O deputado estadual Fernando Carli Filho (PSB) foi o primeiro parlamentar a se opor, publicamente, contra a “PEC do Emprego”, por considerá-la ineficaz no proposto objetivo de conter o desemprego no Paraná. O projeto, de autoria do governador Roberto Requião, pretendia obrigar as empresas que recebem incentivos fiscais a não demitirem, sob pena de perder o benefício tributário, e foi rejeitado nesta quarta-feira 11 pelo plenário da Assembléia Legislativa.Fernando Carli Filho integrou a comissão de cinco deputados que analisaram a matéria previamente e desde o começo foi frontalmente contrário. Segundo ele, o problema não é apenas a aplicabilidade da lei, pois seria impossível fiscalizar todas as empresas, mas, com prioridade, a situação da economia paranaense como um todo. “O Paraná não tem um programa econômico e nem uma política tributária aplicada a sua realidade”, atacou.Afirmando que o governo “parece desconhecer o Paraná”, Fernando Carli Filho lembrou que o estado abriga uma economia diversificada – de clima, solo e culturas – e que o potencial agroindustrial está subaproveitado. “De um lado temos o crescimento concentrado em três ou quatro grandes metrópoles, que convivem com todo tipo de problemas sociais; do outro, o enfraquecimento do interior, que tem abundância de terras, condições ideais para uma melhor qualidade de vida, e não tem apoio nenhum do governo” – comparou.O deputado do PSB disse que além do incentivo fiscal às empresas, reduzindo a carga tributária, é necessário criar linhas de crédito que estimulem novos empreendimentos e também o investimento em pesquisas, através de parcerias com as universidades estaduais. “Nosso foco não é apenas a agroindústria, porque não é só de pão que vive o povo paranaense”, aludiu. “As pequenas e médias cidades também carecem de tecnologia, que auxilie o fortalecimento econômico e a busca de novas alternativas se for o caso”, acrescentou.Para Fernando Carli Filho, o governo deve associar projetos “viáveis” na área econômica com o indispensável aporte de conhecimento e pesquisa no setor educacional, com a implantação de cursos técnicos no maior número possível de municípios e a expansão das universidades. “O mercado quer respostas imediatas, porque a sociedade precisa de trabalho e as empresas, de mão de obra qualificada. E também precisamos qualificar o jovem com formação universitária, para que ele tenha conhecimento não só para trabalhar, mas, sobretudo, para pensar e agir diferente nos momentos que houver necessidade”, explicou ele.AUTONOMIA DOS MUNICÍPIOSFernando Carli Filho sustenta que os municípios têm condições de definir políticas sócio-econômicas regionais, oferecendo subsídios para o governo na formulação de um programa global para o estado, desde que sejam autônoma e legalmente reconhecidos para isso. “Estamos propondo a criação da Região Metropolitana de Guarapuava com essa preocupação: de oferecer as condições necessárias, amparadas em dispositivos administrativos legais, para que os municípios interajam e criem mecanismos de participação empresarial, comunitária e na solução de problemas comuns” – comentou o parlamentar. Segundo Fernando Carli Filho, ocorre hoje um vício na interpretação da legislação que rege a criação de Regiões Metropolitanas. “Para alguns, a Região Metropolitana só pode ser criada quando a população de uma cidade está se misturando com a da cidade vizinha, a chamada conurbação. É um erro, pois isso é resultado do crescimento desordenado, do desequilíbrio econômico, é tentar curar uma ferida social com esparadrapo”, comenta.O parlamentar considera a legislação da Região Metropolitana um “remédio eficaz”, porque força a presença do Estado em todos os municípios, com comissões reconhecidas dentro da estrutura administrativa governamental, e dá autonomia para que as comunidades participem ativamente com projetos sociais e econômicos, inclusive a captação direta de financiamentos para esses programas.