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Relatório da Sefa indica recorde de investimentos no Paraná no 2º quadrimestre

Os dados de gestão fiscal da Secretaria de Estado da Fazenda foram apresentados em audiência pública na Assembleia Legislativa do Paraná.

O secretário da Fazenda (SEFA), Norberto Ortigara, compartilhou os dados financeiros do Poder Executivo em audiência pública nesta segunda-feira (22).
O secretário da Fazenda (SEFA), Norberto Ortigara, compartilhou os dados financeiros do Poder Executivo em audiência pública nesta segunda-feira (22). Créditos: Orlando Kissner/Alep

O Paraná alcançou um feito histórico ao registrar, no segundo quadrimestre, o maior volume de investimentos liquidados desde o início da série histórica, em 2001. O dado foi apresentado nesta segunda-feira (22) na Assembleia Legislativa do Paraná, durante audiência pública da Secretaria de Estado da Fazenda (Sefa) para a prestação de contas do período.

Entre janeiro e agosto, os investimentos liquidados somaram R$ 2,3 bilhões, superando os R$ 1,5 bilhão registrados no mesmo quadrimestre de 2024, um aumento de 49% que estabeleceu um novo recorde para o Estado. No total, foram R$ 4,4 bilhões empenhados em áreas como transporte rodoviário, infraestrutura urbana, saúde e educação.

Cerca de um quarto desse montante (24%) foi destinado a obras e melhorias em rodovias e no transporte rodoviário. Somente nesse setor, mais de R$ 1,06 bilhão foram aplicados, contemplando desde obras como a construção da Ponte de Guaratuba e a ampliação do Contorno Sul de Curitiba, até intervenções estruturais no interior, como a duplicação e restauração da PR-466, entre Guarapuava e o distrito de Palmeirinha, e a implantação da Perimetral Leste de Foz do Iguaçu.

Na infraestrutura urbana, os investimentos ultrapassaram R$ 601 milhões, com destaque para o programa “Asfalto Novo, Vida Nova”, que conta com repasses da Assembleia Legislativa. Parte da devolução de recursos economizados pelo Poder Legislativo contribui para levar asfalto, calçadas acessíveis, galerias pluviais e iluminação em LED a 377 cidades paranaenses.

“Além do cumprimento formal das obrigações legais, estamos imitando a Assembleia na transparência e no selo de certificação pública, buscando demonstrar a realidade de nosso Estado, que continua forte, sólido e com as contas em dia”, afirmou o secretário da Fazenda, Norberto Ortigara.

Ele citou uma leve desaceleração na arrecadação do Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação (ICMS), possivelmente influenciada pela taxa Selic elevada e seus efeitos na política monetária, com impacto sobre o crescimento econômico.

“Apesar disso, os investimentos, que são prioridade, continuam em andamento, limitados apenas pela capacidade de planejamento e execução de projetos. Contudo, com aproximadamente três meses e dez dias restantes até o fim do ano, prevemos um período intenso de investimentos, com diversas iniciativas em fase de planejamento e execução, visando beneficiar a população”, acrescentou.

Segundo Ortigara, a redução da carga tributária sobre o Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA), proposta pelo governo e aprovada com celeridade pelo Parlamento, foi possível graças à situação financeira favorável do Estado.

Relatório

De acordo com o relatório, a receita total no segundo quadrimestre cresceu 1,6% em relação ao mesmo período de 2024, impulsionada principalmente pelas receitas patrimoniais e pelas transferências da União. As despesas chegaram a R$ 53,1 bilhões, com alta real moderada de 3,1%, o que demonstra a manutenção da responsabilidade nos gastos públicos.

O Estado também superou os limites constitucionais de aplicação em áreas essenciais: foram destinados 31,99% para Educação (mínimo de 25%) e 12,71% para Saúde (mínimo de 12%). Outro destaque foi o aumento nos investimentos em Ciência e Tecnologia, que chegaram a 1,12% da receita base de cálculo, mais que o dobro do registrado em 2024 — de R$ 94,7 milhões para R$ 213,7 milhões.

