A greve nacional dos professores das Instituições Federais de Ensino Superior (IFES), que completou um mês no último domingo (17) sem perspectiva de término, foi tema da manifestação que o professor Arandi Ginane Bezerra Junior, doutor em física e membro do comando de greve da UTFPR (Universidade Tecnológica Federal do Paraná), fez na Assembleia Legislativa, na tarde desta segunda-feira (18). Segundo ele, os docentes querem a revisão do plano de carreira, aumento de salário, melhores condições de trabalho e mudanças na política salarial.
O pronunciamento, que aconteceu durante a sessão plenária, atendeu a requerimento do deputado Stephanes Junior (PMDB), 3º secretário do Legislativo. De acordo com o parlamentar, o movimento precisa do apoio de toda a sociedade para assegurar melhores condições de trabalho à categoria que tem papel fundamental na formação dos jovens.
Tendo como referência a pauta da Campanha 2012 dos professores federais, aprovada no 31º Congresso do Sindicato Nacional e já protocolada junto aos órgãos do governo desde fevereiro, os professores reivindicam, principalmente, a reestruturação da carreira, prevista no Acordo firmado em 2011 e descumprido pelo governo federal.
A categoria pleiteia carreira única com incorporação das gratificações em 13 níveis remuneratórios, variação de 5% entre níveis a partir do piso para regime de 20 horas correspondente ao salário mínimo do Dieese (atualmente calculado em R$ 2.329,35), e percentuais de acréscimo relativos à titulação e ao regime de trabalho. Bezerra Junior informou que um professor, no início de carreira, recebe cerca de R$ 6 mil e, em final de carreira e com pós-doutorado, ganha pouco mais de R$ 12 mil. Em seu pronunciamento o professor, que estava acompanhado por diversos docentes, fez um breve relato do trabalho desse profissional, frisando a importância de estabelecer mecanismos que venham a valorizá-lo.
Acordo – Os professores em greve também querem a melhoria das condições de trabalho nas universidades e institutos federais, e atendimento das reivindicações específicas de cada instituição, a partir das pautas elaboradas localmente. Lembram que estas são reivindicações históricas e que a reestruturação da carreira vem sendo discutida desde o segundo semestre de 2010, sem registrar avanços efetivos. O Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior (Andes) diz que o governo não cumpriu com o acordo do ano passado para reestruturar a carreira.
Na semana passada, o movimento ganhou força com a greve dos estudantes, dos técnicos-administrativos das universidades – organizados na Fasubra (Federação de Sindicatos de Trabalhadores das Universidades Brasileiras) – e dos servidores da Educação Básica, Profissional e Tecnológica - base do Sinasefe (Sindicato Nacional dos Servidores Federais da Educação Básica, Profissional e Tecnológica). Representantes do governo federal devem se reunir nesta terça-feira (19) com lideranças das categorias em greve, que já paralisa mais de 50 instituições em todo país, em busca de uma solução.