Audiência debate instituição do “Setembro da Paz” e aponta caminhos para disseminar a cultura da paz Debate contou com diversos ativistas ligados a entidades que lutam pela promoção da cultura de paz. Proposta em tramitação no Congresso é do senador Flávio Arns.

04/09/2020 13h37 | por Claudia Ribeiro
Setembro da Paz foi tema de audiência publica na Assembleia Legislativa do Paraná.

Setembro da Paz foi tema de audiência publica na Assembleia Legislativa do Paraná.Créditos: Reprodução

Setembro da Paz foi tema de audiência publica na Assembleia Legislativa do Paraná.

Reunindo pessoas de grupos e instituições engajadas no ativismo pela cultura de paz, o deputado Delegado Recalcatti (PSD) promoveu, na manhã desta sexta-feira (4), uma audiência pública virtual para debater o projeto de lei de número 480/2020, de autoria do senador Flávio Arns (PODE), que prevê a criação da Campanha “Setembro da Paz”, a ser celebrada anualmente, em todo o território nacional no mês de setembro, com o objetivo de incentivar ações voltadas à promoção da paz e ao combate à violência. A Campanha deverá integrar o Calendário Oficial de Eventos em âmbito nacional e ter como símbolo um laço na cor branca. “Conseguimos reunir pessoas voltadas para a cultura e o discurso da paz e estamos felizes em poder contribuir com o debate em um tempo em que o discurso de ódio toma conta da sociedade, especialmente no ambiente virtual“, destacou o Recalcatti, ao iniciar os trabalhos.

A audiência foi realizada a partir de uma parceria do Poder Legislativo, do autor e do Instituto Galileo Galilei, cujo fundador e presidente, Rafael Cury sugeriu, durante o debate: “Gostaríamos de uma articulação para que o projeto seja aprovado já neste mês, onde temos o 21 de setembro instituído pela ONU como Dia Internacional da Paz”.

A proposta, que atualmente está na Comissão de Educação, Cultura e Esporte do Senado, teve as discussões iniciadas em Curitiba, como lembrou o senador Flávio Arns, na abertura da audiência e, segundo ele, está em consonância com o que preconiza a Organização das Nações Unidas para a Ciência e a Cultura (UNESCO). “A paz tem a ver com todos os setores. Se ela for estabelecida, teremos uma sociedade de paz. Paz é fruto da justiça, realização e concretização da vida, direitos humanos, solidariedade, meio ambiente. Nós queremos que as pessoas tenham direito à renda, ao pleno emprego, à educação para todos. Isso é justiça e a paz é fruto de tudo isso”, ressaltou.

Faz parte da proposta aprimorar o pluralismo, pregar a tolerância e o respeito, com um mês inteiro dedicado a ações concentradas pela cultura de paz. “Cada um de nós tem que ser a semente da transformação”, frisou Arns.

Representando a Secretaria Estadual da Justiça, Família e Trabalho, Tadeu Átila Mendes, trouxe números da desigualdade social no Paraná, que possui um milhão e 200 mil famílias na linha da pobreza, sendo que 315 mil fazem parte da extrema pobreza. “De um lado, a questão dos direitos das pessoas, e do outro, a questão do trabalho. No meio disso, está a família. Precisamos olhar a realidade do piso social. Aqui no estado, temos buscado, através da inovação social, melhorar a vida destas famílias. Temos em mente que combater a desigualdade é o caminho para atingirmos os objetivos do milênio”, disse.

Redator do projeto, o jornalista Waurides Brevilheri Júnior, destacou a importância da cultura de paz. “As pessoas não percebem que a ausência de uma cultura da paz é que tem levado a nossa sociedade a presenciar fatos tão tristes no Brasil, como índices altos de violência contra a mulher, de pobreza. A luta pela paz e a proposta vão demonstrar que essa
consciência deve surgir no interior de cada um. A paz é uma atitude ativa contra a ignorância, contra a cegueira. Quando olhamos para o outro, já estamos promovendo a paz. Somos todos a paz”.

Fernando Mauro Trezza, da Associação Brasileira dos Canais Comunitários, falou sobre o papel da comunicação na cultura da paz. “Enquanto canal comunitário, nosso objetivo é disseminar a cultura da paz em todos os aspectos. Não podemos mostrar somente o lado negativo das notícias, como faz a maior parte da mídia atualmente. Essa também é uma forma de propagação da violência“.

