“Não há lugar mais hostil que o estádio de futebol”, diz torcedor sobre homofobia nos espaços esportivos Audiência Pública debateu projeto de lei que combate a violência contra as mulheres e a comunidade LGBTQIA+ em estabelecimentos desportivos no Paraná.

15/03/2022 17h20 | por Ana Luzia Mikos
Audiência Pública debateu projeto de lei que combate à violência contra as mulheres e a comunidade LGBTI+ em estabelecimentos desportivos no Paraná.

Audiência Pública debateu projeto de lei que combate à violência contra as mulheres e a comunidade LGBTI+ em estabelecimentos desportivos no Paraná.Créditos: Thais Faccio/Alep

Audiência Pública debateu projeto de lei que combate à violência contra as mulheres e a comunidade LGBTI+ em estabelecimentos desportivos no Paraná.

Audiência Pública debateu projeto de lei que combate à violência contra as mulheres e a comunidade LGBTI+ em estabelecimentos desportivos no Paraná.Créditos: Mariana Andreatta

Audiência Pública debateu projeto de lei que combate à violência contra as mulheres e a comunidade LGBTI+ em estabelecimentos desportivos no Paraná.

Lazer e diversão para uns e insegurança, importunação sexual e preconceito para outros. Neste duelo, a desigualdade ganha de goelada. Para tornar os eventos esportivos mais seguros, saudáveis e inclusivos para as mulheres e para a população LGBTQIA+, a Assembleia Legislativa do Paraná promoveu uma Audiência Pública nesta terça-feira (16) para debater formas de atingir esse objetivo.

O tema central foi o projeto de lei 367/2021, de autoria do deputado Tadeu Veneri (PT), que cria a Campanha Permanente de Incentivo à Participação de mulheres e população LGBTI em Eventos Esportivos e Combate à Violência contra as mulheres e com base no gênero nos Estabelecimentos Desportivos em especial Estádios de Futebol do Paraná.

“A audiência serve para ampliar o debate de um projeto já construído com uma base em diálogos feitos pela Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa do Paraná com grupos e coletivos sociais. Há uma violência quase institucionalizada, por isso precisamos de leis para mudar essa cultura e criar penalização a quem comete esses atos em estádios, ginásios e eventos esportivos”, explicou o parlamentar.

Os participantes levantaram uma série de questões que impactam a participação feminina e da população LGBTQIA+ em um cenário extremamente masculino. Os apontamentos serão encaminhados aos demais deputados estaduais, ao Governo, além de clubes, federações e confederações esportivas.

Hostilidade

Um simples jogo de futebol pode ser um desafio. O farmacêutico e membro dos coletivos Atleticanhotxs e Furacão LGBTQ, Murilo Cereda da Silva define o estádio de futebol como o ambiente mais hostil que existe para a população LGBTQIA+. “Não há outro lugar onde você é tão ofendido do início ao fim. Minha paixão era uma ofensa a mim mesmo. Para torcer, cantava coisas que me sentia ofendido”, contou. “É uma enorme alegria discutir esse projeto. Quero estar junto com a torcida sem ter medo de ser violentado”, acrescentou.

A professora universitária e doutoranda em História Social pela USP, Fernanda Haad, cita que o esporte e, especificamente, o futebol, se constituíram como espaço de hegemonia dos homens e com um ideal de masculinidade. “A consequência é a marginalização de outras formas de masculinidade, das mulheres e uma homofobia generalizada”, afirmou.

Este espaço, segundo ela, “cria barreiras de acesso às mulheres, que não são vistas como sujeitos de direito, mas como corpos disponíveis que não estariam ali para torcer”.

Estrutura

Os participantes citaram questões estruturais que são um problema para a participação de alguns grupos aos eventos esportivos. “O futebol reflete a sociedade ainda machista e homofóbica. No último fim de semana, por exemplo, no jogo entre São Joeesense e Operário, não havia polícia feminina para fazer a revista das mulheres, que é uma garantia”, contou a advogada e torcedora do Fantasma, Kamila Padilha.

Outras reclamações são em relação a haver menos banheiros femininos e ausência de serviços básicos para a torcedora mãe, tais como fraldários, e inexistência de atendimento especializado em caso de violência de gênero, por exemplo.

A militante do Coletivo Feminista Coritibano (CFC) e da Resistência Alviverde (RAV), Carolina Nadolny, defendeu a importância de permanentes campanhas de incentivo à participação feminina e da população LGBTQIA+.

“Um levantamento de 2020, mostrou que seis mil, dos 24 mil sócios do Coxa, eram mulheres. Mas o conselho do clube só contava com três mulheres. Maior representatividade feminina é parte do combate à violência”, disse.

A coordenadora do Núcleo de Promoção e Defesa dos Direitos da Mulher (Nudem) da Defensora Pública, Mariana Martins Nunes, reforçou a necessidade da conscientização do público sobre a violência, que deve ser combatida em todas as facetas e espaços.

“O projeto usa o esporte como importante canalizador social. Busca dignificar a existência de milhares de pessoas do nosso estado”, avaliou o presidente da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos da OAB/PR Anderson Ventura.

Também participaram a torcedora do Paraná e militante do Coletivo Gralhas Paraná Gabrielle Bizinelli; Ana Vivan, do Pelotão Feminino Os Fanáticos do Atlético; e Paola Miriã da torcida da Falange Azul.

O projeto de lei em debate na Assembleia Legislativa do Paraná aguarda votação de parecer da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).

 

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