Liderança do Governo - Deputado Luiz Claudio Romanelli (pmdb)

02/02/2009 11h25 | por Zé Beto Maciel / 41 3350-4191
A incipiente historiografia brasileira teima esquecer o Paraná como estado precursor das “Diretas Já” e a imprensa local, por sua vez, relegou parte dos seus personagens num mero registro burocrático do movimento que a partir das cidades paranaenses se espalhou e marcou a retomada da vontade popular no Brasil. Se nas páginas dos jornalões, a data do início movimento registrou o comício da Praça da Sé em São Paulo no dia 25 de janeiro de 1984, a manifestação da Boca Maldita, 13 dias antes em Curitiba, mereceu da imprensa local, uma retranca – matéria de suporte daquilo que imprensa nacional estava publicando. No último dia 12 de janeiro, os jornais paranaenses também esqueceram o comício de 25 anos atrás. A imprensa pode ter ignorado, mas a importância do movimento no Paraná ainda é muito bem lembrada por quem viveu aquele momento e pegou fogo nos blogs, colunas eletrônicas, comentários e no espaço destinado aos leitores dos jornais. “Se dá pouco importância a nossa própria história recente, diga-se de passagem, mas as ‘Diretas Já’ merece um registro mais apurado, detalhado, da sua importância no processo político. Nota-se: nós não votávamos para presidente e nem para prefeito das capitais e das cidades situadas nas chamadas áreas de segurança nacional. E ainda estava no Presídio do Ahú o último preso político do país: o jornalista Juvêncio Mazzarolo”, aponta o deputado Luiz Claudio Romanelli (PMDB). COMÍCIOS POR TODO PARANÁ Romanelli é um dos personagens centrais do movimento do Paraná. Na função de secretário-geral do PMDB, coordenou a logística dos comícios não só em Curitiba como na maioria das cidades paranaenses: Londrina, Foz do Iguaçu, Maringá, Cascavel, Toledo, Guarapuava, Ponta Grossa, Medianeira, Cambé, Apucarana, Arapongas, Laranjeiras do Sul e Rolândia. A proposta dos comícios, segundo Romanelli, nasceu nos gabinetes da Assembleia Legislativa. “Já se tinha clima no país inteiro, mas vivíamos ainda sob a exceção do governo João Figueiredo. O PMDB do Paraná se destacava pela rebeldia. O governador Roberto Requião era deputado estadual assim como o Acir Mezzadri e outros companheiros. Foi nos gabinetes da Assembleia que se deu o estopim: vamos começar o movimento pelo Paraná”, disse Romanelli. Requião - lembra Romanelli - abriu o comício da Boca Maldita que teve a participação ainda de Tancredo Neves, José Richa (governador do Paraná, á época), Ulysses Guimarães, Leonel Brizola, Franco Montoro, da atriz e deputada Bete Mendes (na época no PT), e de personalidades – hoje, seriam classificadas como celebridades – como Osmar Santos (se tornou locutor oficial dos comícios em todo Brasil), Raul Cortez, Dina Sfat, Ruth Escobar, Martinho da Vila, Irene Ravache. Fafá de Belém, Wando, Belchior e Miran animavam os comícios pelo Paraná¹. “Lembro que o doutor Ulysses cantou a música Inútil (a gente não sabemos escolher presidente), do Ultraje e Rigor. Aqui, também, foi cunhado o slogan que pouco depois se espalharia pelo País até o comício consagrador na Praça da Sé, em São Paulo: Eu quero votar para presidente”². “É necessário destacar também o papel exercido pelo desembargador Otto Luiz Sponholz, então presidente da seção estadual da OAB. Sponholz era o presidente do comitê suprapartidário pelas Diretas Já e teve fundamental importância no processo de redemocratização no estado”, comenta Romanelli. O senador Álvaro Dias, outro personagem central da campanha no Paraná, está correto em apontar os receios de José Richa com o movimento e, propriamente, na participação do então governador no comício que reuniu 50 mil pessoas naquela noite de 12 de janeiro na Boca Maldita. “O Álvaro também tinha seus medos. Tanto é que o comício da Boca Maldita também não é o primeiro no Paraná. Ele pediu e fizemos comícios antes em Campo Largo e em outros três ou quatro municípios da região metropolitana. Como deu certo – teve a participação do Wando -, ficamos seguros e desencadeamos o grande comício em Curitiba e nas outras cidades do Paraná”, disse Acir Mezzadri, deputado estadual na ocasião e hoje coordenador do Fórum Popular contra o Pedágio. PAUTA DE BLOGS E COLUNAS Nas colunas e nos blogs, o assunto pegou fogo. Geraldo Serathiuk, diretor da Imprensa Oficial, lembra de outros personagens do movimento no Paraná: Nelton Friedrich, Fábio Campana, Horácio Racanello, Glaus Gerner, além de “de outros membros do governo Richa que trabalharam duro a favor da