Convidaram para o debate parlamentares que integram as comissões, pessoas da comunidade, representantes de universidades, do setor e da indústria. Cada qual defendeu seu ponto de vista. Paulo Litro justifica o projeto com base em números alarmantes. Segundo o parlamentar, estima-se que 10 milhões de toneladas de materiais plásticos cheguem aos oceanos anualmente, sendo que destas, 100 mil toneladas são de canudos plásticos descartáveis.
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Caso o projeto seja aprovado e o estabelecimento infringir a lei, paga multa de mais de R$ 50 mil, valor que pode ser cobrado em dobro em caso de reincidência. Mas para Eduardo Toot, professor da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e doutor em Engenharia de Automação e Controle Industrial, multar pode até ser efetivo, mas seria necessário que a mudança pudesse ser gradativa, afinal, faz parte da cultura do brasileiro o uso de canudos de plástico. Além dele, os participantes se dividiram nas opiniões ao longo do debate. Só houve concordância em um único ponto: é preciso criar ou fazer valer legislações já em vigor que incentivem a conscientização da sociedade na reciclagem do material plástico que utiliza. Caso da professora e ativista Jéssica Flores.
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O engenheiro civil com doutorado em Engenharia Ambiental, Eduardo Gobbi é favorável à proposta, porque acha que a sociedade passa por um novo momento em que se está questionando hábitos antigos de vida.
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Opinião bem diferente da de Fábio Aguayo, presidente da Associação Brasileira de Bares e Casas Noturnas do Paraná (Abrabar/PR). Ele lembrou que já existe uma lei estadual em vigor há uma década que obriga os estabelecimentos a embalarem hermeticamente (com material plástico) os produtos e que a proibição não se justifica.
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As opiniões também se dividiram entre os deputados Delegado Recalcati (PSD), Tião Medeiros (PTB), Luiz Fernando Guerra (PSL), Requião Filho (MDB), Alexandre Amaro (PRB) e Goura (PDT). Alguns participaram da audiência justamente para conhecer a opinião dos especialistas. Outros, como Requião Filho, são totalmente contrários ao projeto. Ele acredita que é difícil mudar o hábito de vida do brasileiro, além da proposta esbarrar no lobby da indústria em torno da matéria-prima.
A engenheira ambiental, mestre em Engenharia Civil e professora de Saneamento Ambiental, Luciana Mueller, disse que a logística reversa, que trata de devolver ao meio ambiente o que se tirou dele, e agrega valor aos produtos já é uma realidade. Uma alternativa que ela propôs seria a profissionalização dos coletores de material reciclável, o que fazem a economia circular. São os chamados novos modelos de negócios. O problema, segundo Luciana, é que apenas 18% dos municípios brasileiros têm coleta seletiva. Opiniões e sugestões que os deputados consideraram bem-vindas. Tanto que Emerson Bacil, um dos autores, diz que a proposta poderá ser aprimorada a partir da audiência.
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Dirceu Galleas, presidente do Sindicato da Indústria do Material Plástico no Paraná, falou da importância do plástico na sociedade. Ele disse que o problema não é da matéria-prima, mas da falta de educação do brasileiro. Lembrou que o plástico está sendo mal utilizado. Quando queimado, o material gera energia elétrica. Ele concorda que é necessário investir na separação. No Paraná, são mais de 300 indústrias de reciclagem, que precisam de incentivos, como menos impostos.
Ozeias Teixeira de Oliveira, diretor de uma empresa que fornece plásticos, teme que uma “demonização” do material e uma substituição por outros produtos, como papel, por exemplo, faça com que as empresas “quebrem”. Ele garantiu aos deputados que elas têm, a cada dia, melhorado a qualidade dos produtos.
A mestre em Logística da Rede Sustenta Paraná, Gisele Duarte Doetzer, enfatizou que o mercado de plástico é sim, importante, mas precisa estar atento aos materiais inteligentes que vêm surgindo para a fabricação desse plástico: vegetais, por exemplo. Já foram fabricados copos plásticos de amido de milho e de fécula de mandioca, materiais que levam apenas seis meses para se decompor. É preciso, na opinião da especialista, oferecer alternativas sustentáveis e que, ao mesmo tempo, sejam economicamente viáveis.
Da Assembleia Legislativa do Paraná, repórter Cláudia Ribeiro.