Sob o título “Um guerreiro da esquerda”, a publicação abre duas páginas onde o deputado fala do início da sua militância e de seu passado na política paranaense – Pugliesi está em seu nono mandato eleito pelo povo, o terceiro na Assembléia do Estado. Leia a íntegra da entrevista veiculada na sessão “Perfil” da revista.Um guerreiro da esquerdaUm dos homens de confiança do governador Roberto Requião começou sua militância política em defesa da autonomia brasileira do petróleo e se tornou um dos principais personagens na retomada da democracia no país Quem vê o deputado Waldyr Pugliesi nas articulações da bancada do PMDB ou na Tribuna da Assembléia Legislativa, não imagina seu passado de lutas em defesa dos ideais da esquerda e dos princípios de liberdade no Paraná. Parlamentar estadual no terceiro mandato, Pugliesi se tornou nos mais de 43 anos de vida pública uma das principais lideranças políticas da região Norte e do Paraná. Ele foi eleito prefeito por três vezes e duas como vereador do município de Arapongas, e em 1988 entrou para a história brasileira como um dos parlamentares mais atuantes na formulação da Constituição Federal. Natural de Monte Alto (SP), Pugliesi é formado em Odontologia pela Universidade de Uberaba (MG) e chegou ao Norte do Paraná no final dos anos de 1950. Sua militância política teve início antes disso, com a participação na luta em defesa da autonomia brasileira pelo Petróleo. “Quando era estudante, saíamos as ruas pichando os muros defendendo que o petróleo era nosso”, recorda. A campanha foi uma das mais polêmicas do Brasil republicano (1947-1953) e culminou com a constituição, em outubro de 1953, da Petrobrás (Petróleo Brasileiro SA). Pugliesi é um dos fundadores, em 24 de março de 1966, do MDB do Paraná e foi o primeiro presidente estadual do PMDB, em 1979. No início de 2003, o deputado recebeu convite do governador Roberto Requião (PMDB) para conduzir o maior programa de recuperação de estradas da história do Paraná, totalizando 5,1 mil quilômetros de extensão. Em 2007, retornou pela terceira vez à presidência regional do partido, com a missão de organizar a agremiação para as eleições municipais de outubro de 2008.Como começou sua atuação junto aos movimentos de esquerda?Minha militância política começou muito cedo, na adolescência. Quando era estudante, saíamos as ruas pichando os muros defendendo que o petróleo era nosso. E o petróleo tinha que ser nosso, prova disso é que, com a formação da Petrobrás, o Brasil caminhou a passos largos para chegar à auto-suficiência de petróleo, que é o que está acontecendo hoje em dia. Depois, na década de (1960) veio a ditadura militar e todas as forças de esquerda do país se uniram para retomarmos o processo democrático no Brasil. Perdemos muitos companheiros nas frentes de batalhas. A nossa resistência não foi em vão e em 1985 conseguimos vencer os militares e finalmente voltar a viver num país com a predominância da livre expressão.Como foi a convivência com deputado Ulysses Guimarães, na formulação da Constituição de 1988?O Ulysses Guimarães foi e sempre será o grande líder do MDB e do PMDB. Sua atuação foi fundamental para construirmos uma Constituição soberana, que garante o direito individual de cada cidadão brasileiro. A experiência que adquiri neste período se tornou o norte da minha atuação política.Na sua opinião, qual a última grande batalha das forças de esquerda no Paraná?A luta pela esquerda democrática não vai acabar nunca, sempre vai existir esta elite branca que usa da força para subjugar os mais fracos. Agora, das questões mais recentes posso destacar a nossa cruzada para impedir a privatização da Copel, a nossa companhia de energia elétrica. Nesta época eu era o líder das oposições e travamos uma batalha entrincheirados na Assembléia Legislativa para convencer os deputados a aprovar o projeto de iniciativa popular que barrou as intenções do ex-governador Jaime Lerner (DEM).O senhor é o líder do PMDB, da maior bancada na Assembléia. Como é a articulação nas votações dos projetos de interesse do governo Requião?O PMDB é um partido plural e isso acaba dificultando um pouco esta articulação, uma vez que existem deputados de várias ideologias. Temos procurado o diálogo constante com a bancada e conseguindo chegar ao consenso para garantir a aprovação das matérias que são interesse do nosso governo. Logicamente que a política é um jogo de força e o debate com a oposição se faz necessário. Com a ajuda dos deputados dos partidos aliados, temos garantido a aprovação dos projetos enviados pelo nosso governador.Como é conciliar os trabalhos de deputado e de presidente regional do partido?Quando o governador Requião me convidou para concluir o mandato do Renato Adur na presidência do PMDB, sabia que não seria fácil. Mas é um trabalho gratificante, porque você acaba tendo oportunidade de um contato mais próximo aos companheiros do partido. Numa primeira etapa promovemos os painéis de debates chamados Qualicidade, com os nossos pré-candidatos à prefeitura de Curitiba. Esta experiência foi muito interessante e vamos estar levando a proposta para os diretórios do interior, nos 25 encontros regionais que faremos até o dia 17 de maio. Nossa intenção é ter candidatos bons, que saibam os problemas de suas cidades e como podem ser resolvidos. É preciso que o PMDB tenha uma mobilização muito forte para vencer as eleições e evitar o retrocesso no Estado.FRASES:O Ulysses Guimarães foi e sempre será o grande líder do MDB e do PMDB. Sua atuação foi fundamental para construirmos uma Constituição soberana, que garante o direito individual de cada cidadão brasileiroNossa intenção é ter candidatos bons, que saibam os problemas de suas cidades e como podem ser resolvidos. É preciso que o PMDB tenha uma mobilização muito forte para vencer as eleições e evitar o retrocesso no EstadoFoto: Reprodução