elevar a escolaridade das mulheres negras, de forma a reduzir as desigualdades e remover os obstáculos ao seu pleno desenvolvimento.
Números – Coube ao representante do Departamento de Gestão do Sistema Público de Trabalho, Emprego e Renda da Secretaria do Trabalho, José Maurino de Oliveira, expor números preocupantes levantados pela Organização Internacional do Trabalho – OIT, acerca da discriminação de gênero e raça num mercado de trabalho dominado pelo homem branco, que detém também a hegemonia dos cargos melhor remunerados. De um modo geral, as mulheres recebem 70% dos salários masculinos. Esse percentual cai para 40,3% quando se trata da mulher negra.
Para Maurino, o Estado é conivente com essa situação quando deixa de realizar campanhas de conscientização mais efetivas e intervenções mais firmes contra a exclusão social. Ele reconhece que houve uma pequena melhora nos últimos anos, provavelmente decorrente do crescimento econômico. Ainda assim, pesquisas mostram que 71% da população brasileira percebe e admite que o Brasil é um país racista.
Também se baseou em dados estatísticos a exposição de Lenina Formaggi e Silva, do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese). Ela referiu-se ao Censo de 2010, que revela a existência de 630 mil mulheres negras no mercado de trabalho paranaense, fatia demasiado pequena num universo de mais de cinco milhões de trabalhadores. O quadro se torna mais grave quando se constata que apenas 19,7% das trabalhadoras negras têm registro em carteira, enquanto 13% são empregadas domésticas, sem carteira assinada e, portanto, sem qualquer proteção social.
A psicóloga Michely Ribeiro da Silva, da Rede de Mulheres Negras traçou um panorama histórico da discriminação racial e de gênero e defendeu ações políticas específicas e integradas visando o combate ao racismo institucional e à promoção de medidas que permitam uma participação maior de mulheres negras em espaços de decisão. Na mesma linha foi a iyalorixá Iya Gunã, Dauzira Maria Aparecida, que trouxe sua experiência de décadas de defesa da cultura negra. Ela constatou que pouco mudou nestes anos todos e que o preconceito permanece forte e transcende a área do trabalho, mostrando que a luta deve ser permanente e de toda a sociedade.
Para o deputado Tadeu Veneri, o debate desta realidade ajuda a transformá-la, seja através da conscientização dos cidadãos, seja por meio da apresentação e implementação de propostas que reduzam a discriminação.
A primeira palestrante do encontro, Regina Cruz, presidente da CUT-Paraná, fez um breve relato da discriminação salarial que atinge a mulher – ela ganha 30% menos do que o homem no Brasil – e, em particular, a mulher negra. A vice-presidente do Conselho da Mulher do município de Colombo, Claudiamari Santos Rosa, apontou a dificuldade de acesso ao mercado de trabalho, e a secretária de Igualdade Racial da CUT e diretora da APP-Sindicato, Clotilde Santos Vasconcelos defendeu a necessidade de ampliar a oferta de cursos de formação e elevar a escolaridade das mulheres negras, de forma a reduzir as desigualdades e remover os obstáculos ao seu pleno desenvolvimento.
Números – Coube ao representante do Departamento de Gestão do Sistema Público de Trabalho, Emprego e Renda da Secretaria do Trabalho, José Maurino de Oliveira, expor números preocupantes levantados pela Organização Internacional do Trabalho – OIT, acerca da discriminação de gênero e raça num mercado de trabalho dominado pelo homem branco, que detém também a hegemonia dos cargos melhor remunerados. De um modo geral, as mulheres recebem 70% dos salários masculinos. Esse percentual cai para 40,3% quando se trata da mulher negra.
Para Maurino, o Estado é conivente com essa situação quando deixa de realizar campanhas de conscientização mais efetivas e intervenções mais firmes contra a exclusão social. Ele reconhece que houve uma pequena melhora nos últimos anos, provavelmente decorrente do crescimento econômico. Ainda assim, pesquisas mostram que 71% da população brasileira percebe e admite que o Brasil é um país racista.
Também se baseou em dados estatísticos a exposição de Lenina Formaggi e Silva, do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Sócio-Econômicos (Dieese). Ela referiu-se ao Censo de 2010, que revela a existência de 630 mil mulheres negras no mercado de trabalho paranaense, fatia demasiado pequena num universo de mais de cinco milhões de trabalhadores. O quadro se torna mais grave quando se constata que apenas 19,7% das trabalhadoras negras têm registro em carteira, enquanto 13% são empregadas domésticas, sem carteira assinada e, portanto, sem qualquer proteção social.
A psicóloga Michely Ribeiro da Silva, da Rede de Mulheres Negras traçou um panorama histórico da discriminação racial e de gênero e defendeu ações políticas específicas e integradas visando o combate ao racismo institucional e à promoção de medidas que permitam uma participação maior de mulheres negras em espaços de decisão. Na mesma linha foi a iyalorixá Iya Gunã, Dauzira Maria Aparecida, que trouxe sua experiência de décadas de defesa da cultura negra. Ela constatou que pouco mudou nestes anos todos e que o preconceito permanece forte e transcende a área do trabalho, mostrando que a luta deve ser permanente e de toda a sociedade.
Para o deputado Tadeu Veneri, o debate desta realidade ajuda a transformá-la, seja através da conscientização dos cidadãos, seja por meio da apresentação e implementação de propostas que reduzam a discriminação.