*** Foto: A deputada Luciana Rafagnin participou da entrega simbólica de cheques no valor de mil reais aos agricultores familiares beneficiados com a construção de novas casas, durante a assembléia da Cresol Chopinzinho/Saudade/Sulina no último sábado, dia 25/03/2006. Os cheques representam a última parcela do subsídio do governo do estado na parceria do programa de habitação rural em 2005.CRESOL – 10 Anos Participação e cooperação: receita de cidadania Passaram-se 10 anos desde que surgiu a primeira cooperativa de crédito com interação solidária do Sistema Cresol. Foi em Dois Vizinhos, no Sudoeste do Paraná. A Cresol Dois Vizinhos foi constituída em 24 de junho de 1995, mas só começou a funcionar realmente em 10 de janeiro de 1996, quando abriu as portas para o atendimento externo. Hoje, o sistema é formado por 102 cooperativas singulares nos três estados do Sul, 12 bases de serviço, 2 centrais e mais de 63 mil associados. Na área de atendimento da Central Cresol Baser, no Paraná e em Santa Catarina, são 59 cooperativas singulares, 8 bases de serviço e mais de 35 mil sócios. Nos dias 30 e 31 de março, acontece no Centro de Eventos de Francisco Beltrão, um grande seminário, com a presença de mais de mil agricultoras e agricultores familiares, para comemorar os 10 anos de Cresol sob o lema: “Celebrando a agricultura familiar”. Não é à toa que esta frase resume a importância do acontecimento, uma vez que a instituição das cooperativas do Sistema Cresol, também fruto de uma história de quase 50 anos de organização da agricultura familiar no Sudoeste do Paraná, é uma forte aliada do desenvolvimento local e da estratégia de se pensar a qualidade de vida em toda a região. A Cresol foi inspirada nas mesmas necessidades coletivas que geraram a revolta dos Colonos do Sudoeste em 1957, na organização sindical e nas lutas por direitos econômicos, sociais e políticos da agricultura familiar e dos trabalhadores rurais. Ela é parte da mesma luta que vem semeando transformações na realidade de milhares de famílias de agricultores e em centenas de municípios nos três estados do Sul, incrementando suas economias, fomentando o surgimento de novas organizações e qualificando as políticas públicas para garantir melhores condições de vida nesses espaços. Não podemos pensar o Sistema Cresol isoladamente na sua função financeira ou apenas pelo viés econômico do desenvolvimento que ele gera. Assim como não podemos pensar a agricultura familiar só como uma atividade primária da economia, dada a grande diversidade de alternativas que ela elabora e a amplitude de demandas sociais para as quais a agricultura familiar organizada busca soluções. Além de ser o agente financeiro por excelência desse setor, a Cresol é parceira de projetos sociais de grande relevância para as populações do interior, do chamado Brasil Rural. O programa de Habitação Rural, por exemplo, é uma das antigas lutas das entidades que representam a agricultura familiar. Hoje, a Cresol, assim como a Cooperhaf, do movimento sindical, é parceira dos governos federal e estadual na construção de mais de cinco mil casas até agora só no Paraná. No município de Francisco Beltrão-PR, a Cresol vem investindo na construção de 70 novas casas para famílias de agricultores, que encontram nessa política pública um incentivo a mais para continuarem na roça, vivendo com dignidade. A Central Cresol Baser já tem previsão de construir outras 580 moradias em 2006 e está negociando com os organismos públicos a continuação da parceria que permita avançar nessa proposta. As cooperativas do Sistema Cresol canalizam grande parte do crédito público no custeio e investimento da atividade produtiva. As cooperativas filiadas à Central Cresol Baser emprestaram mais de R$ 16,6 milhões em crédito aos agricultores e agricultoras familiares em 2005. Esses recursos foram aplicados diretamente na economia local e regional, na compra de insumos ou na aquisição de bens e serviços. É um dinheiro que fica no município. No caso da habitação rural, os materiais empregados na construção, reforma ou ampliação de casas são todos adquiridos no comércio local. Então, falar de 10 anos de sucesso desse empreendimento popular que é a Cresol é falar no desenvolvimento local e na melhoria da qualidade de vida da população do interior. Por isso, as assembléias realizadas pela Cresol são sempre bastante participativas. Em todos os municípios que visitamos, pudemos constatar essa aprovação ao trabalho realizado pela organização. Como agricultora familiar e como sócia-fundadora da Cresol de Francisco Beltrão sou orgulhosa de fazer parte dessa história e dessas conquistas. Nosso mandato parlamentar serve também às organizações da agricultura familiar com a convicção de que estamos construindo e aprimorando cotidianamente uma sociedade melhor para todos. Esta semana, em Curitiba, o teólogo Leonardo Boff disse as seguintes palavras: “Participação e cooperação são as características mais civilizatórias de uma sociedade”. A frase confirma a grandiosidade do trabalho que está sendo feito pela Cresol e pela agricultura familiar organizada, porque participação e cooperação estão na essência do trabalho realizado pelas cooperativas do Sistema Cresol. (*) LUCIANA GUZELLA RAFAGNIN é agricultora familiar, cientista política e deputada estadual (PT-PR).