Os deputados da bancada da Oposição lamentaram a chacina ocorrida no final de semana em Curitiba, em que oito pessoas morreram, mas relataram que esse não é um caso isolado. Segundo o deputado Luiz Carlos Martins (PDT), há praticamente uma chacina a cada final de semana em Curitiba.“Somente nesse final de semana foram 49 corpos que passaram pelo Instituto Médico Legal na capital. É uma situação muito preocupante”, disse Martins.O deputado relatou que tem acompanhado a idade das pessoas assassinadas em Curitiba e Região Metropolitana e constatou um índice assustador de jovens entre as vítimas.“Estão matando nossos jovens. E o futuro do nosso estado como fica?”, questionou. “Quem poderá nos substituir aqui na Assembleia, no Governo se nossos jovens estão morrendo?”.O parlamentar questionou a capacidade das polícias civil e militar de agirem para repreender determinadas ações da bandidagem.“O toque de recolher acontece em vários locais de Curitiba e Região Metropolitana. Existem locais que a polícia tem que pedir autorização para poder entrar. A polícia é uma das instituições mais bem informadas. Ela não sabia que essa chacina ia acontecer?”, indagou.Martins fez um apelo para que o governador Roberto Requião tome uma atitude urgente. “A situação é grave. Os moradores de todo o Paraná estão estarrecidos com os altos índices de violência. O povo espera por uma atitude enérgica do governador, porque do jeito que está não pode continuar”.O deputado Mauro Moraes (PSDB) que vem há anos alertando sobre a escalada da criminalidade do Estado, contestou as recentes declarações do secretário de Segurança, Luiz Fernando Delazari, de que as pessoas estão com a sensação de insegurança.“Não é uma sensação, é uma realidade cruel. O caos em termos de segurança tomou conta não só de Curitiba, mas de todo o Paraná”.Segundo Moraes, a cada quatro horas há um assassinato na região de Curitiba e a cada hora um assassinato no Paraná.“Não dá mais para conviver com essa inversão de valores, onde a população de bem está aterrorizada, amedrontada, construindo a própria prisão em suas casas, enquanto que a bandidagem transita livremente pelas ruas de nossas cidades”.O líder do PSDB na Assembleia, deputado Ademar Traiano, relatou que as cobranças realizadas pelos deputados da Oposição não são críticas infundadas.“Não fazemos críticas por fazer. O governo tem que se fazer presente. Deixar que um bairro seja fechado, onde está a presença do Estado?”, cobrou. “Está omisso. O medo está instaurado no Paraná e a segurança da população deixa muito a desejar”. RoneO deputado Plauto Miró Guimarães (DEM) apresentou uma denúncia preocupante e que segundo ele pode ter contribuído para que a chacina ocorresse.De acordo com o deputado uma decisão da Secretaria de Segurança Pública determinou que as viaturas da Rone deixassem de realizar operações na cidade de Curitiba e ficassem dentro do quartel.“Não satisfeito, na sexta-feira (02) o secretário determinou que sete viaturas fossem transferidas para a cidade de Foz do Iguaçu. A Rone em Curitiba ficou desfalcada, praticamente sem viaturas, e no domingo aconteceu essa tragédia. Tiveram que improvisar para que os policiais pudessem atender ao chamado”, denunciou. “O que está acontecendo? Será que fizeram isso para a polícia não trabalhar mais?”, questionou. RequerimentoO deputado Valdir Rossoni (PSDB) apresentou um requerimento convocando o secretário de Segurança, Luiz Fernando Delazari, mas este foi barrado pela liderança do governo, sob alegação de que no dia dezenove de agosto pedido semelhante havia sido rejeitado.“Não apresentei o requerimento por causa dos últimos acontecimentos. Tenho percorrido o Estado e a segurança está em dificuldade”, justificou. O líder da bancada da Oposição, deputado Élio Rusch (DEM), contestou a morosidade da Assembleia em agir.“Nós deputados não podemos ficar de braços cruzados como se nada tivesse acontecendo. Não é possível que essa Casa fique esperando, é preciso agir”.Mesmo sob a alegação de que o plenário é soberano e que se assim decidisse o requerimento poderia ser colocado em votação serviu de argumentos para que ele fosse votado.“A sociedade espera uma atitude concreta do governo para resolver o problema da falta de segurança. A convocação do secretário serviria para sabermos o que está sendo feito pela polícia para coibir as ações de violência. O secretário tem por obrigação comparecer a essa Casa para prestar contas. Ele deveria vir de forma espontânea, mas foge da Assembleia”, lamentou Rusch.