mobilização, já que muitos membros daquele governo eram contra”. “Outra dia, uma repórter me ligou, pois eu era na época, presidente do DCE-PUC, UPE, CEU e Juventude do PMDB - onde se dava toda a mobilização”, lembra Serathiuk. “Passei os nomes acima e mais o de Requião, Mezzadri e Haj Mussi que ajudou na época, pois era secretário de Segurança”. Em e-mail para Mussi, Serathiuk lembrou-o: “Outro dia quando uma repórter ligou para falar sobre as Diretas, contei que você foi fundamental no processo de mobilização. Afinal, dentro do governo muitos eram contra o comício, pois o Figueiredo tinha reunido os governadores e pedido para impedir mobilizações populares nos estados. Ordem que muitos desobedeceram graças a Deus”.MAIS VERSÕES E OUTROS FATOS Vitório Sorotiuk, irmão do diretor da Imprensa Oficial, esclareceu mais alguns pontos com a sua versão do que aconteceu no comício na Boca Maldita e, posteriormente, com o movimento. “O primeiro comício foi de iniciativa do PMDB. À época o presidente do diretório estadual era o atual senador Alvaro Dias. Foi com ele com quem entabulei a participação do PT naquele comício. Entrei em contato com a direção Nacional do PT que enviou o deputado estadual de Minas Gerais, João Batista dos Mares Guia. Com o Alvaro, discutimos a participação de outras personalidades e decidimos convidar a deputada federal do PT, Bete Mendes. Ao final foi a Bete Mendes que abriu o primeiro comício, depois de uma troca de opiniões sobre a lista e ordem dos oradores que segurava no palanque o Romanelli”, disse. “Já no segundo comício na Boca Maldita foi diferente. Tancredo Neves não veio, pois já estava negociando. Luis Inácio Lula da Silva e Brizola se fizeram presentes. O PMDB já não mais aceitou o cartaz ficou à meu encargo em fazer. Cortaram algumas palavras de ordem. Tudo conseqüência da escolha do caminho do colégio eleitoral e já não mais a pressão das ruas. Aí somente o setor mais à esquerda do PMDB era o nosso aliado”, completa. O professor Mário Figueiredo diz que se sente honrado em participar dessa “história” juntamente com Paulino Delazari (então presidente da juventude do PMDB), Ivo Pugnaloni, Antonio Siqueira e outros que não lembra e de “ter proposto o primeiro comício das Diretas no Brasil”. “De início apresentamos a ideia ao Nelton Friedrich que pediu que a gente sustentasse melhor. Voltamos com mais argumentos e ele sugeriu que levássemos a ideia ao então presidente do PMDB, Álvaro Dias. Apresentei a ideia ao Álvaro, afirmando que, no mínimo, a gente reuniria cinco mil pessoas. O Álvaro comprou a idéia. O resto, o comício com 50 mil pessoas, é história com h maiúsculo conhecida de todos”.VONTADE POPULAR No Paraná, o movimento Diretas Já e a mobilização popular, junto a abertura política, logo possibilitou a eleição para prefeito em 1985 nas capitais e cidades da área de segurança nacional, Requião foi eleito primeiro prefeito de Curitiba pós ditadura. O mesmo aconteceu com Dobrandino da Silva, atual deputado estadual, em Foz do Iguaçu e em outras cidades do Paraná: Guaíra, Santa Helena, São Miguel do Iguaçu, Santa Terezinha e Medianeira. Em 1986, Alvaro Dias sucede José Richa no comando do Estado pelo PMDB e faz seu sucessor, Roberto Requião. “Foi um período hegemônico do PMDB no Paraná e muito importante para a nossa história. Além das Diretas Já, também temos que registrar, de uma forma ou outra, a votação contra o Pedágio na Assembleia Legislativa e as manifestações e todo processo que barrou a venda da Copel. São momentos dignos de registros detalhados para a nossa história”, aponta Romanelli. 1 - Se falar em Wilson Lopes de Carvalho ninguém por essas bandas do Paraná ouviu falar. Mas se você falar em Miran, as coisas mudam. “Rapaz, cantei de tudo nos comícios era eu e Wando. O Belchior só ia nos principais e a Fafá de Belém ameaçou não cantar o hino nacional se pagava o cachê dela em dinheiro. Eu fui pela raça, sangue, estava envolvido política e ideologicamente com as Diretas já”.2 - Sobre a campanha publicitária das Diretas – slogans (Eu quero votar para presidente e Diretas Já), cartazes, bandeiras, faixas, folders, etc -, outro personagem daquele momento, Bira Menezes, esclarece outro equívoco. “A campanha foi criada na Exclam, há 25 anos, e teve na sua criação e coordenação a participação de Sergio Mercer, Ernani Buchmann, Antonio de Freitas” e do próprio Bira. Noticioso eletrônico apontava Buchmam como criador das peças, o que em seguida, foi corrigido.

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