Em relação à conjuntura econômica, a previsão é de uma safra de 46,3 milhões de toneladas em 2025, superando a produção recorde de 2023. A economia paranaense também apresentou crescimento acima da média nacional neste ano, impulsionada pelo desempenho da agropecuária e da indústria. O relatório aponta ainda que o Paraná atingiu o maior rendimento médio da história (R$ 3.820) e mantém uma das menores taxas de desemprego do país: 3,8%, frente aos 5,8% da taxa nacional.

O diretor-geral da Sefa, Luiz Paulo Budal, destacou a manutenção do Paraná na Capag+ e que apenas sete estados possuem a classificação máxima conferida pelo Tesouro Nacional. “Além disso, somente Rondônia, Espírito Santo e Paraná também têm a capital com a mesma referência. E muito deve-se a esta Casa por aprovar projetos difíceis de ajuste fiscal”, afirmou.

Questionamentos

Após as explanações, os parlamentares apresentaram seus apontamentos sobre o relatório. O deputado Arilson Chiorato (PT) abriu os questionamentos e citou a queda real de 1,3% na arrecadação. Para o líder da oposição, o resultado pode sinalizar uma desaceleração econômica no Paraná ou ser consequência das isenções fiscais concedidas nos últimos anos.

Segundo Ortigara, “embora com o emprego em alta, provavelmente estejamos diante de um efeito duro da Selic em 15%, que é a política monetária para de fato enquadrar a inflação”.

Já Budal destacou que o Estado tem feito ajustes em despesas correntes e na terceirização, citando como exemplo programas de distribuição de material escolar e merenda.

O parlamentar também questionou também a execução dos valores empenhados, que nem sempre se transformam em investimentos efetivos. “Estamos procurando, inclusive com a contribuição desta Casa, garantir que os recursos destinados sejam efetivamente aplicados”, reforçou Ortigara.

Para o deputado Luiz Claudio Romanelli (PSD), a queda real de receita do ICMS é um indicador de desaceleração econômica. “A economia clássica não consegue explicar o fato de estarmos com empregos demais, mas com salários de menos”, comentou.

O líder do governo, deputado Hussein Bakri (PSD), destacou o cumprimento dos índices constitucionais e o repasse de recursos a todos os municípios, em áreas como asfalto, saúde e educação. Ortigara anunciou ainda a destinação de R$ 30 milhões para reequipar a Polícia Civil, sendo R$ 8 milhões destinados pela Assembleia e R$ 22 milhões do Estado.

Já o deputado Professor Lemos (PT) reforçou o pedido de adesão do Paraná ao Convênio 181 do Confaz, que retira o ICMS de queijos e produtos artesanais, fortalecendo a agricultura familiar e a competitividade regional. “Temos interesse nessa evolução e nenhuma dificuldade em incluir o convênio”, respondeu Ortigara.

Outro questionamento de Lemos foi em relação à reestruturação das carreiras dos servidores ainda não atendidas. Segundo a Sefa, o tema já está em estudo. “Além da reestruturação, o Estado também tem feito a contratação de muitos servidores: foram 3.120 em 2004 e 2.816 só neste ano”, completou Budal.

Outros dados

Os demais indicadores exigidos pela Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) ficaram abaixo dos limites estabelecidos pela legislação.

A relação entre dívida e receita consolidada líquida fechou o período em -10,83%, o que significa que o Estado possui mais recursos em caixa do que o montante de seus débitos. Para efeito de comparação, o limite da LRF é de 200%, muito acima da realidade paranaense.

Situação semelhante ocorre com o limite de operações de crédito (0,58%) e de garantias concedidas (1,53%). No primeiro caso, o teto legal é de 16%; no segundo, de 22%.

Sessão dupla

Os deputados estaduais participam de duas sessões plenárias ordinárias nesta terça-feira (23) – uma do dia e outra antecipada de quarta-feira (24). Ambas terão transmissão ao vivo pela TV Assembleia, a partir das 14h30, por meio do canal 10.2, em TV aberta, e no canal 16, da Claro/NET. O conteúdo também pode ser acessado pelo canal do Youtube do Legislativo.

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