05/05/2006 15h38 | por Thea Tavares
Curitiba, PR (05/05/2006) – Agricultores familiares do Sudoeste do Paraná vêm aprofundando as discussões sobre as alternativas para o setor. Depois do debate sobre a viabilidade da produção de biodiesel e óleos vegetais, as organizações da agricultura familiar da região discutem o aproveitamento do xisto agrícola e a extração de óleos essenciais a partir de matérias-primas disponíveis no Sudoeste. No dia 12 de maio (sexta-feira), às 9h, acontecerá um seminário no auditório da Assesoar (Av. General Osório, 500 – Cango), em Francisco Beltrão, que reunirá aproximadamente 100 pessoas, com a finalidade de conhecer experiências de outras localidades e desenhar as possibilidades para a realidade da região.Preservar e gerar renda – A extração de óleos essenciais é o tema da palestra que será proferida pelo pesquisador Nei Hansem de Almeida, diretor do curso de Engenharia Química da Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR). No município de Fazenda Rio Grande, região metropolitana de Curitiba, a PUC-PR possui uma unidade-piloto de extração de óleos essenciais, que passam por um processo de purificação para agregar maior valor a esses produtos. Entre as madeiras utilizadas nesse processo, o professor destaca a canela de sassafrás, o craveiro e o Eucalipto viminalis como as mais propícias à região de Curitiba para esse fim e lembra que, por meio de um manejo sustentável, é possível trabalhar com essas plantas de reservas florestais (que têm corte proibido por lei), apenas fazendo a poda das árvores.A PUC-PR realiza experimentos também com o capim-limão, a citronela e a camomila na fabricação de óleos usados nas indústrias farmacêutica e de perfumaria. Dependendo do material, a unidade-piloto manipula cerca de 400 quilos de matéria-prima para extrair de 0,3 a 2% de óleo-essência. Almeida lembra que os agricultores familiares do Sudoeste do Paraná podem pensar tanto a produção de óleos essenciais quanto a obtenção de biodiesel do soja, do girassol ou do nabo forrageiro, que já foram testados pelos pesquisadores da instituição. “Também estamos aproveitando o óleo de soja utilizado nas lanchonetes para fazer frituras e isso não tem quase custo nenhum para nós”, diz Almeida, que relata a pesquisa desenvolvida em laboratório do campus da PUC no bairro do Prado Velho em Curitiba. Ao todo, três pesquisadores e seis estudantes, entre estagiários e bolsistas de iniciação científica, estão envolvidos nos estudos com biodiesel e óleos essenciais. Nei Almeida comenta também que é vantajoso ao agricultor familiar o aproveitamento dos resíduos do processo de extração de óleos na adubação do solo ou como fertilizante natural. “Galhos, madeiras e folhas da canela, do craveiro e do eucalipto, por exemplo, são triturados. Para se extrair o óleo, esse material passa por um processo de arraste a vapor d’água, que deixa resíduos que servem de matéria orgânica tanto para florestas quanto para os cultivos agrícolas”, conclui.Xisto Agrícola – A usina de xisto da Petrobrás, que fica em São Mateus do Sul possui hoje parcerias em pesquisas de aproveitamento dos subprodutos do xisto na agricultura tanto com o Instituto Ambiental do Paraná (Iapar), quanto com a Embrapa Clima Temperado, que é a unidade da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária que fica em Pelotas-RS, envolvendo cerca de 50 cientistas em 8 linhas de pesquisa desses experimentos. Da água de xisto, do calcário e dos resíduos rochosos, só pra citar alguns, poderão ser produzidos fertilizantes convencionais e agroecológicos, segundo apontam os estudos da Petrobrás, e isto deverá representar uma significativa economia nos custos da produção agrícola, pois estes produtos poderão, no futuro, concorrer com os fertilizantes importados, encontrados no mercado brasileiro de insumos. Reduzir custos para a agricultura familiar é uma das formas de garantir o sucesso dos seus empreendimentos. A Petrobrás já vem testando diversas formulações para esse fim e o gerente de comercialização da unidade, Waldemar Jiro Torii, lembra que estes estudos estão em concordância com a missão da estatal, que foca a sua atenção na responsabilidade social e ambiental. “Quando investimos na melhoria da produtividade e na elaboração de alternativas para viabilizar a agricultura familiar é porque acreditamos que a geração de renda neste setor é fundamental ao desenvolvimento de toda uma região”, diz Torii.Há tempos, as organizações da agricultura familiar vêm percebendo a necessidade de se pensar um modelo de produção alternativo, que respeite a legislação ambiental e gere tecnologias de recursos renováveis. Perspectivas como a do biodiesel, dos óleos vegetais, dos óleos essenciais e do xisto agrícola aparecem nesse debate como atividades que possam trazer renda aos agricultores familiares e agregar valor aos seus produtos. As entidades promotoras do seminário de Francisco Beltrão são: a Fetraf-Sul/CUT, a Central Cresol Baser, a Cooperiguaçu, a Assesoar, a Coopafi, a Unicafes, a Capa, a Arcafar-Sul e o Sisclaf.Jornalista: Thea Tavares (MTb 3207-PR) – (41) 9658-7588.Contatos:- Fetraf-Sul/CUT: com Marcos Rochinski – (41) 8403-8057 / 3232-4649;- Central Cresol Baser: com Vanderley Ziger ou Ari de David – (46) 3524-1981 ou Carla Coloniese (assessora de Comunicação);- Cooperiguaçu: com Olivo Dambrós - (46) 9912-2680 e (46) 3523-1245;- Petrobrás/São Mateus do Sul: com Waldemar Jiro Torii, Luiz Alberto Medeiros Novicki (operador de processamento) ou Valmor Neves Viana (engenheiro mecânico) - (42) 3520-7125, 3520-7124 ou 3520-7129;- PUC-PR: com o professor Nei Hansem de Almeida – (41) 3271-1410;- Deputada Estadual Luciana Rafagnin – (41) 3350-4087 / 3350-4249. No escritório de Francisco Beltrão: (46) 3524-0939 – ou na Internet: www.lucianapt.org / rafagnin@pr.gov.br.