(*) Waldyr Pugliesi Em artigo publicado por este jornal na última semana levantei uma questão muito pertinente para a agricultura do Estado do Paraná e do Brasil. Perguntei se o etanol era ou não a solução da lavoura. Hoje volto a abordar este tema para afirmar que a solução da lavoura é a agricultura familiar. Este modelo de produção, responsável direto pela manutenção do homem do campo no campo, é o mais correto para a exploração do solo sem agredir o solo. A agricultura familiar é a que mais fornece alimento para a mesa dos brasileiros, o que acaba contribuindo no combate a inflação, uma vez que os alimentos são produzidos próximos aos locais de consumo. Por isso, há que se ressaltar a necessidade de ampliar as áreas de atuação da agricultura familiar em nosso Estado, com isso aumentando a oferta de alimentos. Atualmente, mais de 70% das áreas produtivas do Paraná pertencem aos grandes produtores, ou seja, do agronegócio e da produção em escala. O resultado disso é tão somente o fornecimento de ração para alimentar o gado da Europa e dos Estados Unidos. Apesar do agronegócio visar tão somente o lucro, o Governo do Estado não deixou de apoiar o setor. Porém há que se ressaltar os investimentos destinados aos pequenos agricultores, como o Trator Solidário, Programa de Irrigação Noturna, Fundo de Aval e distribuição de calcário, entre outros programas que dão suporte a agricultura familiar. É necessário destacar o trabalho desenvolvido pelo Instituto Agronômico do Paraná, o Iapar, em apoio aos pequenos agricultores. O órgão vem atuando no aperfeiçoamento genético e no desenvolvimento de novas variedades de feijão preto, café e outros alimentos. O Paraná é o estado pioneiro na formação de cooperativas agrícolas. Agora o Governo Roberto Requião tem incentivado o sistema de cooperativas da Agricultura Familiar e Economia Solidária, como a que foi criada pela Unicafes, a União Nacional das Cooperativas da Agricultura Familiar e Economia Solidária. Este modelo é interessante e diferente das grandes cooperativas de produção porque privilegia os pequenos produtores. Vale lembrar que a agricultura familiar entrou definitivamente na pauta para conter a inflação em todo o mundo, como afirma o secretário nacional da Agricultura Familiar do Ministério do Desenvolvimento Agrícola, Adoniran Sanches Peraci. Não resta dúvida, é um caminho sem volta, pois os países que não optaram por proteger a agricultura familiar estão sofrendo mais os efeitos da inflação mundial. O Brasil pode ser citado como exemplo. Enquanto aqui o aumento nos preços dos alimentos nos últimos anos girou em torno de 22%, nos demais países, sem apoio a agricultura familiar, os índices subiram aproximadamente 84% no mesmo período. A agricultura familiar organizada tem o poder de blindar a economia dos países. As cooperativas que adotaram os moldes da Unicafes acabaram, de certa forma, fortalecendo os pequenos agricultores. A agricultura familiar agrega valor, pela diversidade e variedade de produção, e torna a terra mais produtiva.(*) Waldyr Pugliesi é deputado estadual, líder do PMDB na Assembléia Legislativa e presidente do Diretório Estadual do PMDB.