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Audiência pública evidencia atuação de grupos de autoajuda anônimos do Paraná

Representantes apresentaram os princípios, a história e a presença das organizações no Paraná. Ainda no encontro, os participantes receberam menções honrosas.

Audiência ocorreu no Plenarinho da Assembleia Legislativa na manhã desta terça-feira (16).
Audiência ocorreu no Plenarinho da Assembleia Legislativa na manhã desta terça-feira (16). Créditos: Orlando Kissner/Alep

Apesar dos membros serem anônimos, os grupos de autoajuda precisam ter visibilidade. O princípio foi ressaltado por representantes e gestores de grupos como Narcóticos Anônimos, Alcoólicos Anónimos, entre outros, que participaram da audiência pública “Dando Voz aos Anônimos: ‘Só por Hoje’”, realizada na manhã desta terça-feira (16) no Plenarinho da Assembleia Legislativa do Paraná. “Todo e qualquer tipo de debate que possamos fazer para fortalecer e salvar mais pessoas que estão perdidas nesse mundo [da dependência] é de fundamental importância”, ressaltou o organizador do evento, deputado Gilberto Ribeiro (PL).

O parlamentar protocolou em agosto passado um projeto de lei que reconhece como de relevante interesse público, social e comunitário, as irmandades Alcoólicos Anônimos (AA), Narcóticos Anônimos (NA), Neuróticos Anônimos (N/A), Al-Anon e Alateen no Paraná. "Seu principal intuito é valorizar e dar visibilidade ao trabalho dessas irmandades, sendo sua implementação um marco no apoio à saúde e inclusão", ressaltou Ribeiro na justificativa. O texto se encontra atualmente na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).

Os representantes dos grupos anônimos realizaram palestras sobre a história das organizações e como elas desembarcaram no Brasil e no Paraná. O médico psiquiatra Luiz Renato Carazzai, especialista em alcoolismo e dependência química, além de ex-integrante de AA, abriu a audiência pública explicando os objetivos e princípios gerais que guiam os grupos, como a filosofia dos 12 passos, a autonomia e a autogestão. “O comprometimento com transformações pessoais é importante não somente para o próprio indivíduo. O grupo todo se beneficia, uma vez que os participantes servem como modelos uns para os outros”, explicou.

Ao encerrar sua fala, lançou uma sugestão às entidades. "Embora os membros da irmandade sejam anônimos, os grupos precisam deixar de ser anônimos e precisam ser grupos de informação, não apenas recuperação. Precisam atuar na prevenção dentro de empresas e escolas, levando a mensagem das consequências e dos abusos”, ressaltou.

Trajetórias e presença no Paraná

Em seguida, os representantes abordaram a história dos grupos. Há pouco mais de uma década atuando com os AA, Briza Feitosa Menezes, psicóloga do Tribunal de Justiça do Paraná, reforçou a necessidade de ampliar o conhecimento sobre as organizações. Há hoje 65 grupos de apoio para alcoólicos na Região Metropolitana de Curitiba (RMC). “Com mais visibilidade, a gente pode derrubar tabus em relação à doença do alcoolismo e como é que os AA ajudam nesse tratamento”, destacou.

Derivada e inspirada nos AA, nasceu os Narcóticos Anônimos, dedicada a pessoas a quem as drogas se tornaram um problema maior. Na atualidade, estão presentes em mais de 140 países, realizando mais de cinco mil reuniões semanais somente no Brasil, detalhou Lylian Mary Fagundes da Silva, relações públicas que representou os NA no evento. No Paraná, há 84 grupos de NA em funcionamento, que organizam mais de 220 reuniões semanais. Mary destacou ações de conscientização adotadas pelo grupo, como quando levaram faixas alertando sobre os riscos da dependência em jogos do Campeonato Paranaense.

É também inspirado no sucesso dos grupos anônimos que em 1969, no Carandiru, em São Paulo, foi criado o primeiro Neuróticos Anônimos (N/A) do Brasil. "Neurótica é qualquer pessoa que as emoções interferem no seu comportamento em qualquer grau ou nível, segundo ela mesma reconheça", explicou João Aguinaldo Mendonca, psicanalista e pesquisador social que representou os N/A na solenidade.

Cicatrizes familiares

Os grupos de apoio não se restringem ao cuidado dos dependentes químicos, mas cuidam também das cicatrizes geradas em quem convive com eles. É o caso do Al-Anon, grupos de familiares e amigos de alcoólicos ou dependentes de álcool e outras drogas; e Al-Teen, que reúne adolescentes de até 19 anos com parentes ou pessoas próximas dependentes do álcool ou drogas.

“No início, [os grupos visavam] apoiar familiares alcoólicos. Mas perceberam que eles próprios poderiam se beneficiar dessa experiência, levando-a para famílias que sofriam com o alcoolismo”, explicou Marilia Kravetz, que representou os grupos no evento. Criadas em 1951 nos EUA, as organizações desse tipo atuam hoje em mais de 100 países. Somam 60 no Brasil e 55 no Paraná.

Kravetz falou sobre problemas gerados pelo alcoolismo na família, como a obsessão estimulada em familiares que visam fazer o alcoólico parar de beber; a raiva gerada devido aos problemas; a ansiedade em não saber o dia de amanhã, bem como sentimentos como negação, culpa e vergonha. "O propósito [dos grupos] é levar força e esperança para todos aqueles que convivem com alcoolismo. E como isso acontece? Através do compartilhar de experiências entre os membros e a literatura Al-Anon”, destacou.

O evento também contou com a presença de João Eduardo Cruz, diretor do Departamento de Políticas sobre Drogas de Curitiba, vinculado à Secretaria Municipal de Desenvolvimento Humano (SMDH). Ele abordou a intensificação do vício em jogos com a proliferação de plataformas de apostas esportivas online.

Os participantes também receberam menções honrosas devido à contribuição prestada aos grupos de apoio.

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