(*) Waldyr PugliesiO presidente Lula se despediu da Assembléia Geral da ONU esta semana em Nova Iorque (Estados Unidos) com uma frase emblemática. Lula decretou de forma para que todos pudessem ouvir o fim do neoliberalismo econômico. Na visão do presidente, o “populismo nacionalista” dos países ricos para uma espécie de “jogatina” que acelerou o processo de deterioração deste ciclo nefasto para todos os povos. Diante deste quadro vem a cabeça algumas questões: será mesmo o fim do neoliberalismo econômico? Quais as lições que este sistema deixou para os brasileiros e o mundo?Nas explanações que fez na ONU o presidente Lula deixou bem claro que mesmo com a turbulência que vem abalando o sistema financeiro mundial, a economia brasileira permaneceu estável. Ele também fez questão de destacar que estes fatos todos demonstram que é necessário também no sistema financeiro ter seriedade e ética, o mesmo dever de todos os cidadãos comuns.Não custa lembrar que o neoliberalismo econômico é responsável direto por muitas crueldades que ocorreram e ainda ocorrem no mundo. Nas últimas décadas à influência dos Estados Unidos e países da Europa levou milhões de pessoas em todos os continentes a completa exclusão social. Os africanos morrendo por falta de comida, as invasões do Afeganistão e do Iraque e o embargo econômico a Cuba são só alguns exemplo.No Paraná e no Brasil o neoliberalismo econômico se manifestou principalmente numa política entreguista. Quantos bens que foram construídos com o dinheiro do povo hoje estão nas mãos dos grandes grupos econômicos? A Vale do Rio Doce, a nossa Companhia Siderúrgica, foi privatizada e rende milhões para seus acionistas, que estão investindo o faturamento bem longe da nossa Nação.No Paraná os exemplos ainda estão muito presentes na memória da nossa população. O Banestado, o Banco do Estado do Paraná, foi literalmente doado para a iniciativa privada. Primeiro quebraram o banco, depois adquiriram um financiamento para sanar o banco, possibilitando assim a privatização. Pior, as prestações ainda vão sangrar por muitos anos milhões do dinheiro público do Paraná.Tentaram vender a Copel, a Companhia Paranaense de Energia Elétrica, mas foram impedidos graças à mobilização da população, que não se calou diante daquele absurdo. E nesta batida venderam também a Ferroeste, a ferrovia construída com dinheiro do Governo do Estado, que precisou da intervenção da Justiça para voltar à gestão pública. A Sanepar foi parar nas mãos de um grupo francês e o Porto de Paranaguá estava quebrado, pronto para a privatização.Vale lembrar que a Copel pública se tornou altamente rentável, recursos que fatalmente iriam para a conta bancária dos grandes grupos econômicos, ao invés de baratear a taxa de energia elétrica no Estado. Sanepar, Ferroeste e Porto de Paranaguá, que retornaram às mãos dos paranaenses graças à intervenção muito forte do governador Roberto Requião, são outros exemplos de como a gestão pública pode melhorar a eficiência de empresas que são estratégicas para o bem estar da população.Portanto, está correto o presidente quando diz que o neoliberalismo econômico está acabado. O Brasil hoje tem um papel de protagonista no contexto internacional, declarou Lula. E em função disto tem todo o direito de cobrar dos organismos internacionais propostas para contornar a atual crise financeira.(*) Waldyr Pugliesi é deputado estadual, líder do PMDB na Assembléia Legislativa e presidente do Diretório Estadual do PMDB.