Em entrevista ao Jornal Mercosul, presidente do PMDB convocou peemedebistas para o Encontro Nacional de Lideranças do PMDB, sábado 21 de novembro em Curitiba O PMDB do Paraná quer avançar na consolidação das políticas públicas implantadas nos últimos seis anos e meio nos governos Requião (Paraná) e Lula (Brasil) e na defesa pela manutenção de empresas estratégicas sob gestão pública. A informação é do presidente estadual do PMDB, deputado Waldyr Pugliesi, em entrevista nesta segunda-feira (16) ao Jornal Mercosul, que vai ao ar ao meio dia pela Rede Mercosul. “Queremos a Copel e a Sanepar. empresas estratégicas sob o controle público”. “Temos receio que o próximo presidente da República possa fazer agressões indevidas ao Banco do Brasil e a Caixa Econômica”, completou Pugliesi. Segundo o deputado, a defesa das políticas públicas e das empresas estratégicas são algumas das temáticas que vão integrar o programa nacional que o partido começa discutir sábado (21) em Curitiba, no Encontro Nacional de Lideranças do PMDB. O evento, das 10h às 13h30, será realizado no centro de convenções do Hotel Pestana Curitiba. Pugliesi lamentou, durante a entrevista, a falência e a venda do Banestado, numa ação que classificou de “equivocadíssima” do ex-governador Jaime Lerner (DEM). Até hoje o Governo do Estado paga R$ 66 milhões mensais para cobrir o rombo. “O que é que fizeram com o patrimônio que o povo brasileiro construiu ao longo de tantos e tantos anos? Todo o Paraná se reúne através de décadas e constrói um banco para desenvolvimento do seu povo, aí vem alguém e acaba com isto”, destacou. ENCONTRO AMPLO – “Nós aqui, no Paraná, queremos convocar todos os peemedebistas, lideranças nacionais, para a gente fazer esta discussão, de um programa de governo a ser implantado”, informou Pugliesi. Segundo ele, o programa vai dar um rumo ao partido na convenção nacional de junho de 2010, quando o partido vai definir de maneira democrática se terá candidatura própria ou vai para uma possível coligação. O presidente do PMDB foi entrevistado ao vivo pela jornalista Lígia Gabrielli, com intervenções de Vando Aguiar, da sucursal da emissora em Colorado, no Norte do Estado. No programa, Pugliesi respondeu ainda sobre a possível participação do presidente nacional do partido e defensor da coligação com o PT deputado federal Michel Temer (PMDB-SP) no encontro de Curitiba. Pugliesi também falou da possibilidade de Requião ser lançado à presidência pelo PMDB, da construção da candidatura do vice-governador Orlando Pessuti ao Governo do Estado, da queda do palanque em Paiçandu e uma possível candidatura sua à Câmara Federal dos Deputados.Leia a seguir a íntegra da entrevista: Lígia Gabrielli – O PMDB quer avançar num plano de discussão para o Brasil. Este projeto de amplitude nacional exige um foco nas eleições de 2010? Waldyr Pugliesi – Claramente. O que nós aqui do Paraná estamos pretendendo é entrarmos nas discussões que nos levarão a eleição de 2010, para a gente ter um plano de governo, um rumo para ser executado. A direção nacional se reuniu, através de alguns dos seus membros com componentes do governo Lula e com o próprio presidente da República. Bom, o que é que eles acertaram? Não sei. Acertaram em nome de quem? Nós queremos participar da candidatura compondo a chapa com a ministra Dilma Rousseff (Casa Civil), mas a gente fazer parte por fazer parte não é o suficiente. O que o PMDB do Paraná sempre quis e luta por isto é o seguinte, é preciso ter um rumo. O que nós vamos fazer, por exemplo, para que a população brasileira possa receber os benefícios, digamos, da extração do pré-sal? Então, não é simplesmente falando “não, o PMDB entra com a vice-candidatura, vai fazer parte do governo, vai receber mais uma diretoria, vamos dizer, de uma estatal”. Não é isto que queremos, nós queremos avançar na direção da definitiva colocação das políticas públicas. Aquilo que nós fizemos aqui no Paraná, queremos que as empresas estratégicas, por exemplo, a Sanepar e a Copel, pena que espatifaram com o Banestado, nós não queríamos isto. Estamos pagando muito, até hoje por isto e pagaremos por muitos anos ainda a respeito desta decisão equivocadíssima que o governo (Jaime) Lerner tomou. Então nós queremos a Copel, nós queremos a Sanepar presentes. Empresas estratégicas sob o controle público. Nós temos receio que o próximo presidente da República possa fazer agressões indevidas ao Banco do Brasil, a Caixa Econômica. O que é que fizeram com o patrimônio que