Diretor-presidente do grupo educacional Uninter, Wilson Picler declarou que uma das formas de incentivar a paz é pelo perdão. “Devemos fazer uma reflexão com as palavras de Cristo, que por si só, é um grande disseminador da paz. Não é um discurso religioso, mas de promoção da cultura da paz, onde Cristo é um dos maiores exemplos. Um mês todo para discutir a paz pode frutificar esses exemplos”.

Como dono de universidade, ainda sugeriu que as instituições participem do movimento e coloquem seus alunos como palestrantes sobre o tema. “Que a universidade possa fazer o seu papel”.

Ativista pela paz e autor de 25 livros, César Romão, escritor e motivador da paz na ONU, contou que a primeira publicação que fez em 1981 “Reduto da Paz”, continua atual. “Nesse momento em que estamos aqui reunidos, estamos preconizando a justiça de paz, que é um sonho sim, mas que quando se realiza, se torna sabedoria. No futuro, quero que sejamos considerados visionários da paz”.

Carlos Eduardo de Melo, diretor regional da Legião da Boa Vontade (LBV), detalhou o trabalho da entidade, que há 70 anos promove a cultura da paz levando ajuda aos vulneráveis. “Nesse momento de pandemia, temos socorrido as famílias com alimento , equipamentos de proteção e reflexão na superação de desafios que essa população enfrenta diariamente.
Só haverá paz quando a fraternidade habitar os corações”.

“A paz é a expressão mais exata da harmonia entre os seres humanos. A sociedade justa se inicia na paz dos lares. A aliança cultural das nações deve ser preservada. O Brasil merece ter o reconhecimento mundial por ter adotado o mês de setembro para propagar a cultura da paz”, observou Cloris Adriana Rojo, antropóloga e escritora. Para ela, a criação desse período dedicado à paz não poderia ter sido melhor, afinal, “o mês da primavera vai trazer alegria e cultura para todo o mundo”.

Prater Hélio de Moraes, grande mestre da Ordem Rosa Cruz, disse acreditar que o projeto vai receber a atenção merecida pelos governos, porque não há mais espaço para as intolerâncias políticas e religiosas causadoras dos grandes conflitos. “É preciso ter uma mente saudável para se promover a paz. A Ordem Rosa Cruz apoia essa iniciativa e se soma a ela”. “E que ela chegue como uma força restauradora que transforme as nações”, acrescentou Clovis Nunes, coordenador nacional da ONG Movpaz (Movimento Internacional Pela Paz).
Também participou do debate a idealizadora no Brasil da caminhada “Mulheres Pela Paz”, Consuelo Cornelsen.

Audiência teve presença de nomes da arte nacional - Apesar de considerar a paz como abstrata, o ator, escritor, produtor teatral e cineasta, Carlos Vereza, defendeu que Curitiba funcione como uma espécie de berço da campanha, já que a cidade foi pioneira em outras causas que deram certo. “Curitiba sempre esteve na vanguarda do urbanismo. Então, por que não transformamos Curitiba num tambor de atividades práticas que simbolizem ações concretas de atos pela paz?”

Lucia Veríssimo, atriz e ativista da paz, lembrou que o Brasil tem 19 das 50 cidades cidades mais violentas do mundo, o que representa 38% do total. Ela fez um discurso de conciliação, relatando que a sociedade aprendeu a acreditar que as batalhas ganhas representam poder, mas crê que uma sociedade de paz se faz com educação e cultura. “A paz é um ideal, mas também, a perfeição. O que vemos por aí é tudo que não queremos”.
A atriz enalteceu o projeto de lei e acrescentou que o assunto deve ser permanente, e um projeto de fomento. “A exemplo do Outubro Rosa, que se tornou um mês importantíssimo de divulgação e combate ao câncer de mama, que tenhamos um mês inteiro para ditar as condições de paz e que isso seja propagado para todo o ano”, sugeriu. 

Martin Luther King, Gandhi, Chico Xavier, Malala e a cultura de paz - Em uma de suas falas, um dos idealizadores do projeto de lei, Rafael Cury, lembrou de personalidades e de seus feitos e discursos históricos, como o do sonho de paz, proferido por Martin Luther King pela igualdade racial. Citou a resistência e coragem do indiano Mahatma Gandhi e a luta da paquistanesa Malala Yousafzai para estudar. E finalizou com uma citação do líder espiritual brasileiro, Chico Xavier, alegando que é fundamental transformar o Brasil num polo permanente de debates pela cultura da paz. “Ninguém pode voltar atrás e fazer um novo começo, mas começar a paz para fazer um novo final”.

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