Especialistas alertam sobre a importância do diagnóstico da doença celíaca Durante o encontro a médica Lorete Maria Kotze, que pesquisa o problema desde 1968, foi homenageada com o título de Cidadã Benemérita do Paraná.

07/05/2019 17h06 | por Trajano Budola
IV Encontro Estadual do Dia do Celíaco reuniu profissionais da área médica e pais de crianças com a doença.

IV Encontro Estadual do Dia do Celíaco reuniu profissionais da área médica e pais de crianças com a doença.Créditos: Dálie Felberg/Alep.

IV Encontro Estadual do Dia do Celíaco reuniu profissionais da área médica e pais de crianças com a doença.

A importância da conscientização sobre a doença celíaca em crianças e adolescentes foi debatida na Assembleia Legislativa do Paraná (ALEP), na manhã desta terça-feira (7), durante o IV Encontro Estadual do Dia do Celíaco, reunindo profissionais da área médica e pais de crianças com a doença, que afeta cerca de dois milhões de pessoas em todo país. Proposto pelo deputado Evandro Araújo (PSC), o evento teve ainda palestras esclarecendo os avanços da medicina sobre o tema, as ações do Estado e de associações pela prevenção e uma homenagem à fundadora da Associação dos Celíacos do Paraná (Acelpar), a gastroenterologista Lorete Maria Kotze.

“Queremos que este assunto seja cada vez mais discutido. É função do Legislativo dialogar com a sociedade para que surjam projetos de lei e políticas públicas propostas ao governo. É uma doença oculta, muitas pessoas não sabem que a tem, porque o diagnóstico não foi feito, por falta de informação e de acesso à rede pública de saúde”, explicou Evandro Araújo, destacando que o conhecimento precoce ainda é o maior aliado das famílias para minimizar os efeitos da doença desencadeada pelo consumo do glúten, proteína encontrada no trigo, aveia, cevada e centeio.

Selo sem glúten – O dia 20 de maio é marcado por lei estadual como o Dia do Celíaco (nº 18.705/2016). Autora do projeto que originou a lei, a ex-deputada Claudia Pereira, atual diretora da Ouvidoria da Alep, cobrou a regulamentação do Selo sem Glúten no estado. Sancionada em 2016, a lei 18.757/2016 certifica estabelecimentos comerciais que disponibilizem alimentos seguros para os celíacos. “Temos agora a oportunidade de que a iniciativa, pioneira no Brasil, seja adequadamente implantada no Paraná”, afirmou a ex-deputada.

Informação – A disposição em levar à população temas como a doença celíaca, que afeta hoje cerca de 100 mil paranaenses, foi salientada pelo deputado Reichenbach (PSDB). “As famílias comparecem para buscar as informações dadas por profissionais altamente qualificados. É preciso difundir para que o diagnóstico precoce seja feito, já que a doença não tem cura. Consequências de outras doenças podem ser minimizadas e o tratamento iniciado o quanto antes”, afirmou o parlamentar que participou do debate. Também participou do evento o chefe de gabinete da Secretaria de Estado da Justiça Família e Trabalho, Amaro do Nascimento Carvalho, representou o secretário Ney Leprevost; e a jovem Sarah Cendofanti Severino, 12 anos, fundadora da Acelpar Kids.

Diagnóstico – A médica Lorete Kotze, que ao final da cerimônia foi agraciada com o título de Cidadã Benemérita do Paraná, explicou durante sua palestra, que as evoluções nos diagnósticos precoces e início dos tratamentos estão sendo facilitados pelo surgimento de testes sorológicos que identificam indivíduos com chances de serem celíacos. “Antigamente era preciso fazer biópsias, através de endoscopias. Nosso desejo é que a doença fosse diagnosticada em berçários, pois existem marcadores genéticos que podem ajudar na prevenção o quanto antes”, afirmou. “Quanto mais cedo diagnosticar, menos problemas mais tarde. Com as dietas corretas é possível que as crianças e adolescentes celíacos sejam adultos com vidas absolutamente normais”, destacou.

Para a presidente da Associação dos Celíacos do Paraná, Ana Claudia Cendofanti, mãe de duas meninas celíacas, os sinais que podem caracterizar a doença precisam ser conhecidos para facilitar o diagnóstico precoce. Segundo ela, diabetes, lúpus e déficit no crescimento das crianças devem ser observados como fatores associados à doença celíaca, entre outras cerca de 300 enfermidades. “Um em oito celíacos nunca foram diagnosticados, o que atraso muito o tratamento da doença”, afirmou. Ana Claudia palestrou falando das ações da Acelpar pela conscientização e busca de parcerias pela melhoria na qualidade de vida dos celíacos.

A Acelpar informa escolas, restaurantes, hotéis e hospitais acerca dos cuidados com a alimentação e com os riscos que celíacos correm se expostos ao glúten. Locais que manipulam o trigo, por exemplo, podem ocasionar contaminação cruzada. Atualmente Curitiba conta com 15 restaurantes que servem refeições livres da substância e mantém processos de preparo exclusivo, totalmente livre da contaminação. “São estabelecimentos validados por nossa associação. Nem São Paulo tem tantos restaurantes reconhecidos. Temos ainda um piloto em hospital e supervisão das merendas em escolas públicas e privadas, em um trabalho pioneiro”, contou Ana Claudia Cendofanti.

A nutricionista do Departamento de Nutrição e Alimentação do Instituto Paranaense do Instituto Paranaense de Desenvolvimento Educacional (Fundepar), Fernanda Brevinski da Cunha, falou das ações da instituição para a promoção da dieta celíaca na merenda escolar. A nutricionista especialista em nutrição funcional, Pryscila Oms, fez esclarecimentos sobre dietas livres de glúten e da contaminação cruzada.

Homenagem – O título de Cidadã Benemérita do Estado do Paraná à endocrinologista Laurete Maria da Silva Kotze (lei nº 19.512/2016) foi entregue pelo deputado Evandro Araújo e pela ex-deputada Claudia Pereira, que propôs projeto de lei em seu segundo ano de mandato para homenagear a profissional. Doutora em Gastroenterologia Clínica, Laurete Kotze é professora e atende crianças e adultos celíacos. Iniciou os estudos sobre a doença celíaca em 1968 e, em 1971, criou protocolo clínico e histológico sobre o tema.

Em 1998 fundou a Associação dos Celíacos do Paraná (Acelpar), entidade na qual é atualmente consultora científica voluntária. Acumula ainda função na Federação das Associações de Celíacos do Brasil (Fenacelba) e é membro internacional do American College of Grstroenterology. “O que interessa é ter feito algo pela pesquisa e ter ido da bancada acadêmica para a ajuda ao paciente. Poucas pessoas tiveram esta benção. Tenho família na medicina, com esposo e três filhos médicos. Agradeço, após todos estes anos, às pessoas que pude ajudar”, afirmou.

 

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