Depois de surpreender até mesmo a bancada de apoio, o governador Roberto Requião pediu à Assembléia Legislativa a retirada da proposta de emenda constitucional, de sua própria autoria, que impedia a contratação de parentes em cargos comissionados no serviço público. Com isso, o governador permite que o nepotismo continue sendo praticado no Governo do Estado, Assembléia Legislativa, Tribunal de Contas, Ministério Público, prefeituras e câmaras municipais do Paraná.O deputado estadual Waldir Leite (PPS), cuja bancada votou unanimemente pelo fim do nepotismo e chegou a ponto de estampar essa posição em diversos outdoors espalhados pelas cidades paranaenses, considerou bastante suspeita esta atitude do Governador, principalmente depois que um parecer jurídico assegurou à Assembléia Legislativa a votação, ainda este ano, da proposta do governo proibindo o nepotismo ou ainda outra proposta que havia sido rejeitada de autoria do deputado Tadeu Veneri. Da mesma forma que o deputado Leite, os presidentes da Ordem dos Advogados do Brasil no Paraná (OAB-PR) e da Associação Comercial do Paraná (ACP) também criticaram a atitude do Governo do Estado, mesmo com o parecer favorável do jurista Romeu Bacellar Filho à votação da emenda. Waldir Leite acredita que tudo não passou de uma armação do Governo do Estado, que não queria a aprovação da emenda do deputado Veneri. A idéia, segundo o parlamentar, sempre foi a de impedir o fim do nepotismo no Paraná para continuar permitindo o emprego de parentes em cargos públicos. “O governador acreditava que o parecer do advogado Romeu Bacellar Filho fosse pela inconstitucionalidade da votação e, como isto não aconteceu, resolveu por fim a sua manobra política”, sustenta o deputado Leite, que viu a Assembléia Legislativa suspender de vez a discussão sobre o nepotismo no Paraná este ano.