o povo brasileiro construiu ao longo de tantos e tantos anos? Como estava dizendo a pouco do Banestado. Todo o Paraná se reúne através de décadas e constrói um banco para desenvolvimento do seu povo, aí vem alguém e acaba com isto. Então nós aqui, no Paraná, queremos convocar todos os peemedebistas, lideranças nacionais, para a gente fazer esta discussão, de um programa de governo a ser implantado. Quais as chances dos líderes – Michel Temer e outros governadores – participarem da reunião? Logicamente que nós não somos ingênuos. Então vejam bem, tenho todo respeito pelo presidente Michel Temer, é um quadro extremamente qualificado. Até lembro que quando fui presidente do PMDB, esta é a quarta vez que presido o partido, quando ainda estávamos formatando programas para serem desenvolvidos aqui, estávamos na construção de lideranças, muitas vezes eu como presidente do PMDB do Paraná, convoquei, convidei o presidente Temer, que não tinha presença política na época, para que viesse aqui dar palestras e participar destas discussões. Mas veja bem, ele já caminhou bastante e inclusive não é segredo para ninguém, que o nome mais apropriado para compor a chapa com a ministra Dilma Rousseff é o do Temer. A gente sente no meio dos deputados federais e outras lideranças do Brasil, que o encaminhamento é neste sentido, uma candidatura Dilma Rousseff-Michel Temer. Mas nós queremos discutir isto aqui, nós queremos candidatura própria ou não? Que é a própria discussão que travei e desencadeei aqui no Paraná, na direção da candidatura do Pessuti ao Governo do Estado. Os peemedebistas aqui do Paraná também cogitavam o próprio governador Roberto Requião nesta disputa presidencial. Não se fala mais nisto? Não é que não se fala, nós precisamos ser bem pragmáticos no bom sentido e objetivos. O Requião tem todo o nosso apoio, dos verdadeiros peemedebistas, para ser o nosso companheiro para empunhar esta bandeira do desenvolvimento nacional. Agora, precisamos ver aquilo que podemos contar. Então, nesta discussão, esta abertura de discussão pode caminhar neste sentido, tanto é que no convite coloco: “olha, teremos candidatura própria ou faremos coligação?”. Então, tanto a candidatura própria quanto a coligação, se nós a fizermos, precisam estar escoradas neste programa de governo, que possa ser benéfico para os brasileiros, senão não teria sentido. Seria um programa nacional de cunho mais econômico? Não, ele teria que englobar toda a problemática de governo. Estamos com problemas não só no meio ambiente, vamos dizer, mas problemas em todos os lugares. Que nem agora, vem aqui o dirigente do Irã. Vi uma entrevista aí, houve uma confusão do vereador, porque lá no Irã vivem os persas, eles não tem nada. Quando se fala em homem-bomba esta coisa toda, você se desloca para o Paquistão, para os árabes, vamos dizer, os muçulmanos. Então, os persas estão noutra. Agora, o Brasil precisa dar esta lição, que temos condição de fazer isto, de entendimento. Aqui os judeus e os palestinos não vivem em paz? Porque é que um quer tomar o território do outro? Bom, mas nós não somos os donos da verdade. Agora acho que o presidente Lula está correto. Que venham. O Peres esteve ai, o Shimon, o líder israelita. Que venha o líder do Irã. Nós precisamos dar esta lição, nós brasileiros, de abrirmos as discussões. Agora, internamente a gente precisa fazer o quê? Aplicar a democracia interna. Não é possível, por mais respeito que tenhamos de todos os dirigentes do partido, não é possível que a gente entregue para eles “olha, vocês façam o que quiserem”. Não é assim. Tem que consultar todos? Claro. Depois outra, por exemplo, deixa falar um pouquinho aqui, pichei muros pela criação da Petrobrás – “O Petróleo é Nosso”. A polícia corria atrás da gente dizendo que aqui não tinha petróleo, hoje nós extraímos dois milhões de barris de petróleo por dia. Nós abrimos a discussão e fomos atrás de alcançar resultados. Então nós, do PMDB do Paraná e os peemedebistas verdadeiros de todo o Brasil, não temos vocação para ser acessório de quem quer que seja. Queremos discutir, abrir o caminho, propor. É isto que vamos tentar fazer aqui no dia 21 com as lideranças nacionais do PMDB. Vando Aguiar (de Colorado): Deputado, o senhor estava no palanque com o governador Roberto Requião que desabou em Paiçandu. Como foi esta experiência para o senhor? Bom, na realidade a gente sofre contusões. Recebi alguns pontos na perna, mas estou contundido. Mas, isto acontece. O senhor já passou por outras