(*) Waldyr Pugliesi O Paraná é o segundo maior produtor de açúcar e álcool do Brasil e deve começar ainda neste ano sua caminhada para se consolidar, até 2010, como um grande exportador de etanol da América do Sul. Mas, será que o etanol é a solução para a lavoura do nosso Estado? Não corremos o risco de voltar a monocultura da cana-de-açúcar igual ao período da colonização? Com a expansão das áreas de plantio, o agronegócio paranaense terá um novo auge? Estas são questões que merecem uma análise mais aprofundada. Se por um lado o plantio de cana-de-açúcar parece ideal para ampliar o rendimento dos grandes agricultores, por outro revela um problema ao homem do campo. Com mais áreas produzindo a matéria prima do etanol, menos espaço vai sobrar para os agricultores familiares. Será que vai sobrar apenas o trabalho de subsistência nas grandes plantações para os pequenos agricultores? O Governo do Estado tem buscado, nos últimos anos, conciliar os interesses dos grandes produtores de etanol com a agricultura familiar. Programas como o Leite das Crianças que melhora a renda dos produtores nas comunidades, o Irrigação Noturna para produtores de legumes e hortaliças, o Trator Solidário para aquisição de máquinas e implementos agrícolas e o Fundo de Aval para viabilizar financiamentos do Governo Federal auxiliam na manutenção dos pequenos produtores no Paraná. Por outro lado, o Governo Roberto Requião não deixa de apoiar os produtores de etanol. O superintendente da Alcopar, a Associação de Produtores de Álcool e Açúcar do Paraná, José Adriano da Silva Dias confirma esta política de incentivo. Segundo ele, o Paraná vem trabalhando forte para incrementar as exportações de álcool, incluindo a construção, em Paranaguá, de um terminal público de embarque do produto. Os reflexos do apoio do Governo do Estado ao setor sucroalcooleiro podem ser medidos no volume de exportação do ano passado – 600 milhões de litros contra 400 milhões de litros em 2006. Com base neste incentivo, a Alcopar estima que em 2008 a área de produção da cana-de-açúcar no Paraná será incrementada em 10%. Os números da Alcopar dão uma idéia do da produção de etanol. Atualmente as lavouras de cana-de-açúcar representam 3,5% da área agricultável do Paraná. A atividade está presente em 130 dos 399 municípios do nosso Estado e geram aproximadamente 80 mil empregos diretos. O porto público sob supervisão da Administração dos Portos de Paranaguá e Antonina, a APPA, vai baratear os custos das exportações, uma vez que até hoje só existia um porto privado para este fim. O terminal é composto por sete tanques com capacidade total para armazenar 37,5 mil metros cúbicos de álcool. O etanol será levado até os navios por meio de quatro quilômetros de dutos, sendo que o complexo possibilita o carregamento de 15 navios por mês. Vale lembrar que na safra 2007/2008, o Paraná produziu 2,8 milhões de toneladas de açúcar e 1,6 bilhões de litros de álcool. O Estado concentra aproximadamente 30 usinas e destilarias em operação. Por enquanto Maringá é o principal pólo sucroalcooleiro, mas a tendência é que a atividade agrícola seja ampliada em todas as regiões do nosso Estado.(*) Waldyr Pugliesi é deputado estadual, líder do PMDB na Assembléia Legislativa e presidente do Diretório Estadual do PMDB.