situações assim? Já. Há muitos anos com o ex-governador José Richa, o palanque também desabou. Ele, se não me engano, era candidato, foi na cidade de Ibaiti. Então, estas coisas acontecem, porque... antigamente nós mesmos, mais moços, o que a gente fazia? Saia de um palanque, pegava um carro e saia dirigindo de maneira malucada, poderia dizer, para alcançar comícios em outros lugares. Fazia vários comícios no mesmo dia. O importante lá em Paiçandu não foi a queda da estrutura, que foi mal construída, na realidade foi a entrega de muitos ônibus que mostra um grande programa. Imagina todos os municípios recebendo ônibus, todos não, só aqueles com mais de 100 mil habitantes que não. Mas todos recebem ônibus de última geração com todos os equipamentos, motoristas qualificados, inclusive para prestar os primeiros socorros, esta coisa toda. Este é um grande programa e as outras coisas que nascem ou se consolidam quando da presença do governador destes eventos interioranos. Vou aproveitar um comentário do senhor, que disse que caiu de um palanque com o candidato José Richa. Hoje em dia esta discussão de Governo de Estado inclui o PSDB no Paraná e o nome do filho dele, Beto Richa, também é cogitado e alguns deputados do PMDB chegaram a se manifestar favoráveis a este apoio. O que o senhor acha disto? Acho que todas as coisas precisam ser discutidas em profundidade. Meses atrás, quando ainda esta questão não era colocada, como presidente do partido, levei para discussão o seguinte: teremos candidatura própria ou não? Então a maioria da Comissão Executiva decidiu pela candidatura própria. Na mesma hora propuz, até me lembro que falei o seguinte: candidatura própria tem nome, se chama Orlando Pessuti. É o nosso companheiro que está aí, acompanhando o governo Requião, fazendo parte dele há quantos e quantos anos. É um homem que está preparado. Todo mundo gosta pessoalmente do Pessuti e se esquecem alguns que ele está extremamente preparado para ser o governador. Bom, mas esta é uma posição clara minha e de muitos e muitos companheiros. Agora, logicamente que nesta hora que antecede as eleições, todo mundo está conversando com todo mundo. Eu mesmo, como presidente do partido, converso com dirigentes partidários, ou mesmo não sendo dirigentes de muitos e muitos outros partidos e os companheiros também fazem a mesma coisa. Agora, o que precisamos é ter uma decisão muito forte neste sentido, o PMDB tem candidato. Estamos fazendo a construção da candidatura do companheiro Orlando Pessuti. Dedico a maior parte do meu tempo para fazer isto, a construção da candidatura do PMDB, que é a candidatura do companheiro Orlando Pessuti. Agora, as tratativas com outros partidos e todos estão conversando com todo mundo. Até falei um dia, ironizando, brincando, que nesta época a gente via até bactéria conversando com penicilina. Quer dizer, está todo mundo conversando com todo mundo, mas o PMDB tem candidato. Aqueles que quiserem a nossa candidatura do PMDB, em cima de um programa, sejam bem vindo. Vando Aguiar (Colorado): Deputado, o senhor está sempre presente aqui nas regiões Norte e Noroeste do Estado. Na última sexta-feira (13) o senhor esteve aqui em Colorado inaugurando uma ponte para atender as necessidades dos produtores rurais e também das indústrias. Destes movimentos, a população pode esperar mais um representante na Câmara Federal? Não. Não sou candidato a deputado federal. Gostaria de dizer não só para o pessoal de Colorado e da região, de todo o Paraná, que sou um estudioso da política. Fui três vezes prefeito, fui deputado federal constituinte, três vezes deputado estadual, fui diretor do Porto de Paranaguá, fui secretário dos Transportes. Então, sou um quadro qualificado, me perdoem a falta de modéstia. Fiz esta longa caminhada sem perder o entusiasmo, o vigor, a determinação. E continuo sempre indignado com as coisas erradas que existem, inclusive dentro do meu partido. Agora, ano que vem vai ter eleição, estou na liderança da bancada do PMDB e sou presidente do partido, sou dirigente nacional do partido e me preparei na vida para desempenhar todo e qualquer cargo que me fosse confiado. Mas neste momento, na realidade como deputado estadual, estou trabalhando no sentido de ser novamente candidato à Assembleia Legislativa. Se bem que tem companheiros que, mais por generosidade, eu acho, que lançam a gente, “olha você poderia ser candidato a vice, a governador, esta coisa toda”, mas isto é natural na política.Foto: Ronildo Pimentel